Em 5 de junho é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente e, mais do que nunca, o tema vem ganhando prioridade em discussões dos mais variados níveis. O motivo é que, cada vez com mais frequência, as mudanças climáticas vêm afetando diretamente a vida das pessoas. No Brasil, algumas iniciativas públicas e privadas que ajudam na preservação ambiental vêm se destacando e ganhando notoriedade.
Um reconhecimento importante relacionado ao tema é o selo Tree Cities Of the World (Cidade Árvore do Mundo), concedido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO-ONU) e a Fundação Arbor Day, dos Estados Unidos, para cidades que priorizam a preservação da natureza. A edição mais recente da premiação, em 2021, concedeu a honraria a sete municípios brasileiros: Campo Grande, João Pessoa, Rio de Janeiro, São Paulo, São Carlos, São José dos Campos, Maringá e Niterói.
Para que uma cidade seja reconhecida, é preciso cumprir uma série de requisitos, definidos pelo programa, como responsabilidades, normas, inventários e diagnósticos, orçamento e celebração.
Segundo Sérgio Chaves, presidente da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, o reconhecimento das cidades é uma prova de que a discussão sobre o tema vem avançando no país. “São imensuráveis os avanços referentes ao planejamento, implantação e manejo das árvores públicas no Brasil. Para citar alguns exemplos desta evolução, temos as criações de secretarias municipais de meio ambiente, com setores de arborização e rubricas específicas, amparo por meio de legislação municipal ambiental, Fundos Municipais de Meio Ambiente e contemplação da arborização viária pelos Códigos de Posturas Municipais, reconhecendo-a como serviço público essencial”, comenta.
Ele frisa que a tecnologia e a educação são aliadas indispensáveis neste sentido: “Na parte tecnológica, podemos citar os caminhões com equipamentos hidráulicos compostos por cestos duplos, motosserras leves para trabalho em altura e moto podadoras extensíveis. É consenso que o planejamento, implantação e manutenção da arborização no meio urbano devem ser realizados por profissionais especializados e atualizados”.
Chaves ressalta que a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana é um dos pilares para esse avanço. A instituição foi fundada em 1992 e tem desenvolvido e apoiado as principais iniciativas técnicas, científicas e educacionais que promovam o desenvolvimento das atividades inerentes à arborização urbana no Brasil. Atualmente, ela possui mais de mil profissionais em seu quadro de sócios e cobre as cinco regiões do nosso país.
A popularização dos veículos eletrificados
A busca por alternativas ao uso de combustíveis fósseis é uma das grandes aliadas atuais para a preservação do meio ambiente. E, neste sentido, os automóveis elétricos vêm se tornando uma opção cada vez mais popular. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), as vendas de veículos eletrificados leves cresceram 78% no primeiro quadrimestre de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado. O crescimento se deu na contramão do mercado doméstico total de veículos leves, que caiu 23% no mesmo período, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Um dos principais entraves para que o setor cresça ainda mais é a falta de infraestrutura. “Ainda há uma clara necessidade de ampliação da infraestrutura, que tem como efeito remover a dúvida que resta sobre onde se recarregará. Também observamos alguma dificuldade das montadoras em oferecer veículos suficientes para atender a atual e crescente demanda pelos elétricos. O preço ainda é elevado, mas não resta dúvida de que aqui teremos uma curva de adoção similar àquela que ocorreu com os smartphones”, comenta Davi Bertoncello, diretor de Infraestrutura e Recarga Veicular da ABVE.
Ele é, também, CEO da Tupinambá Energia, startup de eletromobilidade urbana que disponibiliza estações de recarga de carros elétricos em estabelecimentos residenciais e comerciais. “Os condomínios representam uma fatia significativa do nosso negócio. Em São Paulo, por exemplo, já existe uma lei municipal que obriga os novos condomínios a ter infraestrutura de recarga para veículos elétricos. Isso tem um impacto tremendo no mercado”.
Para Bertoncello, é preciso ter mais incentivo governamental para o segmento: “Alguns estados dão descontos integrais ou parciais no IPVA. Veículos elétricos também possuem algumas isenções para sua importação. A cidade de São Paulo isenta os elétricos do rodízio de veículos. Todas estas medidas ainda são bastante tímidas frente aos incentivos oferecidos na Europa, Estados Unidos e China. Com claro benefício à sociedade e ao meio ambiente, acelerar a adoção dos elétricos deverá ser uma prioridade. Todos sairão ganhando”.
Mercado imobiliário como aliado
O mercado imobiliário é outro segmento em que a preservação ambiental e a sustentabilidade ganham importância a cada dia, até mesmo por conta de uma demanda crescente de consumidores interessados no tema. Os certificados de construções sustentáveis são ferramentas aliadas neste sentido.
“Você desperdiça o mínimo possível de material e emite menos dióxido de carbono (CO2). Na obra certificada, você consegue informar ao proprietário exatamente o quanto ele deixou de emitir gás carbônico por ter feito essa opção”, explica Luigi Romano, sócio-fundador da Alphaz Concept, incorporadora especializada em arquitetura com responsabilidade ecológica.
Ele acrescenta que os projetos do segmento são pensados de uma forma em que o uso de energia seja minimizado. “Há um planejamento em questões como estar posicionado da maneira correta para que se possa ter ventilação ou, se for um local quente, ter uma parede mais grossa, assim é possível economizar com ar condicionado, por exemplo. Se você fizer uma obra do começo ao fim com esses critérios, você consegue uma economia de 30 a 40% no final. Fazemos uma equação entre o projeto inicial, o que a pessoa gostaria, e no final das contas o que ela precisa. Ajustamos às necessidades da família. Na maioria das vezes, uma casa que era para ter 700 metros quadrados acaba ficando com 300 e atende o cliente da mesma maneira. A obra pensada dessa forma sustentável valoriza, produz menos CO2, tem certificados e hoje tem muito valor no mercado”, conclui.
Veja os números das cidades brasileiras reconhecidas em 2021 com o selo Tree Cities Of the World como aliadas da preservação ambiental:
Campo Grande (MS) – Reconhecida pelo terceiro ano seguido. Foram 40.148 árvores plantadas, com 2.112 horas de trabalho voluntário.
João Pessoa (PB) – Reconhecida em 2021 por 3.595 árvores plantadas, com 1.760 horas de trabalho voluntário.
Maringá (PR) – Reconhecida em 2021 por 400.000 árvores plantadas, com 30 horas de trabalho voluntário.
Niterói (RJ) – Reconhecida em 2021 por 16.950 árvores plantadas, com 26.000 horas de trabalho voluntário.
Rio de Janeiro (RJ) – Reconhecida em 2021 por 4.467 árvores plantadas.
São Carlos – Reconhecida pelo terceiro ano seguido, por 472 árvores plantadas, com 60 horas de trabalho voluntário.
São José dos Campos (SP) – Reconhecida pelo terceiro ano seguido, por 12.306 árvores plantadas.
São Paulo (SP) – Reconhecida em 2021 por 13.869 árvores plantadas.
Por: Gabriel Menezes