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Mobilidade urbana: condomínios podem ajudar

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 13/06/2024

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Com o aumento populacional nas grandes cidades, a busca por alternativas sustentáveis e eficientes para a mobilidade urbana torna-se cada vez mais urgente. Incentivar o uso de transporte público, bicicletas e caronas não só ajuda a desafogar o trânsito, mas também melhora a qualidade de vida dos moradores, reduzindo a pegada de carbono e promovendo uma convivência mais saudável e harmoniosa.

 

Nesse contexto, os condomínios podem desempenhar um papel essencial ao adotar práticas que incentivem essas formas de locomoção, contribuindo para um futuro mais sustentável.

 

Doutora em Planejamento Urbano e Regional, a arquiteta e urbanista Eliana Miranda afirma que, quando o assunto é mobilidade urbana, o país tem muitos desafios a serem superados. Poucas cidades possuem conexões entre os diferentes modais de transporte. No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, não há conexão entre os aeroportos e o metrô ou a rodoviária. Além disso, é urgente a necessidade de regulamentação dos transportes por aplicativo, que, devido à deficiência do transporte público, acabaram dominando a cidade. Isso aumentou significativamente o número de carros nas ruas e, consequentemente, os congestionamentos.

 

“Em 2021, havia cerca de 300 mil motoristas de aplicativo no Rio de Janeiro e aproximadamente 563 mil em São Paulo. Em comparação, o Rio de Janeiro conta com apenas 32 mil motoristas de táxi, cujo cadastramento é responsabilidade do poder público municipal. Além disso, há a proliferação dos mototáxis. Portanto, sem esse controle, qualquer tipo de planejamento viário nas cidades se torna inviável”, comenta.

 

Os condomínios podem ser aliados neste sentido. Quando têm um número expressivo de moradores, por exemplo, é possível promover transportes coletivos pela cidade. Podem investir, ainda, em vagas de estacionamento de veículos, retirando carros estacionados das ruas, e em bicicletários.

 

Na avaliação da especialista, pouco tem se avançado nas políticas públicas de transporte no Brasil. No entanto, percebe-se um aumento gradual do interesse das gestões públicas na implementação de ciclovias nas cidades. Este é um aspecto fundamental no atual debate sobre mobilidade urbana sustentável no mundo. Em Paris, por exemplo, houve uma redução drástica do número de automóveis nas ruas, favorecendo a circulação de bicicletas. Além disso, a cidade possui uma malha metroviária impressionante.

 

“Paralelamente, o combustível fóssil está sendo substituído pelo motor elétrico, prometendo uma energia mais limpa e econômica. No entanto, ainda há discussões sobre como lidar com as longas distâncias necessárias para carregar a bateria desses veículos. Com o aumento da circulação de veículos elétricos nas cidades, é provável que ocorra uma mudança de paradigma, alterando a forma como lidamos com os carros em relação às nossas necessidades, especialmente para longas distâncias. Talvez isso impulsione o reinvestimento no transporte ferroviário, incluindo trens de alta velocidade, como ocorre em países centrais”, comenta.

 

Tecnologia é uma aliada no tema

O mapeamento do trânsito em tempo real tem sido uma grande ajuda no controle e monitoramento do transporte público e individual, aponta a arquiteta e urbanista Eliana Miranda. Ela destaca que os aplicativos de transporte também trouxeram novas facilidades à vida urbana, permitindo que, com apenas alguns cliques, se consiga um veículo para o destino desejado.

 

“A tecnologia nos favorece ao organizar as funções do cotidiano, incluindo a programação do transporte, seja ele coletivo ou individual, de acordo com a capacidade do trânsito e os horários de funcionamento, especialmente no caso do transporte coletivo”, diz.

 

Ela ressalta ainda que o aumento do transporte individual tem se mostrado inviável para a circulação nas grandes cidades. No entanto, essa é uma cultura que persiste no desejo de consumo das pessoas em geral, corroborada pela ineficiência do transporte público coletivo.

 

“As novas gerações já não desejam tanto um veículo próprio quanto as gerações passadas. Isso se deve ao aumento dos preços dos veículos, aos grandes congestionamentos e à compreensão da necessidade de reduzir a poluição e preservar o meio ambiente, aliada a uma qualidade de vida mais saudável. Essa mudança cultural pode nos levar, de fato, a pressionar mais as gestões públicas a promoverem um transporte público de qualidade para curtas e longas distâncias, além de dotar as cidades de ciclovias que conectem importantes pontos em toda a cidade, e não apenas nas áreas de lazer como tem ocorrido.”

 

Infraestrutura para ciclistas no Rio precisa ser melhorada e fiscalizada, avalia cicloativista

 

O cicloativista Guaraci M. de Almeida Junior atua desde 2015 na defesa das agendas de mobilidade sustentável no subúrbio e para a população pobre e de favelas do Rio de Janeiro. Ele destaca que, de acordo com uma pesquisa da Transporte Ativo/CEBAPE, a maioria dos ciclistas cariocas são pobres, utilizam a bicicleta para ir ao trabalho e geralmente combinam com um ou mais modais de transporte público, mesmo sem ter infraestrutura adequada na maioria das vezes.

 

Na visão dele, a estrutura de ciclovias e ciclofaixas no Rio atualmente é grande, mas mal cuidada e sinalizada, voltada muito mais para o lazer do que para o transporte.

 

“Muitas vezes, não é planejada adequadamente, pois, além de não considerar quem usa a bicicleta como meio de transporte, frequentemente é feita de maneira improvisada, para afetar o mínimo possível o trânsito de carros, resultando em pouca ou nenhuma efetividade para quem pedala. Além disso, a infraestrutura não é respeitada, pois a prefeitura não reprime motoristas que estacionam seus carros em cima das ciclovias e não costuma colocar segregadores efetivos na maioria das ciclovias existentes, tornando-as muitas vezes inócuas.”

 

Guaraci aponta que existem medidas que poderiam ser tomadas pelo poder público para incentivar o uso de bicicletas pela população. Entre elas, a redução das velocidades máximas e o cumprimento rigoroso das regras do Código de Trânsito Brasileiro, que protegem o uso da bicicleta em vias públicas; maior utilização de redutores de velocidade e ações de planejamento urbano que dificultem a circulação em altas velocidades; e aumento do número de radares e reboque de veículos que ocupem ciclovias.

 

Além disso, deve haver uma maior disponibilização de bicicletários seguros e gratuitos em pontos estratégicos, como pontos de ônibus, estações de transporte público, escolas e clínicas da família.

 

Por: Gabriel Menezes

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