Robô Delivery: drones atuam em serviços de entrega dentro dos condomínios
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 19/03/2021
Tecnologia
Com o novo Coronavírus, os números do comércio eletrônico e dos serviços delivery cresceram exponencialmente. Sem poder sair de casa para não se expor ao vírus, os brasileiros passaram a comprar mais pela Internet e a receber um volume maior de produtos em sua residência. Entregas de restaurantes, farmácias e mercados se tornaram rotina pesada em condomínios de todo o país.
Segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o crescimento do e-commerce chegou a 56% nos primeiros oito meses de 2020, movimentando cerca de R$ 41 bilhões até agosto do ano passado. Já no campo das entregas, pesquisa da Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, constatou um aumento de quase 100% nas vendas por delivery no período de janeiro a maio de 2020 em comparação ao mesmo período de 2019.
O cenário acabou propiciando a popularização de uma série de tecnologias, entre elas os drones de entrega. Em alguns condomínios, eles já são os responsáveis por conduzir os produtos da portaria até as unidades. Monitorados à distância por uma central remota via 4G, os veículos automatizam a logística de distribuição de entregas, evitando o contato de condôminos com entregadores.
“É comodidade para os condôminos que não precisam andar até a portaria para pegar as suas entregas e segurança para o condomínio que não precisa se preocupar com o acesso de estranhos à unidade. Ajuda também os entregadores a faturarem mais, pois eles perdem menos tempo com burocracias nas portarias e ficam liberados para realizar mais entregas”, enumera Thiago Calvet, CEO da MyView, startup que, desde 2016, trabalha com soluções em drones para diversas indústrias.
Morador recebe aviso por SMS sobre a encomenda
Entre os produtos oferecidos pela MyView, está o D4, um robô terrestre equipado com GPS, câmeras e sensores de navegação que o auxiliam em seu trânsito automatizado. “O trajeto é feito pelas calçadas ou canto das vias, como pedestres. Os pedidos são entregues de forma usual pelos entregadores, nas portarias dos condomínios. Ao recebê-los, o porteiro avisa ao condômino que o robô está a caminho. Em um futuro breve, esse aviso será realizado por SMS. O robô deixa a encomenda na porta da residência ou na recepção do bloco do morador”, comenta Thiago.
A pandemia da COVID-19 levou muitos condomínios a reformularem sua logística de recepção de produtos e entregas. Foi o caso do Duo Prime, com 80 unidades, em Botafogo, zona Sul do Rio de Janeiro. Desde março de 2020, quando se iniciou a quarentena, o aumento considerável no volume de itens recebidos pela portaria foi acompanhado pela mudança de padrão na forma de entrega. Cresceram os pedidos por aplicativos no condomínio.
A mudança levou o síndico Luiz Henrique Ribeiro a criar uma bancada de higienização, onde ficam disponíveis máscaras descartáveis, álcool em gel e spray desinfetante para carrinhos de compras e bicicletas de entregadores. Nesse novo sistema, os condôminos são solicitados a comparecer na portaria para retirar pessoalmente os itens.
Luiz admite que um drone facilitaria bastante o processo. “São muitas as vantagens. É importante estabelecer as regras de uso em ambientes privados, como os condomínios. Questões como a área de alcance e raio de entrega desses veículos bem como sua performance em situações climáticas adversas, como chuva, por exemplo, devem ser ponderadas e debatidas”, aponta.
Atualmente, os robôs D4 da MyView estão em 17 condomínios. Apesar de estar sediada no Rio de Janeiro, graças à tecnologia em rede, a startup consegue atender outras cidades e já possui clientes também em São Paulo e Minas Gerais.
Duas opções de robôs: os aéreos e os terrestres
Ao contratar o serviço, o condomínio ganha a implantação, operação, monitoramento e treinamento das portarias, além de manutenção e suporte dos robôs. O valor mensal do contrato pode variar de R$ 2 mil a R$ 8 mil, dependendo das distâncias a serem percorridas e da quantidade média de entregas.
Por enquanto, apenas os drones terrestres estão em funcionamento, o que limita a prestação do serviço a condomínios horizontais ou verticais com dois ou mais blocos. Nestes últimos, é necessária uma via interna pavimentada com, pelo menos, 100 metros de distância entre a portaria e a entrada de cada torre.
A tendência, no entanto, é que o serviço se expanda e, futuramente, a empresa passe a oferecer entregas por veículos aéreos também. “Nosso projeto de entregas é dividido em duas fases. A primeira é com os equipamentos terrestres, que já estão sendo aplicados em formato comercial. A fase dois é com os drones aéreos, mas eles ainda dependem de aprovações e evolução da legislação”, destaca Thiago Calvet.
Para o síndico Luiz Henrique, os drones aéreos já são realidade. “Neste momento, estamos cotando o serviço de pintura e reforma da fachada, e uma das empresas já sinalizou que provavelmente fará um vôo de drone para identificar pontos com fissuras e rachaduras. Acho isso muito importante, pois nos permite mapear previamente problemas que fatalmente só seriam percebidos no momento da realização dos serviços com andaimes. O futuro chegou!”, finaliza.
Confira a simulação de uma entrega feita por drones durante a Black Friday – uma parceria entre a P&G e a Drogaria Venâncio
Por: Aline Duraes