Com o clima mais quente e as tradicionais chuvas de verão, é comum o acúmulo de água em muitos locais, o que pode facilitar a proliferação de doenças como dengue, zika e chikungunya, causadas pelo mosquito aedes aegypti. No entanto, a própria população pode contribuir para evitar que a água fique parada em suas casas, se tornando possíveis criadouros, assim como os condomínios residenciais e locais com grande concentração de pessoas.
O mosquito aedes aegypti gosta de locais com sombra e água limpa, por isso devemos eliminar todos os lugares com características semelhantes. Um estudo da Fundação Nacional da Saúde (FUNASA) apontou que 90% dos focos da dengue não estão em ruas ou esgotos, mas em jardins ou residências (casas e prédios). Esses ambientes possuem um ambiente favorável para o surgimento de focos da doença por causa da variedade de locais onde o mosquito transmissor pode se reproduzir, como lajes, calhas, piscinas, marquises, ralos, caixas d ‘água, canteiros e fosso do elevador.
O síndico tem um papel fundamental no combate à dengue e sua responsabilidade é zelar pelas áreas comuns do condomínio para garantir que todos os objetos que podem acumular água sejam cobertos e/ou removidos. A melhor forma para evitar a proliferação da doença é conscientizar os moradores e funcionários sobre a importância de adotar medidas de prevenção dentro e fora do condomínio.
Ronaldo Coelho Netto, vice-presidente administrativo do Secovi Rio, acredita que as palavras-chaves para o combate à dengue são prevenção e comunicação. “Síndicos e funcionários devem procurar, com muito zelo, possíveis logradouros de proliferação de mosquitos. A vistoria preventiva em todas as áreas comuns do condomínio é uma das formas mais eficazes para combater a dengue”, afirma.
Além da vistoria constante, Ronaldo acredita também que pequenos reparos e a manutenção preventiva podem combater o aparecimento de mosquitos. “Uma telha quebrada pode causar uma pequena infiltração no telhado ou no jardim, por exemplo, e acumular água. Se colocarmos no local da poça um cimento para nivelar o piso já resolvemos o problema. Esse trabalho deve ser feito com frequência, principalmente depois das chuvas”, opina.
No condomínio Villas Verdes, no Rio de Janeiro, a síndica Malba Pereira está sempre atenta à limpeza das áreas comuns para evitar o acúmulo de água, principalmente nesta época do ano. “Nossa preocupação com a dengue é constante, principalmente pelo fato de o condomínio estar localizado próximo a uma mata, onde a concentração de mosquitos e outros insetos é ainda maior. A equipe de funcionários faz a limpeza de todos os cantos das áreas comuns pelo menos três vezes durante a semana e no início do ano contratamos uma empresa especializada no serviço de fumacê. Procuramos também conscientizar os moradores com avisos espalhados pelo condomínio e em reuniões de assembleia sobre o acúmulo de água, especialmente nas varandas das unidades”, explica a síndica.
O vice-presidente do Secovi Rio concorda e afirma que o trabalho de combate à dengue não deve se resumir apenas às áreas comuns. “Um prato de planta com água acumulada na janela já é o suficiente para virar um criadouro de mosquitos e prejudicar o condomínio inteiro”, explica Ronaldo. “Acredito na comunicação e minha dica para síndicos e administradores é promover campanhas de conscientização no prédio. Dê exemplos de como combater a dengue, faça com que todos os moradores se preocupem com este combate. Esse não é um trabalho isolado, mas sim de todos nós”, finaliza.
Doença
Transmitida pelo mosquito aedes aegypti, a dengue é uma doença viral que se espalha rapidamente no mundo. Segundo informações do Ministério da Saúde, nos últimos 50 anos, a incidência aumentou 30 vezes, com a expansão geográfica para novos países e, na presente década, para pequenas cidades e áreas rurais. É estimado que 50 milhões de infecções por dengue ocorram anualmente e que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas morem em países onde a dengue é endêmica. No Brasil, o maior surto ocorreu em 2013, com cerca de 2 milhões de casos notificados.
De acordo com o Boletim Epidemiológico de Monitoramento dos casos de Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, de julho a setembro de 2020 foram notificados 931.903 casos prováveis (casos confirmados e/ou suspeitos) de dengue no país. A distribuição dos casos prováveis de dengue no Brasil, por semanas epidemiológicas de início dos sintomas, demonstra que a curva epidêmica dos casos prováveis no ano corrente ultrapassa o número de casos do mesmo período para o ano de 2019.
Para o médico infectologista, Armando Nogueira, é importante estar atento aos sintomas. “Febre alta, fortes dores de cabeça, dor atrás dos olhos, e em toda a musculatura, tontura, cansaço e perda de apetite são os sintomas mais comuns da dengue, e as formas mais graves são as hemorrágicas, que podem ocasionar sangramento pelas gengivas, pele e intestino. Para estes casos a procura por uma unidade de saúde é urgente”.
O médico acredita que as medidas de educação adotadas pelas secretarias de saúde estaduais e municipais ajudam no combate à doença, mas as ações realizadas pela própria população dentro de suas casas são fundamentais. “Não adianta nada cuidar do seu quintal se o seu vizinho não tem o mesmo cuidado e deixa água parada por toda parte. Este é um esforço coletivo já que a doença pode atingir qualquer pessoa”, esclarece.
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Por: Juliana Marques