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Bicicletas: do lazer de fim de semana à revolução na mobilidade urbana

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 22/12/2020

Mulher de máscara pedalando uma bicicleta em parque
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Em tempos de pandemia, um meio de transporte vem crescendo a largas pedaladas nas principais capitais brasileiras: as bicicletas. Mesmo com todas as restrições impostas para limitar o contato físico e conter o avanço do contágio do vírus, muita gente ainda precisa sair na rua e se deslocar até o trabalho e as “magrelas” acabam sendo uma opção bem mais segura em termos de saúde. A própria Organização Mundial da Saúde recomenda o seu uso em seu site e em materiais oficiais de conscientização da COVID19.

E esse aumento se reflete de muitas formas na mobilidade urbana. Com a crescida no uso das bikes, o trânsito diminui, a quantidade de carros nas ruas também, a poluição… Fora que a bike ainda contribui para o bem-estar e a qualidade de vida de quem a utiliza. 

De acordo com um estudo da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas, a Aliança Bike, em maio e junho de 2020, as compras de bicicletas dobraram no país em comparação ao mesmo período de 2019, aumentando 118%. Em agosto, o aumento foi de 93%. Segundo a pesquisa, feita com cerca de 40 associados, o crescimento é um reflexo da mudança impulsionada pelo vírus no estilo de vida da população. No comércio on-line, os resultados também foram satisfatórios para o setor: no Mercado Livre, as vendas de peças categorizadas como “ciclismo” aumentaram 88% de abril a junho, e na Netshoes, o crescimento foi de 80% no mesmo período, ambos em comparação a 2019.

A necessidade de locação sem aglomeração despertou o interesse pelas bicicletas 

Mulher de óculos e máscara ensina criança a andar de bicicleta
Vanda é professora de bicicleta, em Brasília, e ensina crianças e adultos a pedalar

Na capital do país, Vanda Ferreira da Silva, que dá aulas de bike desde 2017, viu a quantidade de pedidos por aulas crescer. “Parei com as aulas de março a maio, e em junho, com todas as medidas de segurança, fui voltando aos poucos. De julho a novembro, se comparar com o mesmo período de 2019, tive um aumento na procura por aulas de 40%”, explica ela, que dá aulas para crianças, mas que também começou a receber muitos contatos de adultos e pessoas idosas que aproveitaram a época para aprender a andar de bike, apostando no novo meio de transporte no Distrito Federal, que tem uma das três maiores malhas cicloviárias do país, com 553 quilômetros de faixas para bicicletas em 28 regiões administrativas.

“Alguns relataram que aproveitaram a oportunidade para realizar um sonho de criança, que era aprender a andar de bicicleta, mas a maioria dos alunos relata que, nessa retomada, e com o relaxamento das medidas restritivas de distanciamento, consideram a bike um meio de transporte mais seguro e que possibilita andar por lugares com pouca movimentação de pessoas, além de ser uma boa atividade física ao ar livre, mostrando também uma preocupação com a saúde nesse momento tão delicado”, conta a empenhada professora. 

Já no Rio de Janeiro, a designer de joias Iriana Tortori, moradora de Copacabana, já gostava de pedalar, no entanto, na maior parte do tempo, a bike ficava guardadinha na garagem. Com a pandemia e as medidas restritivas, ela percebeu que a magrela poderia ser uma alternativa como meio de transporte mais seguro, e ainda dar uma “mãozinha” no seu trabalho. Mãozinha essa que, aos poucos, virou ferramenta diária e parte do seu dia a dia.

Mulher com capacete em cima de uma bicicleta em frente à praia
A designer de jóias, Iriana, transformou o lazer em meio de transporte oficial para facilitar o trabalho

“Eu forneço jóias para algumas lojas da região. E quando o comércio voltou a abrir, logo me dei conta de que a bike poderia ser muito mais segura do que usar transporte público ou Uber”, conta Iriana, que lembra da primeira vez que foi fazer uma “entrega” de bike: “Eu tinha que fazer um trajeto de Copacabana ao Jardim Botânico (são mais ou menos cinco quilômetros). Pensei que ia ser bem pesado. Mas quando eu fiz, vi que foi super rápido e seguro pela ciclovia. Então, a partir desse momento, eu decidi usar a bike como meio de locomoção para o trabalho e também como lazer”, relata a designer, que adotou definitivamente a bicicleta em sua rotina. Agora, Iriana “só vai de bike”. 

“Eu procuro andar de bicicleta em todos os trajetos que tenham ciclovia. Digamos que, em 90% das vezes que vou às lojas, uso ela, porque tem ciclovia e trechos seguros. A bike entrou com tudo na minha vida. Foi a melhor coisa que me aconteceu nessa pandemia”, conta a profissional, que em sua jornada de pedaladas, conheceu ainda um grupo de ciclistas e não solta mais a magrela, tanto que ano que vem, vai participar da etapa carioca da famosa prova Tour de France.

O uso da bicicleta pelo mundo

Por todas as vantagens para a mobilidade urbana e para a Saúde Pública, o uso de bicicletas tem recebido diversos incentivos ao redor do mundo, principalmente agora, no “pós-coronavírus”. A França, por exemplo, anunciou em julho um pacote de 20 milhões de euros de incentivo para a utilização de bikes nas ruas de Paris, que serão convertidos em novas ciclovias, pontos de apoio e de estacionamento. Já a Itália também anunciou um investimento ainda maior: 120 milhões de euros na mobilidade sustentável do país ainda este ano, incluindo o bônus para compra de bicicletas, e-bikes e veículos elétricos de micromobilidade. 

Os investimentos são uma estratégia governamental para diminuir aglomerações e o uso do transporte público. De quebra, diminuem também as emissões de poluentes.

Quer ainda mais motivos para andar de bike? Que tal o preço? As bicicletas custam de R$300 a R$5 mil, em média. Em sites de busca e de venda pela internet, é possível achar bons modelos, muito seguros, e por preços bastante acessíveis. Parece que o mundo pós-pandemia será um mundo que se movimenta em duas rodas. E não se esqueça, se for andar de bike, além do capacete, use máscara.  

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