Transformando espaços sem dor de cabeça
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 04/05/2023
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Todo condomínio tem aquele cantinho inutilizado ou aquele depósito ou uma sala que, com o passar dos anos, vai ficando sem muita função. Muitas vezes, a morosidade dos processos que envolvem decisões no condomínio acabam deixando esses espaços abandonados mais tempo do que deveriam. A verdade é que, pequenas adaptações e mudanças nas áreas comuns nem sempre devem ser uma grande questão. E, em alguns casos, nem mesmo precisam passar por assembleia extraordinária, podendo ser resolvidos em votações simplificadas.
Síndico do Condomínio Versatti Residence e Service, de 144 unidades, localizado em Recife, no bairro do Paissandu, Maurício Martins exerce a função desde abril de 2022. Assim que assumiu o posto, ele já estava de olho em algumas áreas do condomínio que estavam inutilizadas. Em apenas um ano, Maurício conseguiu criar novas funções para quatro espaços.
A primeira área era um pequeno gramado verde com algumas árvores que foram erguidas durante a construção do prédio, que não permitia nenhum tipo de nova construção por cima e que ficava isolada. A segunda era um espaço com duas salas: uma para o síndico e uma para a administradora que, no fim das contas, estavam sem utilização. A terceira área era uma sala fechada localizada no piso da área de lazer que tinha como função inicial ser utilizada por funcionários terceirizados (camareiras, arrumadeiras etc) para prestar serviços em estilo flat, algo que, com o tempo, acabou não emplacando no condomínio. “Quando assumi, esse espaço servia como depósito de materiais”, explica. E o último espaço era um cantinho na garagem, uma espécie de quina que não tinha utilização nenhuma.
Visando transformar esses locais para a utilização coletiva, o síndico converteu a primeira área em um espaço pet, já que o ambiente não podia receber nenhuma construção. Foi instalada uma nova iluminação, bancos, porta-saquinhos e bebedouros para que os condôminos pudessem passear e brincar com seus animais, sem precisar sair do prédio. Já a segunda área, a sala do síndico, que vivia fechada, já que as deliberações sempre eram realizadas na sala da administração, foi transformada em um mercadinho autônomo terceirizado, que funciona 24 horas, e que tem bem mais utilidade para os moradores
Já para a terceira área, Maurício procurou uma famosa marca de sabão em pó que decidiu “adotar” o espaço, transformando-o em uma lavanderia coletiva terceirizada, em sistema pay-per-use, que funciona 24 horas, sem custo algum para os moradores. E por fim, aquele cantinho sem utilização na garagem ganhou portas de correr e transformou-se em depósito. Todas as mudanças foram implantadas em apenas um ano e o melhor… Sem custo e sem qualquer necessidade de votação ou adesão dos moradores em assembleia.
“Essas mudanças foram executadas em áreas já existentes, com investimento mínimo e quase nenhuma alteração estrutural, por isso não foi necessária pauta em assembleia, simplesmente adequamos a utilização dos espaços às necessidades atuais do nosso dia a dia. No caso do mercadinho e da lavanderia, toda a estrutura e administração são realizadas pelos parceiros e ainda ficamos com um pequeno percentual das movimentações para cobrir os custos de água e energia”, afirma ele.
O trabalho do síndico mostra que pequenas adaptações e obras simples, especialmente as que podem ser revertidas, estão aptas a serem decididas em votação por maioria e não necessariamente por unanimidade.
“A principal vantagem é uma maior comodidade aos moradores, mas não podemos deixar de citar a agregação de valor ao empreendimento. Pelo perfil do nosso condomínio, com a maioria dos proprietários como investidores, essas implantações não só trazem mais comodidade a quem mora aqui, como também servem de diferencial para quem tem imóvel para alugar”, explica o síndico, que contou com o apoio da Apsa, administradora do prédio, para executar as mudanças.
Maurício explica ainda que o condomínio trabalha com um orçamento bem enxuto, sem grande sobra de caixa para executar grandes investimentos. Quando eles são necessários, há a necessidade de taxa extra, o que não ocorreu desta vez.
“Por isso, procuramos executar mudanças que fossem funcionais, que não necessitassem de grandes investimentos e que fossem baseadas no aproveitamento dos espaços que já possuíamos. No caso da lavanderia, por exemplo, todo o custo de implantação foi absorvido pela marca”, diz.
O advogado Leonardo Andes, especialista na área imobiliária, afirma que é possível achar um meio termo, como no caso do Condomínio Versatti Residence e Service, para que mudanças simples como estas sejam implantadas sem a necessidade de reuniões, votação, ou grandes burocracias.
“Ficamos entre a formalidade excessiva da lei e a necessidade de ter um maior dinamismo para que casos de áreas inutilizadas como esses sejam mais bem aproveitados. É possível, por exemplo, fazer uma votação com os presentes na assembleia, de uma forma mais simples, desde que as mudanças não dependam de custos exorbitantes e cota extra, ou uma grande alteração na estrutura. Isso sim, precisaria de uma assembleia e de decisões mais elaboradas. Assim, simplificando, é possível agradar um número maior de moradores, dando uma função para aquelas áreas”, diz.
Antes de fazer uma mudança ou convocar uma assembleia, o síndico também pode fazer uma pesquisa para entender a vontade e as necessidades dos moradores sobre um espaço específico.
“Tivemos um feedback bem positivo com relação às implantações, tanto por parte dos moradores, quanto dos proprietários investidores. O espaço pet, a lavanderia e o mercadinho autônomo são bastante utilizados e estão atendendo bem aos seus objetivos”, conclui Maurício Martins.
Por: Mario Camelo