Aprenda a realizar a reciclagem de orgânicos
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 23/04/2021
Sustentabilidade
Uma das principais questões ambientais da atualidade é, sem dúvida, a enorme quantidade de lixo produzida no planeta. Associado a isso, surgem outros problemas ainda mais desafiadores, como a reciclagem adequada desses resíduos e as falhas no processo de descarte do lixo.
Para a engenheira ambiental Camilla Bicalho, o maior desafio do Brasil hoje é o compartilhamento do gerenciamento desses resíduos entre o poder público, empresas e sociedade civil. “Acredito que o elo mais fraco dessa integração somos nós, sociedade civil, pois são responsabilidades individuais que resultam em um bem coletivo e nem sempre isso é palpável e a curto prazo. Além disso, como consumidores, temos o direito de cobrar melhores posturas das empresas e do governo”, defende.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos (Abrelpe), o Brasil produz quase 37 milhões de toneladas de lixo orgânico todos os anos. Esse resíduo tem potencial econômico para virar adubo, gás combustível e até mesmo energia. No entanto, apenas 1% do que é descartado é reaproveitado. Somado a isso, muitas cidades brasileiras não têm aterros sanitários e nem áreas apropriadas para o recebimento de resíduos recicláveis.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), proposta pela Lei Federal 12.305/2010, prevê a não geração de resíduos sólidos, mas, quando gerados, é preciso que haja a disposição final adequada. Para isso, a PNRS estabelece que a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos deve ser compartilhada.
Para os sócios da empresa Protocolo Ambiental, Alberto Ferreira, biólogo e gerente de projetos ambientais, e Eduardo Basto, engenheiro civil, quando a responsabilidade é da pessoa jurídica, ou seja, de empresas, indústrias, comércios e condomínios, a atenção deve ser redobrada, já que a destinação inadequada dos resíduos pode se caracterizar como crime ambiental. “A lei 9.605 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, logo, a destinação deve ser na totalidade, devidamente controlada e efetuada por empresas terceirizadas e licenciadas pelo órgão ambiental pertinente”, explicam.
Em Florianópolis, por exemplo, é proibido por lei que a totalidade dos resíduos orgânicos produzidos por condomínios residenciais ou comerciais, restaurantes, supermercados e entes jurídicos públicos, sejam encaminhados a aterros sanitários ou incinerados. A Lei 10.501/2019, conhecida com a primeira Lei de Compostagem do Brasil, diz ainda que devem ser incentivadas iniciativas comunitárias e de cooperativas na gestão, além da adoção de estratégias de descentralização no gerenciamento e o incentivo à compostagem doméstica. A capital catarinense saiu na frente dos demais municípios do país, que ainda estão se organizando para a adequação da gestão de seus resíduos.
“Para se ter uma dimensão do que falta é importante primeiro reconhecer que o Brasil tem características geográficas e sociais bem diferentes. Cada caso precisa ser tomado individualmente, e os municípios precisam contemplar a problemática dos resíduos sólidos dentro do seu plano diretor. A partir do momento que essa responsabilidade for compartilhada e a sociedade tiver clareza sobre seus deveres e obrigações, será possível efetivar uma lei como essa de Florianópolis em todo o país”, defende Camilla.
Compostagem
De acordo com os dados da Abrelpe, apesar da possibilidade de se reciclar 30% de todo o lixo produzido no país, a taxa de reaproveitamento desses insumos não chega a 3%. Com isso, o país tende a perder dinheiro, pois deixa de aproveitar oportunidades de grande viabilidade econômica, já que a reciclagem poderia ser uma fonte de renda extra para muitas famílias brasileiras.
Assim como as boas práticas em relação ao uso e consumo de água, por exemplo, a compostagem de resíduos orgânicos pode ser incluída na lista de ações de sustentabilidade e uma solução para revertermos o ciclo do desperdício no país.
A compostagem é um dos processos mais tradicionais de recuperação desse material, pois trata-se de um tipo de reciclagem, no qual fungos e bactérias transformam lixo em adubo. Por meio dessa técnica, é possível transformar as características do material em produtos ricos em nutrientes, como fertilizantes orgânicos ou compostos férteis.
Investir em compostagem é agir de forma inteligente, pois sabemos que os recursos naturais são finitos. “A compostagem é uma solução que assegura o ciclo de vida do produto orgânico que consumimos, garantindo o retorno dele à terra e o início de novos ciclos. Do ponto de vista político e social a compostagem amarra muito os princípios e objetivos da PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), que além de reaproveitar os resíduos, diminui a pressão sobre os aterros sanitários e preserva a biodiversidade como um todo”, finaliza Camilla Bicalho.
É necessário acreditar no poder transformador da educação para promover alguma mudança. A partir de uma nova postura, é possível repensar o conceito de resíduo, não mais como um material sem uso, e sim, como matéria-prima que deve retornar à cadeia produtiva. Pensando nisso, preparamos algumas dicas para você montar a sua própria composteira e assim, ajudar o meio ambiente!
O que você vai precisar:
– Uma caixa com, no mínimo, 30 cm de altura (pode ser de madeira, plástico ou fibra);
– Restos de alimentos não cozidos (nem todos os restos orgânicos podem ser utilizados na compostagem). Lixo comum, restos de carne, laticínios e óleos não são indicados. Já restos de verduras e legumes, cascas de frutas, borras de café e cascas de ovos são ideais);
– Algumas fibras (palha, serragem, folhas secas, grama ou restos de folhas de hortaliças). É possível também usar guardanapos de papel e papel toalha molhados.
Como fazer:
– Dentro da caixa intercale em camadas a fibra com os resíduos orgânicos até o topo, onde a fibra deve ser a primeira e a última camada;
– Caso o local fique muito exposto ao sol e ao calor, é necessário regar periodicamente para que a mistura não esquente e seque (a umidade faz com que a decomposição aconteça mais rápido);
– O seu adubo estará pronto quando os compostos tiverem um aspecto escuro e úmido. Quando isso acontecer, é só coletar o húmus (matéria orgânica decomposta) e utilizá-lo como adubo.
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Por: Juliana Marques