Izabele Caldas
No último dia 24 de janeiro, o auditório do Secovi, no Centro do Rio de Janeiro, foi palco para a apresentação da edição 2016 do Panorama do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro. Com o objetivo de estudar preços, ofertas, rentabilidade e o comportamento econômico da cidade, a Instituição lança a sétima edição do documento que é fonte imprescindível não apenas para empresários do setor mas por todos aqueles que se interessam pelo assunto.
A reunião ocorreu após um café da manhã, com a presença de empresários do setor imobiliário, o presidente do Creci e da imprensa. A apresentação ficou a cargo do presidente do Secovi, Pedro Wähmann, que iniciou as atividades mostrando os obstáculos enfrentados pelo mercado imobiliário no ano passado. Em seguida, o vice-presidente do Sindicato e também diretor superintendente da APSA, Leonardo Schneider, deu continuidade falando dos desafios para esse ano e as medidas adotadas para driblar a crise.
Para explicar os números que o mercado imobiliário carioca apresentou no ano de 2016, Pedro falou do delicado momento que a política nacional se encontra e o quanto afetou a economia. Segundo ele, os negócios ficaram fragilizados, e a população insegura de fazer investimentos. Os proprietários que não conseguiam vender já consideravam o aluguel como opção de renda.
Entretanto, nem tudo foi ruim: os meses das Olimpíadas trouxeram expectativas positivas, devido à chegada dos turistas e a criação do Boulevard Olímpico, resultando em um alívio para o setor e na melhoria dos indicadores, se comparados ao mesmo período de 2015.
Para avaliar melhor os números, o CEPAI (Centro de Pesquisa e Análise da Informação) realizou um estudo aprofundado do mercado para embasar o Panorama e apontar os novos rumos, traçando um comparativo dos exercícios anteriores com o intuito de indicar a ascensão ou a queda dos números.
De uma forma geral, o ano passado foi um ano de hesitação para a área comercial, tendo em vista a falência do Estado, as eleições municipais e os fatores políticos de esfera nacional que impactaram os planos do carioca, pois o aumento na economia decorrente dos Jogos não foram suficientes para contornar a crise.
No intuito de melhorar os resultados, o Secovi implementou algumas ações, como parcerias com instituições internacionais, promovendo troca de melhores práticas para contornar o ambiente desfavorável. Já existe a compreensão, no entanto, de que a melhora chegará aos poucos, logo é importante saber que será um ano de negociações mais lentas, entretanto de melhores perspectivas.
Leonardo Schneider apontou em sua apresentação alguns pontos que motivaram o declínio e cautela na aquisição e locação de imóveis, como a violência que cresce no de Rio de Janeiro, o atraso no salário dos funcionários do Estado, o que impede a movimentação da economia e o desemprego que já atinge a 12% da população.
Contou sobre as novas alternativas que as pessoas estão encontrando para reduzir os custos, como voltar à casa dos pais para alugar seus imóveis ou até mesmo para deixar de ter o gasto com a moradia, principalmente em locais de baixa renda na Zona Norte e Zona Oeste.
Desafios da APSA no cenário de recessão
A APSA também sofreu os impactos deste quadro, porém sempre buscou soluções em alternativas estratégicas para não prejudicar o andamento dos negócios. Seus profissionais buscam sempre otimizar a prestação do serviço para que os condôminos e síndicos não sejam afetados.
O Gerente Geral de Imóveis, Giovani Oliveira, explicou que o volume de disponibilidade de locação aumentou muito, o que fomentou a competitividade entre as imobiliárias, estimulando-as a buscarem soluções atrativas para conquistar clientes. Segundo ele, ao longo de 2016, a APSA investiu bastante em ferramentas de consolidação e gestão da informação. “Ter informações precisas é fundamental para um serviço de excelência aos proprietários e aumentar a velocidade de locação dos imóveis. O resultado disso fez com que o volume de locações apresentasse um crescimento em relação a 2016”, informa, acrescentando que no ano passado a empresa realizou o “1º feirão de imóveis APSA”, onde foram oferecidos aos candidatos a inquilinos vantagens que podiam chegar até ao não pagamento dos dois primeiros meses do aluguel. “Durante esta ação, os imóveis participantes tinham destaque na divulgação, e junto com os benefícios oferecidos foi responsável pelo aumento de 20% das locações no período. Aproveitamos também para simplificar e agilizar o processo de locação. Hoje temos um núcleo que cuida exclusivamente das rotinas de comercialização do imóvel e com isso o candidato a inquilino sai com o imóvel locado em, no máximo, 48 horas”, acrescenta. E para 2017, segundo Giovani Oliveira, a meta é investir ainda mais na área com a expectativa de retomada do mercado.
Gustavo Araújo, Gerente de Vendas da APSA, complementou explicando que, para o mercado de Vendas, o comportamento era previsível dada à complexidade do momento, entretanto elucidou a criação de oportunidades em meio à crise, negociando valores e auxiliando os clientes no momento da decisão de trocar seus imóveis por menores como saída para amenizar dificuldades financeiras: ‘’Percebemos impasses para fechar negócios, pois os proprietários vendedores não tinham muita abertura para negociação, mas já existe oportunidade de flexibilizar esses valores para não perder a venda. A troca de imóveis por outros menores por não conseguir manter o mesmo padrão de vida, ou mesmo utilizar a diferença do valor de venda também é uma opção requisitada’’.
Atuação do Secovi na estratégia da mudança
O Secovi Rio tem um papel fundamental na retomada do mercado, prestando consultoria jurídica especializada, acompanhando os projetos de lei que dizem respeito aos seus representados e provendo, por meio de análises estatísticas, a avaliação de melhores investimentos por parte de empresários e síndicos. Pedro Wähmann complementa: “Nossos levantamentos nos permitem entender que rumos tomar, quais as melhores decisões estratégicas, como orientar os clientes em relação ao mercado em geral etc.”, assegura. Além disso, desde 2004, o Sindicato possui a Unisecovi (Universidade Corporativa Secovi Rio), com o objetivo de profissionalizar os funcionários que atuam na área, para que trabalhem dentro das condições adequadas ao setor imobiliário.
Para 2017, apesar do cenário parecer inicialmente desfavorável, os números apontam para um crescimento de forma gradual. A expectativa de aumento do PIB, as novas frentes de negócios que estão se criando com a crise, como o novo hábito de empreender dos brasileiros e a compreensão dos proprietários da necessidade de movimentar capital por meio dos seus imóveis, trazem um ar novo para o setor.
Leonardo Schneider é otimista para os novos negócios nesses próximos meses, considerando as particularidades entre imóveis residenciais e comerciais, onde o último rentabiliza mais, porém é o que mais sente os impactos da crise. Por isso, segundo ele, um dos planos para reverter essa situação é se aproximar mais de cada região e compreender a particularidade de cada lugar. Motivo também pelo qual o Secovi optou em gerar um panorama mais específico em certos bairros, com dados e informações mais detalhadas. Para iniciar este trabalho, a região escolhida foi a Barra da Tijuca, sendo seguida posteriormente pela Zona Sul e Região Central.
A melhoria no cenário, segundo Leonardo, poderá ser sentida através de algumas medidas já noticiadas. Uma delas é a liberação do saldo das contas inativas do FGTS, que será importante não só para gerar renda e movimentar a economia, fortalecendo novamente o uso deste recurso para a aquisição de imóveis, mas também com a possibilidade de usar para o aluguel. Outro ponto seria a desburocratização de documentos para a aquisição ou locação de imóveis: “No Brasil ainda temos questões complicadas nessa parte documental, porém já fizemos muitos avanços, então acredito que com o passar do tempo isso tende a progredir ainda mais’’, conclui.