Como ficam os imóveis comerciais com a expansão do home office?
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 10/02/2021
Locação
Assim como diversos setores da economia, o mercado imobiliário vem sendo fortemente impactado pela pandemia do Coronavírus. Uma das consequências adotadas logo no início da crise foi a adoção do sistema de trabalho home office por muitas empresas. Algumas, inclusive, já anunciaram que a medida se tornará permanente, o que deixa um alerta para o segmento de imóveis comerciais. Em São Paulo, coração econômico do país, o setor já tenta analisar o que vem por aí e encontrar soluções.
De acordo com Adriano Sartori, vice-presidente de gestão patrimonial e locação do Sindicato do Mercado Imobiliário de São Paulo (Secovi-SP) – o maior da América Latina -, o segmento de escritórios foi fortemente afetado na cidade por conta da pandemia.
“Com a decretação do estado de calamidade provocada pela pandemia do novo Coronavírus, a adoção do home office foi imprescindível para barrar a disseminação da COVID-19. Muitas empresas tiveram que alterar suas estratégias de expansão ou relocalização devido à necessidade de contenção de custos operacionais o que, circunstancialmente, permitiu a alguns inquilinos maior poder de barganha em novas negociações”, comenta Sartori.
Segundo ele, o cenário tem sido ainda mais desafiador para as pequenas empresas ou aquelas que se enquadram nos setores mais afetados pelo fechamento de comércio e serviços, como o aéreo e de turismo. “Ao longo dos meses, com a retomada consciente das atividades econômicas, as empresas começaram a implantar os protocolos, garantindo o retorno gradual dos colaboradores aos escritórios com a devida segurança. Com os avanços ocorridos em torno da disponibilidade de uma vacina eficaz, é possível visualizar um novo cenário em que muitas empresas retornem à ocupação de seus escritórios, que deverão ser usados como um ponto de incentivo à inovação e à aprendizagem organizacional. Fatores esses que foram muito prejudicados pela adoção do home office”, aponta o vice-presidente.
Ele acrescenta que, mesmo antes da pandemia, muitas empresas já vinham adaptando os seus escritórios para um modelo híbrido: “Elas já conviviam com o trabalho remoto, transformando o local de trabalho num poderoso hub de inovação, atraindo suas equipes para um ambiente de encontro e disseminação da cultura da empresa. A pandemia acelerou este processo e muitas empresas começaram a repensar o conceito antigo e estático de um escritório convencional para um modelo dinâmico, com ênfase em locais que propiciem encontros e troca de experiências”, explica.
Acompanhamento de perto e possíveis soluções para a crise
Em São Paulo, o segmento vem discutindo o cenário e as possíveis soluções por meio de reuniões e encontros virtuais durante todo o ano. “No atípico ano de 2020, o Secovi-SP intensificou as ações destinadas a minimizar os impactos da pandemia. Dentre as mais importantes, destaque para a elaboração e a apresentação do protocolo de reabertura dos escritórios com medidas de contingenciamento no ambiente de trabalho, acompanhadas e aperfeiçoadas permanentemente ao longo dos meses”, afirma Adriano Sartori, vice-presidente de gestão patrimonial e locação do Secovi-SP.
Ele aponta que não existe uma única saída para lidar com o processo de transformação no setor que acabou acelerado pela pandemia: “No pós-pandemia, acreditamos que haverá uma nova dinâmica do mercado imobiliário, em que situações específicas de edifícios comerciais que tenham sofrido com um período prolongado de desocupação poderão ser adaptados como edifícios residenciais, objetivando uma melhor performance de vendas ou de locação. O que irá determinar se a mudança é válida ou não, será, principalmente, a localização do imóvel em que se privilegiam áreas com boa infraestrutura de transporte e significativa atividade econômica do comércio local para atrair novos inquilinos, além da arquitetura atual do edifício em que se possibilite ou facilite a conversão de comercial para residencial ou misto”, conclui.
Pandemia aprofundou uma crise que já existia no setor
Além das imobiliárias, as administradoras de imóveis também vêm acompanhando de perto as transformações provocadas pela pandemia no setor. De acordo com Marcelo Borges, diretor de condomínio e locação da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), ainda não é possível definir com exatidão a influência do trabalho em home office na ocupação dos imóveis comerciais.
“Hoje, temos uma elevada taxa de vacância, mas que se justifica por outros fatores como uma crise econômica ainda não estancada e o esvaziamento de algumas regiões. Por certo, algumas empresas diminuirão para sempre a metragem de ocupação por conta da experiência do teletrabalho, mas ainda é cedo para a definição de um percentual exato quando estivermos totalmente livres desse período pandêmico”, afirma.
Segundo ele, se confirmando a tendência da continuidade do home office em algumas empresas, a recuperação do setor será mais lenta: “Se isso ocorrer, o preço dessas locações ficará modulado ao cenário de oferta e procura até que possamos atingir um equilíbrio. Precisamos vencer esse período de pandemia para que tenhamos possibilidade de encorajar o empreendedor. Ainda vislumbramos dificuldades na rápida ocupação dos imóveis comerciais atualmente vazios, razão pela qual cremos que não haverá construção de novas torres corporativas nos próximos anos, até que tenhamos um equilíbrio na taxa de vacância. Para os próximos meses enfrentaremos um período de negociações, mas acreditamos que com o crescimento da economia podemos vislumbrar um horizonte otimista”, destaca o diretor da Abadi.