Sacadas: identifique os riscos de desabamentos
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 06/06/2023
Legislação
Recentemente fomos surpreendidos com o caso do desabamento das 13 sacadas de um prédio, em Belém. Esse desastre se soma a outra calamidade que impressionou o país em janeiro deste ano: o desmoronamento de seis sacadas de um prédio, em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Todos esses fatos ligam o sinal de alerta para os síndicos, zeladores e moradores de condomínios ficarem atentos aos sinais e riscos de despencamento dessa estrutura.
Conforme o Engenheiro Civil, João Augusto Souza, para realizar o diagnóstico dos efeitos de um desabamento desse porte é necessário primeiro entender o caso e buscar uma análise das possíveis causas do dano. “Deve ser estudado um elemento de corpo de prova extraído e refeitos os parâmetros de cálculo para determinar a verdadeira carga de utilização. Em seguida, determinar se houve contribuição de algum elemento como envidraçamento”, explica João sobre a investigação.
O especialista em Avaliação e Perícias informa que devemos ter cuidado com a utilização dessa estrutura. “Há 30 anos, os dimensionamentos de sacada e marquises eram diferentes dos atuais, e ainda não era incorporada à área de sala, por exemplo, transformando em uma sacada gourmet. Um bom projeto, boa execução e o controle de materiais é essencial para construir sacadas com segurança e de qualidade. É importante que os síndicos, zeladores e moradores fiquem atentos aos indícios de que o prédio apresenta quando está com a estrutura do prédio comprometida. A estrutura avisa quando há problemas como fissuração, corrosão e recalques. Ela atua mostrando ao longo do tempo problemas, por isso cabe somente atenção a estes sinais e tratarmos com seriedade. No caso de qualquer indicação de anomalias não habituais deverá ser consultado um profissional habilitado, seja um engenheiro ou arquiteto”, adverte João.
De acordo com a Engenheira Civil Condominialista, Elaine Araújo, embora as sacadas possam oferecer benefícios estéticos e funcionais, também apresentam desafios e preocupações de segurança que não devem ser ignoradas. Erros nas estruturas, má manutenção, problemas de impermeabilização, sobrecarga excessiva e instalação inadequada das grades de proteção são alguns dos fatores que podem provocar o desmoronamento de uma sacada. “Falhas estruturais, como dimensionamento inadequado e materiais de baixa qualidade, podem comprometer a estabilidade da sacada. A falta de manutenção adequada pode levar ao desgaste dos materiais estruturais, enquanto problemas de impermeabilização podem causar danos à estrutura. Uma sobrecarga excessiva na sacada também pode resultar em estresse além do limite seguro. A instalação inadequada das grades de proteção aumenta o risco de colapso da sacada. É fundamental seguir as normas e regulamentações, envolver profissionais qualificados e realizar inspeções e manutenção adequadas para evitar esse desastre”, explica Elaine.
A especialista fala que o síndico pode também impedir acidentes relacionados às sacadas nos condomínios, realizando inspeções regulares para identificar desgaste ou danos, mantendo um plano de manutenção adequada, garantindo o cumprimento das regulamentações de segurança, conscientizando os moradores sobre o uso seguro das sacadas e agindo prontamente em caso de problemas identificados. Essas medidas ajudarão a garantir a segurança das sacadas e a minimizar o risco de acidentes no condomínio.
A engenheira Elaine Araújo lista os principais riscos da construção de sacadas em prédios. Anote:
Segurança dos ocupantes: Uma das principais preocupações é a segurança dos moradores e visitantes. Sacadas mal projetadas, construídas de maneira inadequada ou com materiais de baixa qualidade podem representar um perigo significativo. Quedas acidentais podem ocorrer se as grades de proteção não forem resistentes ou não atenderem aos padrões de segurança adequados.
Manutenção e desgaste: As sacadas requerem manutenção regular para garantir sua integridade ao longo do tempo. As condições climáticas, como chuva, vento e exposição ao sol, podem causar desgaste dos materiais utilizados. É importante realizar inspeções periódicas e reparos adequados para evitar danos estruturais e potenciais acidentes.
Problemas de impermeabilização: A construção de sacadas pode aumentar o risco de problemas de impermeabilização. Se o sistema de impermeabilização não for projetado e executado corretamente pode ocorrer infiltração de água para as áreas abaixo das sacadas, o que pode causar danos estruturais e problemas de mofo e umidade.
Responsabilidade legal: A implementação de sacadas em prédios também envolve considerações legais. Os síndicos devem garantir que todas as regulamentações e normas de segurança sejam seguidas. Caso ocorra algum acidente ou incidente relacionado às sacadas, a responsabilidade legal pode recair sobre o condomínio e sua administração.
Manutenção predial
A manutenção predial é de extrema importância em condomínios com sacadas. Elaine destaca que a segurança dos ocupantes é garantida com inspeções e reparos regulares. “A integridade estrutural das sacadas e do edifício é preservada, evitando danos mais graves e problemas de impermeabilização são prevenidos por meio de verificações e reparos adequados. A vida útil das sacadas é prolongada com cuidados regulares como limpeza e reparos, e a valorização do patrimônio do condomínio é alcançada, uma vez que edifícios bem conservados e com sacadas em bom estado são mais atraentes para moradores e compradores em potencial. Assim, é essencial que o síndico e os moradores reconheçam a importância da manutenção e adotem práticas regulares para garantir a segurança e durabilidade das sacadas”, detalha.
A elaboração de um Plano de Manutenção Preventiva é essencial para a gestão adequada de um condomínio. A engenheira finaliza informando que isso se deve à preservação do patrimônio, redução de custos, aumento da segurança, prolongamento da vida útil dos equipamentos, e cumprimento de normas e regulamentações.
“Um plano adequado ajuda a evitar a deterioração prematura, identificar problemas antes que se agravem e reduzir custos com reparos e substituições. Além disso, a manutenção preventiva aumenta a segurança dos moradores ao verificar e manter sistemas elétricos, de incêndio, elevadores e escadas de emergência. Também contribui para o cumprimento das normas e regulamentações aplicáveis, evitando multas e problemas legais. Em resumo, um Plano de Manutenção Preventiva é uma ferramenta fundamental para uma gestão eficiente e sustentável do condomínio, proporcionando um ambiente seguro e funcional para os moradores”, conclui.
Fabiana Oliva