Saúde mental e bem-estar dos profissionais como ação estratégica das empresas
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 26/09/2022
Saúde
O efeito da pandemia na saúde mental da população deve permanecer por algum tempo. As fronteiras entre a vida profissional e pessoal mudaram da noite para o dia com o home office. O uso constante das redes sociais, a quantidade de informações, o uso do whatsapp para falar com os colegas de trabalho, reuniões virtuais, metas a cumprir, mudaram a vida de todos num processo muito rápido.
O sofrimento psíquico não é banal. Nunca foi. Com a covid-19, esse número aumentou ainda mais. Isolamento social, restrições de mobilidade, quebra na rotina ajudaram a alimentar as angústias de muitas pessoas. Sintomas como depressão, ansiedade, insônia e burnout não chegaram com a pandemia, já existiam há muito tempo, mas com ela se agravaram e os conflitos e danos mentais também chegaram ao ambiente corporativo.
É importante dizer que não há divisão entre a vida profissional e a vida pessoal quando se trata de questões emocionais, afinal, o que acontece no trabalho impacta a vida pessoal e familiar do indivíduo, assim como o oposto também. A saúde mental é um problema que afeta a todos dentro de casa. Se os filhos não estão bem, geralmente, a preocupação recai sobre os pais, o contrário também acontece.
Em janeiro, a Síndrome de Burnout foi incluída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças, ou na CID-11, não como uma doença médica específica, como é a depressão, ou uma condição de saúde mental. Agora ela faz parte do capítulo – “Fatores que influenciam o estado de saúde ou o contato com os serviços de saúde” – ou seja, faz parte dos motivos pelos quais as pessoas entram em contato com serviços de saúde, mas que não são classificadas exatamente como doenças.
O burnout é um transtorno psíquico com sintomas parecidos com os do estresse e da ansiedade, com uma diferença: ele tem relação com nossa vida profissional. E, segundo a OMS, refere-se especificamente a questões relacionadas ao contexto ocupacional. Não é uma doença e não é um transtorno mental, mas é o resultado do esgotamento provocado pela sobrecarga de trabalho, de uma exposição contínua a situações de estresse no ambiente de atuação da pessoa.
Segundo pesquisa realizada pela consultoria KPMG, 85% das empresas pretendem adotar o modelo híbrido ainda este ano. A mudança na rotina traz preocupação com a saúde mental dos colaboradores e o tema entra na pauta novamente. Providenciar um ambiente saudável que traga segurança psicológica aos profissionais é a saída para que as equipes se adaptem e tenham alta performance.
Um novo mercado de trabalho aposta no equilíbrio e é responsabilidade das empresas criar um ambiente onde haja tempo para convívio em família, oportunidades, aprendizado e capacitação. Todos os temas sempre alinhados com o bem-estar dos colaboradores.
Nos últimos dois anos, muitos perderam seus empregos. Os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), que mostram quantas pessoas com deficiência estão empregadas, são de 2019, não temos números atualizados. Também precisamos do Censo do IBGE.
Profissionais contratados ou que permaneceram empregados trabalharam de casa. Colaboradores com deficiência também precisam de empresas que se preocupem com a saúde mental, que trabalhem as questões de vulnerabilidade, empatia, escuta. Pensar em soluções e adaptações que ajudem esse profissional com deficiência a exercer suas atividades com excelência e em equidade com outros colaboradores é primordial. Pensar em acessibilidade precisa estar no topo dessa lista, e tem tudo a ver com a criação de um ambiente seguro.
O que as empresas podem fazer para criar um ambiente saudável?
A primeira coisa é saber que saúde mental deve fazer parte do plano estratégico da empresa, e deve estar alinhado com a cultura organizacional. Na construção de um ambiente saudável o diálogo é o primeiro passo. A empresa precisa estar aberta a ouvir o colaborador, saber suas dificuldades, medos, aflições, dúvidas, a ver cada um como prioridade.
Oferecer palestras, promover rodas de conversas, debater ideias e soluções, programas de assistência psicológica, serviço social, consultoria financeira e jurídica. Programas de cuidado emocional, práticas de mindfulness, atividades físicas, ginástica laboral, cursos e benefícios corporativos são ações que certamente vão ajudar.
Além de fazer parte da estratégia, pensar na totalidade do ser humano é responsabilidade de empresas preocupadas com a diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade. São empresas que prezam pelo sentimento de pertencimento e de propósito. Criar ambientes saudáveis com benefícios capazes de tornar essas pessoas mais fortes e resilientes é o que vai dar vida à empresa!
Fonte: São Paulo São