6 lugares que estão explodindo o conceito de cidades inteligentes
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 15/04/2021
Tecnologia, Atualidade, Cidades
Em 2030, a população mundial deve chegar a 8,6 bilhões de pessoas. Para 2050, a estimativa é de 10 bilhões. As previsões são do estudo The World Population Prospects, elaborado pela ONU, e alertam para a necessidade urgente de se pensar a qualidade de vida em metrópoles cada vez mais superpopulosas.
Foi dessa necessidade que nasceu o conceito de cidades inteligentes. Segundo a União Europeia, as smart cities, como também são chamadas, são cidades que otimizam o uso dos recursos — financeiros, materiais, naturais — para promover desenvolvimento econômico e melhorar a qualidade de vida de seus habitantes.
Na prática, esses locais investem em soluções que permitem aprimorar a infraestrutura, a mobilidade urbana, o uso de energia e a oferta de serviços. Tudo isso da forma menos agressiva e mais sustentável possível.
As transformações provocadas pelas cidades inteligentes terão impacto direto nos condomínios e na maneira de o homem viver em coletividade.
“É crucial que cada morador tenha consciência da sua importância na construção das cidades contemporâneas, no resgate do espírito de comunidade. Embora existam limites físicos que separem o território do condomínio do território do espaço público, é fundamental que sejam fomentados vínculos de integração com a comunidade local ao invés de fortalecer ações que reforcem o isolamento e a segregação com o entorno”, pontua Ormy Hütner Júnior, vice-presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA).
Cidades Inteligentes pelo Mundo
Diversas cidades pelo mundo já estão implementando mudanças para se tornarem mais inteligentes. Segundo dados do International Data Corporation, até 2022, mais de 158 bilhões de dólares serão destinados a projetos com esse objetivo.
Para estimular essas ações, a IESE Business School, escola de negócios da Universidade de Navarra, na Espanha, desenvolveu o Cities in Motion Index, índice que, desde 2014, mede o grau de inteligência das cidades, com base em nove diferentes variáveis: capital humano, coesão social, economia, mobilidade e transporte, governança, planejamento urbano, alcance internacional, tecnologia e meio ambiente.
Confira a seguir as campeãs:
- LONDRES
A capital britânica tem alta performance em praticamente todas as categorias analisadas. Ela é a cidade com o maior número de startups no mundo, o que acaba se traduzindo em excelentes projetos de inovação. Entre eles, destacam-se as cabines Heathrow Pods, que interligam vários locais de Londres ao Aeroporto de Heathrow, um dos mais movimentados do mundo.
- NOVA IORQUE
Dois projetos contribuíram — e muito — para a vice-liderança da Big Apple. O primeiro deles existe desde 2010 e é composto por cerca de 300 sensores e câmeras que modificam o padrão dos semáforos com base em dados em tempo real, reduzindo em até 10% o tempo de viagem dos nova-iorquinos.
O segundo promove uma economia anual de mais de dois milhões de dólares em energia elétrica, graças à instalação de sensores de presença em 90 escolas da região.
- AMSTERDÃ
A capital dos Países Baixos, que tem a tradição de oferecer uma série de incentivos para o desenvolvimento de projetos verdes, vem se destacando também na criação de aplicativos móveis, como o Appening Amsterdam, que indica lugares para se divertir à noite. Outro app de destaque é o Drive Carefully, cujo objetivo é sinalizar redução de velocidade aos motoristas que estiverem dirigindo próximos a uma escola.
- PARIS
A Cidade Luz é visitada por mais de 30 milhões de pessoas anualmente, e seu desafio é integrar tecnologia e infraestrutura sem prejudicar a identidade cultural que encanta todos esses turistas.
Para isso, Paris investe pesado em projetos que visam reduzir as emissões de gases veiculares e os problemas de congestionamento no trânsito. Por outro lado, ganham cada vez mais visibilidade iniciativas de conectividade que integram novas tecnologias ao tecido urbano, maximizando o número de serviços online e de plataformas digitais oferecidos.
- REYKJAVIK
A capital islandesa chegou ao top 5 do Cities in Motion Index por ter uma das melhores redes abertas de acesso à internet do mundo. A Reykjavik Fiber Network cobre 100% dos bairros da cidade e sua velocidade pode chegar a 500 megabits por segundo (a velocidade média da internet pública no mundo é de 3,5 megabits por segundo).
A prefeitura da cidade disponibiliza, ainda, uma plataforma digital por meio da qual os cidadãos podem enviar sugestões de melhoria para a vida em coletividade. Desde a estreia do canal, há uma década, a cidade investiu quase dois milhões de euros no desenvolvimento de mais de 200 projetos baseados nas ideias dos moradores.
- TÓQUIO
Tóquio sempre esteve na vanguarda da inovação, sendo considerada uma das cidades mais tecnológicas do mundo. Os preparativos para as Olimpíadas de 2020 — adiadas para 2021 por conta da pandemia do Novo Coronavírus — intensificaram ainda mais os investimentos na integração da cidade.
Nos últimos três anos, mais de 50 bilhões de dólares foram dedicados a projetos audaciosos de automação do fornecimento de energia e de produção de veículos altamente conectados. Todos com o forte apoio de multinacionais japonesas, entre elas Panasonic, Mitsubishi e Sharp.
As Cidades Mais Inteligentes do Brasil
Ainda estamos longe de alcançar o topo da lista do IESE, mas por aqui o debate sobre cidades inteligentes já começa a ganhar força. Atualmente, segundo dados do Smart Cities Report, mais de 160 startups brasileiras estão dedicadas à causa e movimentaram, somente no ano passado, cerca de 50 milhões de dólares.
Já vêm sendo realizados estudos que visam identificar as cidades com maior potencial de desenvolvimento do Brasil. Entre eles, está o ranking Connected Smart Cities, elaborado pela Urban Systems em parceria com a Necta. Em 2020, de acordo com o ranking, as cidades mais inteligentes do país eram:
- São Paulo
- Florianópolis
- Curitiba
- Campinas
Mas é possível criar cidades inteligentes em países em desenvolvimento?
Para Ormy Hütner Júnior, vice-presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), o debate das smart cities, para ser efetivo no Brasil, tem de priorizar o desenvolvimento de soluções eficientes para atender as especificidades da infraestrutura social do país.
“Embora possam trazer importantes ferramentas de gestão, as cidades inteligentes não têm como premissa atender os conflitos socioespaciais e socioambientais encontrados na maioria das médias e grandes cidades brasileiras. Para pensar em cidades mais saudáveis, mais sustentáveis, mais inclusivas e mais acessíveis, é necessário que a sociedade e seus representantes enfrentem as questões socioespaciais de forma eficiente e socialmente justa. A mudança que queremos para as cidades deve estar pautada no interesse coletivo e por isso é fundamental, antes de tudo, garantir uma gestão verdadeiramente democrática”, pondera.
Por: Aline Durães