Empreendedorismo ganha destaque no Brasil
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 04/05/2021
Mercado de Trabalho
O Brasil atingiu o recorde de empreendedores de sua história em 2020. Ao longo do ano passado, foram registrados mais de 11,3 milhões de microempreendedores individuais (MEIs) ativos, número 20% acima do verificado em 2019. Dados do Sebrae confirmam que aproximadamente 25% da população adulta adota o empreendedorismo como formato de trabalho.
A crise político-econômica que já vinha assolando o país há alguns anos se agravou com a pandemia do Novo Coronavírus e hoje, segundo informações atualizadas do IBGE, é responsável por uma taxa de desemprego superior aos 14%. Nesse contexto, empreender deixou de ser opção e passou a ser necessidade para milhões de brasileiros. Para muitos deles, abrir seu próprio negócio foi a única alternativa viável de geração de renda nesse período.
“O número de empreendedores tem aumentado consideravelmente ano a ano. Nosso país ainda é carente de bons negócios e de inovação, o que julgo ser interessante para absorver esse aumento. É fato que, com a elevada concorrência, muitos perdem seu espaço. Desta forma, ter diferenciais competitivos credencia os microempreendedores para primeiramente conseguir sobreviver no mercado e, com o tempo, se destacar”, afirma Luiz Felipe Navarro, consultor de Negócios com foco em Marketing do Sebrae-SP.
Um mundo de desafios
O cenário adverso impôs desafios mesmo para empreendedores experientes, que atuavam no mercado há algum tempo. Com a necessidade de isolamento social e a adoção de outras medidas restritivas, muitos tiveram de reinventar sua atuação no digital, tarefa nem sempre das mais fáceis. Estudos do Sebrae apontam que as micro e pequenas empresas que mantiveram em alta suas vendas foram justamente aquelas que conseguiram comercializar seus produtos e serviços por meio de canais digitais, como sites, redes sociais e aplicativos específicos durante a pandemia.
Mesmo antes dela, empreender nunca foi para os fracos. Se, por um lado, o empreendedor tem a prerrogativa de trabalhar com o que gosta, flexibilizar seus horários e é autônomo para mudar os rumos de seu negócio, por outro, ele é obrigado a lidar com riscos e responsabilidades que um emprego formal não exige.
“Elevada burocracia, alta taxa de impostos e a pequena experiência na arte de empreender são fatores limitantes para os empreendedores. Além disso, o excesso de atividades atrapalha bastante na melhor condução das tarefas. Normalmente, a grande maioria trabalha sozinho ou com pouquíssimos números de colaboradores, o que deixa o trabalho mais árduo”, pontua o consultor do Sebrae-SP.
Por onde começar?
Essa era a principal dúvida de Felipe Lima. Há seis anos atuando na área comercial, Felipe viu a empresa onde trabalhava ter queda de 90% no faturamento com o início da pandemia. “Isso me fez correr atrás de uma saída; o foco era eu ser meu próprio chefe, conquistar minha própria renda e ajudar pessoas a verem que isso é totalmente possível”.
A falta de conhecimento e a baixa disponibilidade de recurso financeiro foram os principais entraves. Além disso, Felipe precisou lidar com a descrença de parentes e amigos: muitos duvidam que trabalhar com a Internet pudesse, de fato, gerar renda.
Um ano depois, o profissional já tem mais de 18 mil seguidores nas redes sociais, onde ajuda pessoas a montarem o seu próprio negócio digital. “Comecei em casa mesmo, estudando e procurando saber como funcionava o mercado digital. Hoje faço mentoria e vivo disso”, conta o empreendedor.
Partir do zero também foi o maior dos desafios de Karina Rabahy. Formada em Design de Moda, a paulista sempre teve o desejo de abrir sua própria empresa. Há três anos, decidiu criar a Cruci, uma loja de roupas que tem a proposta de Sustentabilidade como diferencial.
“Ter meu próprio negócio era um sonho tão grande que, quando comecei, não cheguei a estudar a viabilidade da minha marca. Sempre tive o pensamento que eu iria fazer de tudo para que ela fosse além do papel. Mas, em 2020, vi essa necessidade e comecei a fazer pesquisas mais profundas e, aí sim, consegui comprovar a viabilidade da empresa. Isso foi importante para eu me planejar melhor para dar os próximos passos”, disse Karina.
“É primordial analisar o mercado em que irá se inserir. Verificar o que já existe, suas deficiências e, ao mesmo tempo, entender quem será o público-alvo a ser alcançado. A partir disso e com essas informações, planejar as etapas da empresa propriamente dita. Ter conhecimento e amor pelo que irá trabalhar ajuda — e muito — no dia a dia, deixa mais suave” orienta o consultor do Sebrae-SP, Luiz Felipe Navarro.
Luiz também pontua a importância de o negócio ter o foco no cliente. “É importantíssimo o foco estar voltado para o consumidor e, assim, criar uma marca forte. Ter um bom nome, um bom logotipo e usar e abusar dos canais de marketing. É preciso estar em evidência”.
Capacitação, o passo primordial
Um dos dados mais assustadores para quem empreende é o de falências. Seis em cada dez empresas fecham nos primeiros cinco anos de atividade. 50% dos micro e pequenos empreendimentos acabam fechando as portas por inadimplência, falta de capital e falta de lucro.
Para fugir das estatísticas, a palavra de ordem é capacitação. Estudar é uma das atividades principais — e ininterruptas — de um empreendedor. “Fiz um treinamento on-line; depois disso, continuei estudando e aprendendo com algumas referências do mercado digital. Atualmente, continuo me especializando, agora na área de anúncios online”, conta Felipe Lima.
“Uma dica é estudar casos de sucesso dentro da sua área de atuação, saber mais como outras empresas fizeram pra chegar onde estão. Isso vai ajudar o empreendedor a descobrir em qual área sente mais necessidade de ter conhecimento e, então, ir atrás de cursos de capacitação”, aconselha Karina.
Luiz Felipe Navarro lembra que a qualificação deve focar tanto no aperfeiçoamento técnico da empresa como na gestão do negócio. “É preciso estar atualizado com as ferramentas de finanças, marketing, planejamento, inovação, gestão de pessoas. Os processos devem tornar o risco menor e tornar as ações mais assertivas e colocar a empresa em um espaço de vantagem competitiva no mercado”, finaliza.
Por: Aline Durães