A pandemia trouxe a tecnologia de vez para o nosso cotidiano e, nos condomínios, novas soluções tecnológicas começam a fazer a cabeça de moradores e síndicos.
Nos últimos meses, a crise sanitária acabou promovendo muitas mudanças em diferentes contextos da nossa sociedade. Uma das mais evidentes é o crescimento e o avanço da tecnologia em diversas áreas. Para se ter uma ideia, um estudo da ABES, a Associação Brasileira das Empresas de Software, mostrou que este setor cresceu 22,9%, em 2020, e investiu cerca de R$200 bilhões, se considerados os mercados de software, serviços, hardware e também as exportações do segmento.
São números significativos que mostram que as reuniões por Zoom, o teletrabalho, a telemedicina e tantas outras vertentes desse advento vieram, de fato, para ficar.
No segmento dos condomínios, não foi diferente. A pandemia também trouxe novas necessidades tecnológicas. As dinâmicas sociais e administrativas passaram por mudanças profundas, principalmente devido aos novos cuidados com a saúde e com a necessidade de reduzir o contato humano. Isso impactou diretamente a utilização de ferramentas do cotidiano como cancelas e portaria eletrônica, além de ter gerado consequências, como o fato dos moradores permanecerem mais tempo em casa.
Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o mercado brasileiro de segurança eletrônica obteve um crescimento de 13% em 2020 em relação a 2019, e estima um aumento maior para este ano, na casa dos 15%. O resultado reflete mais investimentos em soluções de segurança, com destaque para a adesão ao uso de câmeras termográficas, portarias remotas e monitoramento por câmeras.
No Brasil, os residenciais possuem diferentes perfis de consumo e padrões para uso tecnológico. Até mesmo os complexos mais comuns — cujo valor médio de condomínio é de R$350 — possuem grande demanda por ferramentas como interfone, controle de acesso, senha, biometria e tags.
De acordo com Thiago Paulo, COO da Winker — que desenvolve tecnologia para gestão de condomínios -, a demanda por modernização e segurança cresceu no último ano, de fato, por conta da pandemia.
“Antes, o custo de compra e manutenção para segurança era uma barreira para condomínios investirem. Atualmente, com as pessoas passando mais tempo em casa, percebeu-se a importância do investimento no setor e como as tecnologias estão intimamente ligadas com a eficiência na proteção residencial”, explica.
Além da segurança, um outro segmento que também passou por muitas modificações e atualizações durante a pandemia foi o de telefonia em edifícios. CEO da empresa Ser-Tel, uma das pioneiras do segmento em todo o país e com mais de 3 mil clientes somente no Rio de Janeiro, Deise Mury, cita que o principal fator que moveu essas mudanças foi a necessidade de redução de contato com o porteiro, que foi substituído por equipamentos de biometria, facial, QR-CODEs etc.
“A necessidade de falta de contato, trouxe uma mudança emergencial em inúmeros casos. Impulsionou o síndico comum a buscar novas ferramentas de acesso aos espaços do condomínio. Hoje, podemos ter os interfones na palma da mão em nossos celulares, ausência de cabeamento, instalação de baixo custo, baixo custo de implantação e manutenção, além de integração com a portaria virtual e portaria autônoma”, explica.
Deise conta que, hoje, toda a segurança eletrônica passou a ser integrada, por meio de sistemas como QRCODE, biometria facial com máscara e sem máscara, cartões e chaveiros de acesso como também, leitor de placa para abertura de cancelas e portões.
“Acredito que não haverá substituição e sim, integração com essas plataformas. Isso facilitará a comunicação e agilizará o atendimento. E esse ‘futuro’ não será nada distante. Penso que, em pequeno e médio prazo, estaremos aprimorando esse tipo de tecnologia para todos os negócios”, relata.
Condomínios despertam o interesse de startups, que inovam com serviços diversos para atender síndicos e moradores
E as novidades tecnológicas não se restringem apenas ao acesso, telefonia ou segurança dos condomínios. Nos últimos meses, muitas ferramentas novas que estavam apenas engatinhando no mercado, ganharam força e já estão em plena atividade Brasil afora.
Uma delas é a Fit Anywhere, um aplicativo de bem-estar criado para funcionar em parceria com prédios residenciais, empresas e redes hoteleiras, oferecendo treinos para que os usuários consigam identificar e mapear os aparelhos a partir da estrutura de cada um desses locais e receber indicações de treinos a partir delas. Além disso, há um sistema que permite que os síndicos e administradoras façam toda a parte de gestão de pessoas, manutenção de aparelhos e agendamento de treinos, facilitando o uso das academias em condomínios.
Surfando na onda do exercício em casa, a startup saltou de 300 para 7 mil condomínios cadastrados durante a pandemia no Brasil e já reúne mais de 50 mil usuários.
“Nosso objetivo é impactar aquelas pessoas que não tinham motivação para começar a treinar e cuidar de toda a evolução delas. Por isso, desenvolvemos um app completo, que atende todos os perfis, em qualquer momento da vida, com ou sem equipamento, com pouco ou muito dinheiro para investir”, conta o fundador da Fit Anywhere, rabino Pedro Kauffman.
Uma outra novidade que vem tomando conta dos condomínios, principalmente na cidade de São Paulo, são os home markets, os famosos mini-mercados em boxes digitais que podem ser acessados pelo celular. A demanda ocorreu, claro, pela necessidade da “ida ao mercado” e pela restrição da circulação na pandemia. Atualmente, a VendPerto é uma das empresas que oferece o serviço, atuando em cerca de 103 condomínios na capital de São Paulo e já estruturando um plano de expansão para Campinas.
Por meio da instalação de um minimercado dentro de espaços ociosos em condomínios, os moradores contam um sistema de atendimento conhecido como “honest market”, que consiste em cada cliente realizar seu próprio atendimento, ou seja, o morador entra no minimercado, realiza a escolha dos produtos, finaliza as compras e depois paga, tudo sozinho, contando com uma tecnologia oferecida pelo sistema da startup.
Ainda no hall de novidades tecnológicas recentes está o sistema car sharing. Já amplamente difundido na Europa e nos EUA, ele tem como essência eliminar a necessidade de se comprar um carro, transformando esses percursos numa opção diferente de locomoção: o aluguel de um carro compartilhado.
Já amplamente difundido em condomínios do Rio de Janeiro e de São Paulo, esses sistemas costumam formar uma parceria com residenciais e centros comerciais, disponibilizando uma frota de veículos na garagem para que o morador tenha a flexibilidade de sair de carro, seja por algumas horas ou semanas, pagando somente o que usar, modelo conhecido como “pay-per-use” (pague por uso). O residente pode abrir mão de um carro próprio e ainda assim ter um veículo disponível quando quiser.
No Rio de Janeiro, a Wali Car Sharing, por exemplo, uma das mais atuantes do segmento no país, já está disponível em grandes e diversos condomínios como o Condomínio Borgonha, no Rio 2, localizado em Jacarepaguá; o Shopping Rio 2, em Jacarepaguá; o Condomínio Barra Sul, na Barra da Tijuca; o Shopping Metropolitano, em Jacarepaguá; Shopping Cittá América, na Barra da Tijuca; Shopping Barra World, no Recreio dos Bandeirantes, entre muitos outros.
“Além da economia no bolso, o fator ESG anda em conjunto com o car sharing, uma vez que a adoção do serviço provoca a queda no número total de veículos nas ruas. Estudos estimam que cada carro compartilhado é responsável por tirar outros dez veículos particulares de circulação, fator que, aliado à tendência de seus usuários andarem cada vez menos de carro e mais de bicicleta, contribui para a redução da emissão de gases estufa”, diz o CEO da empresa, Guilherme Rajzman.
Rajzman explica que, após a implementação do serviço junto ao condomínio, a Wali realiza um trabalho de acompanhamento contínuo, tanto com relação à limpeza e à manutenção dos veículos, quanto na coleta de feedbacks junto aos moradores para melhora do serviço.
“Buscamos entender os padrões de consumo e o comportamento dos clientes para entregar um serviço cada vez mais individualmente personalizado, e esse trabalho vai desde a criação de campanhas promocionais até a seleção do modelo de veículo ofertado ao condomínio”, diz.
Ainda dentro das inovações digitais, uma nova solução já vem descomplicando a vida de condôminos e síndicos que optam por utilizar o APP da Apsa. Hoje, já são mais de 10 mil usuários ativos, com a marca de 50 mil downloads nas lojas de aplicativos. “O app da APSA dispõe de inúmeras funcionalidades visando facilitar o dia a dia dos condôminos, gestores e funcionários dos condomínios. Dentre as principais funcionalidades que dispomos hoje, podemos destacar o acompanhamento das cotas condominiais e emissão do boleto com a possibilidade de pagamento via cartão de crédito. Outra facilidade é a nossa seção ‘Comodidades’ que apresenta diversos parceiros com benefícios exclusivos para os nossos clientes”, explica Sérgio Delecrode, gerente- geral de Tecnologia da APSA.
Sérgio conta ainda que, para os gestores, há facilidades como o envio de documentos para o contas a pagar, acompanhamento do extrato e saldo do condomínio, inadimplência e visualização da pasta digital de prestação de contas. Outra comodidade é a gestão dos funcionários através do acompanhamento da jornada de trabalho, folha de pagamento, simulação de férias, entre outras.
“O nosso app está em constante evolução, seja com a liberação de novas funcionalidades ou melhorias visando proporcionar uma experiência mais agradável na utilização do aplicativo pelos condôminos, gestores e funcionários do condomínio”, completa Sérgio, que prevê novas funcionalidades ainda este ano, tanto para o APP, quanto no portal da Apsa. “Cada vez mais, o uso de ferramentas digitais vem crescendo e temos que estar sempre acompanhando o surgimento de novas tecnologias e disponibilizando novos serviços para os nossos clientes”, conclui.
Por: Mario Camelo