Juliana Marques
As pastilhas são ótimas opções de acabamento tanto para áreas internas como para áreas externas do condomínio. Muito utilizada por decoradores e arquitetos, elas proporcionam um colorido especial para os ambientes. Além da beleza, praticidade e durabilidade do revestimento, as pastilhas podem ser encontradas de diversos tipos, mas, quando especificadas para o acabamento de fachadas, por exemplo, é preciso ter atenção e cuidado, já que não é qualquer tipo de pastilha que pode ser aplicado em paredes externas.
Um dos revestimentos mais tradicionais
A principal característica das pastilhas é o tamanho pequeno, deixando um aspecto quadriculado. Assim como os azulejos, elas também podem ser encontradas em formatos alternativos, como retângulos e hexágonos. Para facilitar o manuseio e o assentamento, as pastilhas costumam ser fabricadas em telas que unem as pequenas peças, mas é possível aplica-las separadamente. Atualmente, existem diversos tipos de pastilhas no mercado, opções como porcelana, cerâmica, vidro, metal ou até mesmo madeira são facilmente encontradas em lojas especializadas.
Bonitas e versáteis, as pastilhas são uma alternativa na hora de revestir novas fachadas ou revitalizar antigas, porém, este é um dos processos mais complexos que os síndicos enfrentam nos projetos de retrofit, porque além da fachada ser considerada o cartão de visita do edifício, ele precisa estar atento às características técnicas do local antes de qualquer tipo de alteração.
Todo o processo, desde a escolha do revestimento até a efetiva execução, deve ser auxiliado por empresa ou profissional qualificado. É importante solicitar um laudo expedido por um engenheiro civil ou arquiteto capacitado e que sejam feitos orçamentos com as empresas especializadas em reformas prediais.
Segundo a arquiteta e urbanista, Beatriz Nogueira, os maiores benefícios da utilização de pastilhas são a durabilidade do material e o aumento da proteção hidrotérmica para as fachadas. Além disso, há o fato de, em reformas, possibilitar a revitalização de imóveis já considerados antigos. “Hoje existe uma variedade muito grande de produtos que podem se adequar da melhor forma de acordo com cada tipo de empreendimento conforme a altura, o tipo de área a ser coberta, a possibilidade de manutenção e outros fatores. Apesar da enorme gama de vantagens na utilização das pastilhas, é preciso ter atenção e cuidado na hora de especificar esse revestimento. As principais empresas existentes no mercado criaram linhas específicas para fachadas, com características técnicas adequadas ao local de instalação e ao processo de assentamento”, comenta.
Na hora de reformar, antes de tudo, é importante ver a disponibilidade de pastilha no mercado, pois alguns anos após a entrega ou reforma do condomínio, as peças utilizadas podem não ser mais fabricadas. Ao comprar o material é importante estar atento em adquirir uma quantidade a mais do produto – cerca de 10% – caso precise de algum reparo no futuro. Para evitar lotes complementares com tonalidades diferentes do utilizado na obra a dica é procurar museus de revestimentos ou entrar em contato com a empresa fabricante, vendo a disponibilidade, caso seja necessário, de produzir novamente as pastilhas.
Tipos de pastilhas
Existem muitos tipos de revestimentos, desde os tradicionais aos modernos, que atendem a diversos gostos e bolsos. O que vai definir a especificação do produto é a natureza do ambiente e a finalidade do revestimento. Os revestimentos cerâmicos, por exemplo, são produzidos há mais de 10 mil anos, porém, hoje compõem um leque enorme de opções. As pastilhas mais usadas em fachadas são as pastilhas cerâmicas e de porcelana, são mais populares, econômicas e de fácil manutenção, mas existem também muitos projetos com pastilhas de vidro que apresentam brilho e exibem profundidade quando expostas à luz, porém, podem custar cerca de 2 ou 3 vezes a mais que as demais, dependendo da marca e do modelo. Como essas são mais caras, acabam sendo utilizadas em ambientes internos ou apenas em detalhes. Todos esses materiais possuem vida longa. Apesar de ficarem expostos à umidade e ao tempo suportam bem a ação da água e da iluminação.
Na opinião da decoradora Liara Avellar, elas podem ser usadas em áreas internas e externas, “o tamanho das placas varia de acordo com o tamanho das pastilhas, que são assentadas com argamassa especial e rejuntadas posteriormente. É uma opção versátil, pois está disponível em diversos tamanhos, formas, cores, estilo e texturas. Podem servir para revestir áreas interna ou apenas como adornos em áreas externas”, explica.
As pastilhas cerâmicas também são mais econômicas, pois são comercializadas por preços bastante acessíveis, ainda mais se forem adquiridas em grandes quantidades. “Gosto de trabalhar com revestimento em pastilhas, pois ele requer menos manutenção que os demais, como pinturas ou argamassas decorativas, por exemplo. Ele tem boa facilidade de limpeza, na maioria das vezes basta utilizar apenas um pano limpo, água e sabão neutro, sendo o suficiente para deixar tudo com cara de novo, livre de manchas, pó ou qualquer outro tipo de sujeita”, opina a decoradora.
Em projetos de retrofit de fachada a tendência de mercado hoje é a utilização de técnicas aeradas ou ventiladas, ou seja, processo no qual as placas de cerâmica são colocadas através de fixadores metálicos e apresenta significativa melhora do conforto térmico e acústico, maior durabilidade, estanqueidade, e possibilitam a utilização de peças de maiores formatos. “A tendência hoje é de cada vez mais se utilizar as fachadas ventiladas, já que o uso de pastilhas aumenta a proteção a intempéries e proporciona maior conforto térmico, pois absorvem menos água e sua espessura é maior do que a superfície que recebe apenas pintura” esclarece Beatriz Nogueira, que ainda lembra que as pastilhas cerâmicas colocadas em fachadas devem possuir todas as características técnicas exigidas pela NBR 13818 – que exige que os materiais empregados em paredes externas tenham absorção de água igual ou menor que 6% e ISO 13006, e, além disso, devem estar de acordo com a norma NBR 15.575, em que todos os materiais de fachada devem atender aos parâmetros estabelecidos de qualidade e segurança das obras e edificações.
O síndico deve estar atento, pois se por um lado há economia ao se evitar pinturas constantes, por outro, a manutenção pode trazer problemas como o deslocamento de peças, quebra, acúmulo de água nas juntas ou até mesmo a falta de material para reposição. Neste caso, a manutenção preventiva é fundamental para evitar problemas como esses.
Manutenção
Os profissionais destacam a manutenção preventiva como o melhor caminho, pois tem um custo inferior bem menor à manutenção corretiva e salientam a importância de estar atento ao tipo de material, já que cada sistema tem suas especificidades. As fachadas revestidas com pastilhas devem estar sempre em dia com a manutenção, seja no processo de limpeza ou na detecção de algum eventual problema. Seguir a orientação dos fabricantes para o tempo de substituição dos rejuntes, além da limpeza e tipo de produtos neutros a serem aplicados, sempre por uma equipe especializada, são soluções que auxiliam na manutenção preventiva.
Para a arquiteta Beatriz Nogueira, as manutenções podem reduzir os custos de futuras reformas. “A manutenção é fundamental para preservar as características originais do revestimento, garantindo vitalidade e segurança já que os edifícios estão submetidos a contextos urbanos onde a dilatação térmica, umidade, ação dos ventos e vibrações advindas do trânsito ou obras próximas são fatores que agridem os revestimentos”, conclui.
Problemas mais comuns
O deslocamento de pastilhas é a manifestação mais séria devido ao risco de acidentes e aos elevados custos necessários para o reparo. Quando há um incidente com o deslocamento a primeira providência a ser tomada é isolar a área, pois a queda de peças pode atingir as pessoas.
Sem a manutenção periódica as pastilhas podem sofrer deficiências com o tempo. Segundo os especialistas o primeiro sinal dessa patologia é a ocorrência de som oco nas placas cerâmicas quando percutidas, e sua causa está associada à perda de aderência entre alguns dos elementos que compõem a fachada.
Podem acontecer ainda acúmulos cristalinos de cor esbranquiçada e aspecto escorrido que surgem na superfície do revestimento, resultantes da infiltração de água, comprometendo a estética e podendo provocar degradações profundas. Outros problemas são as manchas e bolores provocados por infiltrações frequentes associadas aos deslocamentos e desagregação dos revestimentos ou a porosidade do material, e até mesmo a sujeira acumulada em calhas ou parapeitos.
É possível ocorrer ainda trincas e fissuras em razão de esforços mecânicos de tração, que causam a separação das placas e surgem normalmente nos primeiros e últimos andares do edifício. Menos frequente, a rachadura é o efeito formado por uma série de pequenas aberturas na superfície esmaltada das placas de cerâmicas dando aspecto envelhecido à fachada. Além das pastilhas é preciso estar atento à existência de fungos nos rejuntes que irão prejudicar a estética geral do edifício.
Seja qual for o problema, é importante contratar uma empresa ou profissional especializado para fazer uma avaliação técnica da causa dos problemas para só assim se definir uma solução e analisar os custos.