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Gestão do lixo orgânico nos condomínios

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 24/08/2022

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Cuidar da coleta do lixo orgânico é um desafio para a administração de qualquer condomínio. Esse é um dos temas mais debatidos em assembleias entre a gestão condominial e os moradores, já que a ação depende totalmente do comportamento das pessoas.

A destinação correta do lixo é fundamental para manter um ambiente agradável e saudável para todos os moradores, além de contribuir com a preservação do meio ambiente. Considerando que cada pessoa produz, em média, de 800 gramas a 1 quilo de lixo por dia, os empreendimentos imobiliários acabam se tornando grandes geradores de resíduos e agentes importantes nessa questão.

A regra é bastante simples: o lixo deve ser jogado no lixo, mas por algum motivo, é comum encontrar pessoas que insistem em colocar as sacolas de lixo fora do coletor ou em locais inadequados. Muito prédios não têm espaço adequado para que os moradores condicionem as sacolas adequadamente. Outros usam lixeiras de ferro e até depositam os resíduos nas calçadas, o que é proibido. Além daqueles que ainda fazem pior e optam por jogar resíduos, como bitucas de cigarro, chicletes e papéis pelas janelas de seus apartamentos. 

Atualmente, é imprescindível para qualquer condomínio ter um programa de coleta seletiva de resíduos, que conte com a separação de lixo orgânico e reciclável. No Brasil, mais da metade dos resíduos gerados é de natureza orgânica. O lixo orgânico é todo resíduo de origem vegetal ou animal, como sobras de comida, cascas de ovos, papel toalha, borra de café, frutas, raízes, vegetais, folhas, cinzas e sementes.

Por mais que em alguns lugares o município não tenha um programa de coleta seletiva, o condomínio pode contratar ou fazer uma parceria com empresas ou cooperativas de reciclagem. A responsabilidade do condomínio é separar o lixo orgânico do reciclável antes de colocá-lo para coleta. Tal ação, inclusive, é uma exigência da Lei federal 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos e regula todas as atividades relacionadas à produção de lixo e estabelece a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos. 

A lei simplificou a separação dos recicláveis e do resíduo orgânico, a fim de evitar o descarte incorreto desses materiais e, assim, possibilitar que mais pessoas passem a reciclar, visando melhores resultados e um maior alcance para toda a questão ambiental. 

Para o resíduo orgânico, especificamente, uma solução viável é a compostagem. “A prática, além da redução do volume de resíduos, alivia a demanda por aterros sanitários, reduz a emissão de CO², evita a geração de chorume e de gás metano, produz adubo de excelente qualidade, promove a conscientização ambiental e ainda possibilita a criação de hortas comunitárias com o adubo gerado”, enumera Renan Vieira, coordenador do projeto Ciclo Orgânico de Compostagem, que coleta e transforma os resíduos de condomínios e casas em adubo.

No caso dos condomínios, a prática de aproveitamento e destinação correta dos resíduos orgânicos é mais fácil do que se possa imaginar. O processo se torna possível com um passo simples, que é a separação do lixo em, pelo menos, duas partes: seco e orgânico. Normalmente o lixo orgânico é identificado por lixeiras de cor marrom.

Os condomínios podem contar com síndicos, zeladores, administradores, conselheiros e condôminos. Todos eles devem se unir em prol da estruturação do descarte correto do lixo orgânico. Uma solução que tem dado muito certo em alguns casos é a implementação de composteiras coletivas. “Este caminho, evidentemente, requer um trabalho de educação ambiental e sensibilização referente à separação correta dos resíduos com os moradores e a capacitação das pessoas que irão operar o sistema de compostagem”, destaca Renan.

Criado em 2015, o Projeto Ciclo Orgânico atende vários bairros da Zona Sul e do Centro do Rio de Janeiro. De lá para cá, já foram coletados 220 mil quilos de resíduos orgânicos que renderam cerca de 170 mil quilos de adubo, evitando assim a emissão de mais de 100 mil quilos de CO² na atmosfera. Os condomínios participantes recebem um balde de 18 litros e uma sacola biodegradável, feita de milho e batata, para recolher os resíduos orgânicos. Semanalmente os ciclistas da equipe do projeto vão até as casas ou condomínios participantes e recolhem a sacola, deixando o balde para mais uma semana de “colheita”.

Sidney Seixas, síndico do edifício Gaby, localizado no Bairro de Fátima, região central do Rio de Janeiro, utiliza a coleta do Ciclo Orgânico há um ano e afirma que agora o condomínio possui uma cultura de separação e aproveitamento do lixo. “O edifício é muito antigo e sempre tivemos dificuldade em encontrar uma solução para a separação do lixo doméstico das unidades”. Sidney apresentou o projeto em assembleia que foi prontamente aprovado pelos condôminos. “Hoje temos duas lixeiras em cada um dos 10 andares do prédio, uma para o lixo reciclável e outra para o lixo orgânico. Ao final do dia o faxineiro recolhe e separa os resíduos em recipientes localizados na garagem para que sejam recolhidos pelos parceiros do projeto”, explica o síndico. 

Uma sugestão simples para promover a conscientização interna é desenvolver programas recorrentes de coleta seletiva, através da distribuição de informativos aos moradores, orientações nos elevadores e até dicas de como separar o lixo corretamente pelos grupos de WhatsApp. 

O síndico pode se comprometer com os condôminos a instalar lixeiras para o descarte de lixo orgânico em locais protegidos e sinalizados, assim como cobrar dos moradores a correta destinação. Já os condôminos, por sua vez, devem orientar os visitantes a não colocarem lixo doméstico nas áreas comuns, como piscinas e playgrounds. Assim como orientar as crianças a não jogarem lixo pelas janelas dos apartamentos, nem os descartar nos elevadores. 

Por fim, a gestão, junto aos moradores em assembleia, pode estipular penalidades para os casos de descumprimento, que podem ir desde advertências até multa proporcional à taxa do condomínio. É uma ação mais incisiva, porém, em alguns casos, pode se fazer necessária. Qualquer atitude é válida quando o assunto é limpeza do local, cuidado e bem-estar dos moradores, e, principalmente, preservação do meio ambiente.

 

 

Por: Juliana Marques

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