Entenda como a maresia pode ser um risco às construções litorâneas
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 24/01/2022
Infraestrutura
Você sabia que o litoral brasileiro possui 7.491 km de extensão, o que o torna o 16º maior litoral nacional do mundo? O Estado da Bahia é o que conta com a maior costa, de 932 km de praias, e o Piauí com o menor litoral, de apenas 60 km. E se formos analisar os seus extremos – do Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul, ao Cabo Orange, no extremo norte do Amapá – a diversidade é riquíssima. Formações rochosas, praias, dunas, ilhas, rios que desembocam no mar…
Sinais que podem salvar vidas
Toda essa fartura em ecossistemas culmina na predominância de um clima litorâneo úmido e quente, um ativo potente aos efeitos da maresia na vida das pessoas. Sim, porque o corpo humano também pode sofrer os efeitos da água do mar e do vento do litoral. Neste caso, podem até demandar cuidados especiais por conta do ressecamento comum da pele, mas não há dúvidas dos seus benefícios em nossos níveis de relaxamento e felicidade.
Já para as construções próximas a essa região, a situação é bem mais complicada. A maresia pode ser um inimigo perigoso, e se não for tratada com cautela pode ser capaz de gerar danos representativos não apenas às superfícies metálicas, mas até mesmo às estruturas de concreto, madeira, paredes e telhados.
Segundo Victor Santos, sócio-diretor da Jevic Engenharia, quando os sinais começam a aparecer já é um sinal de urgência. “Podemos identificar o impacto da maresia nas construções litorâneas através de fissuras, trincas e manchas alaranjadas nas estruturas em concreto armado, tendo em vista que o aço é um dos materiais que mais sofrem com a maresia. “Em alguns casos, ocorre até mesmo o desplacamento do reboco. A maresia é perigosa, pois ataca diretamente nas estruturas, podendo levar o edifício ao colapso”, explica.
Quem se lembra do desabamento parcial de um prédio de 12 andares no condomínio Champlain Towers South, em Surfside, perto de Miami, nos Estados Unidos? O caso aconteceu em junho de 2021 e causou a morte de pelo menos 98 pessoas. Reportagens da época trouxeram à tona a existência de um relatório datado de 2018, onde já eram apontados vários problemas estruturais, entre eles danos no concreto e nos vergalhões, provavelmente causados por anos de exposição à maresia corrosiva da costa do Sul da Flórida.
Como se proteger dos efeitos?
O episódio em Surfside, então, poderia ser evitado? Talvez. Mas o fato é que a indicação de todo especialista sempre é investir na manutenção preventiva. Victor explica como isso é realizado: “Consiste na realização de um teste de percussão em toda a área externa da construção. A partir daí, realizamos as devidas correções das trincas e fissuras, o tratamento das ferragens oxidadas e, em alguns casos, até mesmo a substituição dessas barras de aço por peças novas. Executamos as correções e aplicamos a manta líquida antes de uma pintura com dois a três demãos de tinta acrílica para exteriores”.
Estima-se que o alcance da maresia seja sentido em um raio de 5 km de distância do mar, apesar de sabido que essa constatação pode variar de um local para outro, em função de questões como topografia, parâmetros meteorológicos, bem como a direção e a intensidade dos ventos.
E como já estamos falando em prevenir melhor que remediar… O especialista Victor Santos explica que mesmo em edifícios em fase de construção é possível se antecipar na proteção a esse tipo de problema. “Geralmente, indicamos uma impermeabilização do concreto com aditivos impermeabilizantes e o aumento da área de recobrimento do aço para, no mínimo, 4cm, dando uma maior vida útil para toda a estrutura”, explica.
Outra solução possível é a utilização de revestimentos mais resistentes à maresia, como o granito. Na verdade, é bem comum encontrar no litoral edifícios com fachadas revestidas com esse material, que também demanda uma manutenção preventiva recorrente, tal como a instalação de novos pontos de ancoragem do granito junto à estrutura. E o que dizer da substituição de ferro por alumínio, madeira ou inox? Materiais bem mais resistentes à
Dentro de casa, os efeitos da maresia também podem ser um incômodo e tanto. Confira algumas dicas que separamos pra você:
- Limpe a casa com frequência usando pano úmido e sabão neutro. Isso faz com que a ação oxidante nas peças metálicas sejam reduzidas;
- Para móveis de madeira, use sempre óleo de peroba ou lustra-móveis, já em fórmica limpadores multiuso. Para os móveis expostos ao sol, a dica é aplicar verniz marítimo;
- O uso de desumidificadores também é bastante indicado em locais mais críticos à maresia;
- Nas dobradiças de portas, janelas e portões aplique spray de óleo uma vez por semana para evitar corrosão;
- Nas paredes internas recomenda-se o uso de tinta com ação fungicida, e nas externas tinta à base de borracha clorada ou mesmo o revestimento com materiais que ajudam na proteção, como pedras e cerâmica;
- Nos eletrodomésticos, aplique uma fina camada de vaselina líquida para criar uma pequena proteção contra a corrosão.
Como identificar o impacto da maresia nas construções litorâneas? Há sinais que conseguem ser identificados previamente?
- É recomendada uma periodicidade usual de manutenção?
- Por que se fala que os efeitos da maresia podem ser tão perigosos?
- Onde a maresia “ataca” nos edifícios? Quais áreas mais críticas?
- Fale sobre a impermeabilização como uma das soluções procuradas como forma de proteger as áreas mais expostas.
- Há algo que pode ser feito para evitar os efeitos ou retardar os efeitos da maresia? Aplicada na manutenção, por exemplo?
- Caso o edifício esteja em fase de construção, podemos realizar uma impermeabilização do concreto com aditivos impermeabilizantes e aumentar a área de recobrimento do aço para no mínimo 4cm dando uma maior vida útil para a estrutura.
- Podemos pensar também na utilização de revestimentos mais resistentes a maresia, como por exemplo o granito, que é um material muito resistente a maresia, podemos ver diversos edifícios com as fachadas revestidas com esse material, porém ele também necessita de uma manutenção preventiva, que é a instalação de novos pontos de ancoragem do granito junto a estrutura.
- Nas esquadrias e grades de proteção podemos substituir o ferro por alumínio, madeira ou inox, que são materiais que sofrem pouco com a maresia e tem uma vida útil muito superior ao ferro.
Por: Cintia Laport