6 tendências do mercado imobiliário para 2022
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 22/02/2022
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Eleições, previsão de alta nos juros, novas cepas de Coronavírus que adiam o fim da pandemia. Como as perspectivas para 2022 impactam o mercado imobiliário?
2021 pode não ter sido o melhor dos anos para muitos brasileiros, mas alguns setores não têm do que se queixar. O mercado imobiliário é um deles. O segmento foi um dos que se recuperou mais rapidamente dos reflexos de dois anos de pandemia.
Alguns dados comprovam o bom momento. Em 2021, o Brasil bateu o recorde de concessões de novos empréstimos para a compra da casa própria por pessoas físicas. O financiamento imobiliário com recursos da poupança também cresceu. Foi 23,7% maior que o registrado no ano anterior. Somente no Rio de Janeiro, as vendas de imóveis aumentaram 12% em relação a 2020, alcançando a marca de R$ 99 bilhões em transações, segundo a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio Janeiro (Ademi-RJ). Além disso, o setor da construção também registrou o maior crescimento nos últimos 10 anos, de acordo com estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O cenário favorável se deve, principalmente, a dois fatores. O primeiro deles é o distanciamento social em decorrência da pandemia do Novo Coronavírus. Obrigadas a passar compulsoriamente mais tempo em casa, as pessoas passaram a procurar imóveis que atendessem suas necessidades, movimentando o mercado.
O segundo se deve à Selic em baixa. De setembro de 2020 a março de 2021, a taxa — que representa a taxa básica de juros no Brasil — atingiu sua mínima histórica beirando os 2% e barateando o crédito imobiliário. Ficou mais fácil construir e comprar imóveis.
Mas, já no fim de 2021, as expectativas com a inflação e o cenário econômico fizeram com que os ventos mudassem, e a Taxa Selic encerrou o ano em 9,25%. Para 2022, a previsão dos especialistas é que ela gire em torno de 11,75%. Além da taxa básica de juros, outros eventos prometem movimentar o ano do mercado imobiliário. Copa e eleições são alguns deles. Sem contar a previsão de inflação alta.
Para os especialistas, o setor imobiliário passará com equilíbrio por 2022, mas o ano exigirá cautela. “O mercado imobiliário está em crescimento constante e se mostrou resiliente durante os últimos dois anos de pandemia. Mesmo com os desafios gerados pela Covid, o setor teve bons resultados, sobretudo na venda de casas e apartamentos. O setor de locação também se adaptou às mudanças, abrindo mais espaços para negociações e conversas entre locadores e locatários. Certamente, esperamos um cenário otimista em 2022, mesmo que isso demande cada vez mais atenção aos desafios e às necessidades do setor”, avalia Leonardo Schneider, vice-presidente do Sindicato de Habitação do Rio de Janeiro (Secovi-Rio) e diretor superintendente da APSA.
Quer se preparar para o que vem aí? Então confira seis tendências do mercado imobiliário para 2022:
- Manutenção do crescimento
Os empresários seguem confiantes. Uma pesquisa realizada pela Delloite com executivos do setor constatou que 90% deles pretendem continuar comprando terrenos e realizando lançamentos em 2022. Isso significa que os patamares de vendas devem se manter dentro das expectativas: “Cremos que não haverá recuo no ciclo de recuperação iniciado no final do ano de 2020 e com marcas latentes no decorrer de 2021. As últimas altas na Selic já eram esperadas pelo mercado, portanto a cadeia produtiva já tinha este cenário futuro nas suas projeções e planejamentos, lançando empreendimentos enquadrados com a realidade econômica que hoje vivemos. Provavelmente teremos um crescimento um pouco menor, mas dentro do esperado”, confirma Marcelo Borges, diretor de Condomínio e Locação da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (ABADI).
- Financiamento mais longo
A taxa Selic na casa dos dois dígitos atinge em cheio quem pretende comprar imóveis a prazo, isso porque os bancos, geralmente, acabam repassando a alta para o consumidor. A matemática é simples: quanto maior a taxa de juros, mais caro é o financiamento.
Mas, para Luiz Antonio França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o desempenho da Selic não representará necessariamente parcelas de imóveis mais caras. “Historicamente, a Selic quase sempre esteve acima dos 10% e isso não impediu o crescimento do mercado imobiliário em diversos anos. É importante avaliar o financiamento sob a ótica do valor da parcela, até porque, atualmente, já é possível financiar um imóvel em até 40 anos para alguns casos. Portanto, é possível manter a parcela em um valor atrativo ao comprador independentemente da taxa de juros”, destaca.
- Demanda Alta
Um dado que ajudará a manter o mercado imobiliário aquecido ao longo de 2022 será a alta demanda por imóveis. “O Brasil possui um déficit habitacional que atinge, aproximadamente, 7,8 milhões de famílias e uma estrutura etária muito jovem. Isso implica em, ao menos, 1,1 milhão de novas famílias por ano. Trata-se de uma grande demanda que tem um público de baixa renda como principal consumidor”, completa Luiz Antonio, da Abrainc.
- Expectativa com as Eleições
Embora a realização de eleições não acarrete diretamente queda ou aumento no número de vendas de imóveis, é fato que o pleito acaba gerando ansiedade e expectativa no segmento.
A tendência é que o setor imobiliário fique atento especialmente a partir do segundo semestre. “O principal impacto em qualquer ano eleitoral está na economia, por conta das diversas e oscilantes especulações. Por certo todos os mercados, não só o imobiliário, ficam mais cautelosos aguardando uma consolidação de cenário e expectativas. Isso é normal e faz parte do calendário corporativo brasileiro”, comenta Marcelo Borges, da Abadi.
- Imóvel como investimento de segurança
Com a alta de juros, os investimentos de risco passam a afastar especialmente os investidores mais tradicionais. A tendência então é que os conservadores acabem optando por investimentos mais seguros, como o imóvel, visto historicamente no Brasil como uma reserva de valor.
- Busca por imóveis mais confortáveis
A procura por imóveis funcionais que atendam às necessidades também de trabalho e contem com mais serviços compartilhados deve se manter mesmo com a superação da pandemia. “A procura por unidades maiores e mais confortáveis ganhou muita força porque as pessoas realmente estavam mais tempo em casa em home office com suas famílias e precisavam desse conforto. Vimos cidades da região serrana e de locais de praia, que antes eram requisitados apenas nas férias, sendo muito buscadas para negociações de imóveis residenciais. Acredito que, com o aumento do trabalho híbrido nas empresas, essa tendência por espaços que tragam mais qualidade de vida permaneça nas pessoas”, finaliza Leonardo Schneider, do Secovi-Rio.
Por: Aline Duraes