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Você sabe o que é Ecobrutalismo?

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 26/07/2024

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Concreto aparente, edificações imponentes e uma integração em total sintonia com a natureza do entorno. Sim, é possível ser bruto e sustentável!

Por Cintia Laport

 

Originado na Europa, mais especificamente na Grã-Bretanha, a arquitetura Brutalista, identificada por suas formas frias e funcionais, sempre despertou críticas. Uma estética robusta, de concreto aparente e a representação crua da estrutura dos edifícios. O nome é derivado da expressão béton brut, que significa “concreto bruto”, e teve como um dos precursores Le Corbusier, através das suas famosas Unités d’Habitation, em Marselha.

Com o tempo, no entanto, alguns fatores mundiais, como a crise energética, movimentos ambientalistas e a própria evolução das tecnologias de construção, na década de 70,  acabaram impulsionando uma transição em que fosse possível aliar a estética brutalista com soluções mais ligadas aos desafios da sustentabilidade. Foi assim que surgiu o Ecobrutalismo.

 

Principais diferenças entre Brutalismo e Ecobrutalismo:

Característica Brutalismo Ecobrutalismo
Estética Robusta, crua, com uso abundante de concreto aparente Robusta, expressiva, com integração de elementos naturais
Materiais Concreto aparente, aço, vidro Concreto aparente, materiais reciclados, materiais de origem local
Eficiência energética Baixa Alta, com foco em captação de luz natural, ventilação natural e materiais isolantes
Sustentabilidade Baixa, com alto impacto ambiental Alta, com foco na redução do consumo de energia, uso de materiais sustentáveis ​​e reutilização de materiais
Integração com a natureza Mínima Alta, com utilização de vegetação, jardins verticais e telhados verdes

 

Ao assumir o desafio de reduzir ao máximo o impacto ambiental das edificações, o Ecobrutalismo busca a integração das construções à natureza. Isso se dá através da utilização de elementos, como vegetação, jardins verticais, telhados verdes, enfim, soluções construtivas que se integrem de forma harmoniosa à paisagem e contribuam para a biodiversidade local.

Dois princípios são bem marcantes no Ecobrutalismo – a priorização da eficiência energética e a utilização de materiais de forma responsável. Neste segundo caso, inclusive, a escolha de itens a serem integrados ao projeto é feita sempre após a avaliação de critérios, como clima local, disponibilidade de materiais na região (o que reduz o impacto ambiental com o transporte e contribui para a economia local) e a função do edifício.

 

Materiais comumente utilizados

Concreto: Apesar de ser um elemento central do brutalismo, o concreto no Ecobrutalismo faz uso de técnicas especiais, como o uso de agregados reciclados, formas modulares pré-fabricadas e concreto permeável com menor pegada de carbono minimizam o impacto ambiental do material.

 

Madeira: A madeira assume um papel importante no Ecobrutalismo, tanto em sua forma natural quanto em produtos industrializados como madeira laminada colada (CLT). Sua origem certificada, alta resistência e capacidade de absorver CO2 a tornam uma escolha sustentável e esteticamente compatível com a brutalidade da arquitetura.

 

Aço: O aço reciclado e de alta resistência é um material versátil no Ecobrutalismo, utilizado em estruturas, elementos decorativos e fachadas. Sua leveza em comparação ao concreto permite vãos maiores e soluções inovadoras, além de ser um material reciclável e durável.

 

Tijolos: Tijolos ecológicos, como os de adobe ou terra crua, são opções com baixo impacto ambiental e que proporcionam conforto térmico e acústico. Além disso, tijolos de demolição podem ser reutilizados, diminuindo o consumo de novos materiais.

 

Pedra: A pedra natural, utilizada com moderação, pode agregar um toque rústico e atemporal à estética Ecobrutalista. Pedras locais e de origem certificada minimizam o impacto ambiental do transporte e garantem a harmonia com o entorno.

 

Vidro: O vidro de alta performance, com revestimentos e tecnologias que controlam a entrada de luz e calor, é essencial para a eficiência energética do Ecobrutalismo. Grandes aberturas permitem a entrada de luz natural, reduzindo a necessidade de iluminação artificial, enquanto o controle solar evita o superaquecimento interno.

 

Materiais reciclados e reutilizados: A utilização criativa de materiais reciclados e reutilizados é um dos pilares do Ecobrutalismo. Desde madeiras de demolição até metais e plásticos reciclados, a reutilização de materiais diminui o consumo de recursos naturais e confere um toque único às obras.

 

No Brasil, encontramos diversas construções que exemplificam a estética Ecobrutalista, combinando a robustez do brutalismo original com princípios de sustentabilidade e integração à natureza.

Um dos mais citados é o SESC Pompeia (São Paulo, SP),  projetado por Lina Bo Bardi, em 1977. Este complexo cultural é um marco da arquitetura brutalista brasileira, trazendo a combinação perfeita entre a estrutura robusta em concreto aparente com os jardins suspensos e rampas sinuosas que se integram à exuberante vegetação do entorno.

Outro exemplo bem conhecido é o tradicional Edifício Copan (São Paulo, SP), projetado por Oscar Niemeyer, em 1966. Um dos arranha-céus mais icônicos da cidade, que se destaca pelo seu visual imponente e dinâmico, mas que também incorpora soluções inovadoras como brises-soleil e jardins suspensos, demonstrando a preocupação com a eficiência energética e a integração com a natureza.

Não há dúvidas, o Ecobrutalismo se apresenta como uma alternativa promissora para a arquitetura do futuro. Ao integrar elementos da natureza, priorizar a eficiência energética e utilizar materiais de forma responsável, a estética também contribui para a criação de cidades mais verdes, saudáveis ​​e resilientes.

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