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O conforto de uma casa e a praticidade de um prédio

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 13/10/2020

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Gabriel Menezes

Antigamente desvalorizados por terem, muitas vezes, uma planta construída reduzida, mais
poluição sonora e menos privacidade em comparação às outras unidades do condomínio –
já que estão localizados próximos à portaria -, os apartamentos térreos vêm conquistando
cada vez mais adeptos nos últimos anos por conta de uma série de possibilidades – como o
conceito dos apartamentos garden – e praticidades que oferecem.

De acordo com Gustavo Araújo, gerente de compra e vendas da APSA, o primeiro ponto
que valoriza um imóvel térreo é a facilidade de acesso, já que ele geralmente dispensa a
necessidade de se usar qualquer escada ou elevadores. "Outro ponto importante é que a
grande maioria dos imóveis térreos possui uma área externa de uso exclusivo do morador
desta unidade, como quintais, por exemplo. E, neste caso, o que mais atrai é o tipo de uso
permitido pelo condomínio. Em muitos casos, a convenção proíbe a utilização deste espaço
para alguns tipos de eventos, como um churrasco com amigos, por exemplo, pois poderia
incomodar os outros vizinhos. Quanto mais restrito for o uso, menos atrativo é o espaço
para o comprador ou o locatário do imóvel", explica.

Segundo Araújo, quando o apartamento térreo faz parte de um prédio mais antigo, que não
possui elevadores, e ainda conta com um espaço externo que aumenta sua área total, ele
costuma ser mais valorizado do que as outras unidades, exceto as coberturas. "O
percentual vai variar muito de caso a caso. Já vi situações em que chegaram a mais de
20% de valorização em relação às outras unidades do prédio. Outros fatores têm que ser
levado em consideração, como, por exemplo, a claridade dentro de casa, o nível de
exposição do imóvel à rua e a segurança oferecida no condomínio", destaca o gerente da
Apsa.

Ele acrescenta que essas unidades atraem geralmente pessoas que gostam de morar em
ambientes similares aos de uma casa, mas que querem ter alguma segurança e um menor
nível de exposição do imóvel à rua. "Costumamos chamar estes imóveis inclusive de
apartamentos tipo casa. Outro ponto importante é que, se ele tiver uma área maior que os
demais, pode também ter um valor de condomínio maior, mas não isso não é uma regra
geral", conclui o profissional.

APARTAMENTOS GARDEN, UM CONCEITO QUE VEM SE POPULARIZANDO
Para valorizar as unidades térreas de um edifício, as construtoras passaram a apostar,
principalmente a partir da década passada, no conceito de apartamentos garden – imóveis
compostos por quintais, piscinas, jardins e até aparelhos específicos de lazer.

De acordo com a arquiteta, urbanista e designer de interiores Patrícia Machado, há mais ou
menos cerca de cinco anos para cá o número de empreendimentos com essa possibilidade
cresceu consideravelmente ainda mais, assim como o surgimento de mais clientes com
esse perfil. “É uma possibilidade de se ter um imóvel com uma área externa, com preços
melhores do que uma cobertura. E, as formas para se aproveitar esse espaço são
inúmeras. Quase a unanimidade dos meus clientes optam por uma área gourmet. A grande
maioria também quer uma piscina ou uma hidromassagem para não precisar ficar
condicionada à área comum do condomínio. Querem unir lazer com uma maior privacidade.
O pedido mais inusitado que recebemos foi o de uma academia ao ar livre, para um projeto
que está em andamento”, afirma a profissional, que tem um escritório em sociedade com o
arquiteto Ivan Leite.

Segundo ela, a maior parte dos clientes que optam por um apartamento garden é de
pessoas que possuem animais domésticos e filhos. “Elas procuram dar uma melhor
qualidade de vida ao animal e facilitar a rotina de toda a família. Muitos também têm
crianças pequenas e procuram um espaço para elas brincarem em segurança. Mas, há
ainda aqueles que são jovens e querem ter um local com churrasqueiras, área gourmet e
piscina, mas não querem lidar com toda a manutenção de uma casa. Eles preferem poder
usufruir da estrutura de um condomínio”, explica a profissional.

Patrícia ressalta, no entanto, que é preciso tomar uma série de cuidados antes de se
planejar o projeto de um apartamento garden. O primeiro deles é consultar e entender
plenamente o regimento interno do condomínio: “Com o regimento, você vai poder saber o
que é proibido e como determinados itens foram regulamentados. É importante, também,
que não sejam feitas alterações de fachada, para que se tenha harmonia com as demais

unidades. Além disso, é preciso se atentar para a privacidade, pois, logo acima estará um
vizinho”, conclui.

ATRATIVOS COM A CARA DOS MORADORES
Os arquitetos, urbanistas e designers de interiores Patrícia Machado e Ivan Leite possuem
no currículo uma série de projetos de apartamentos garden. A pedido da REVISTA
SÍNDICO, eles detalharam dois deles (fotos em anexo), explicando exatamente os
conceitos adotados.
No primeiro, eles foram contratados por um jovem casal que queria incluir uma piscina na
área externa. “O espaço da área externa era generoso, então foi possível criar do zero uma
piscina com deque e espaço para espreguiçadeira. Criamos um ambiente de estar, uma
bancada com churrasqueira e cooktop, e ainda uma pequena área de refeição, com bancos
que funcionam também para guardar pranchas de surfe”, explica Patrícia.

Já o outro projeto foi planejado para uma família de seis pessoas, dois gatos e dois
cachorros que andam livremente por toda a casa. A ideia, segundo Patrícia, foi deixar
bastante espaço livre na área externa para que os animais pudessem brincar com mais
tranquilidade. “A cozinha foi integrada à sala e todos os acabamentos foram trocados. O
grande diferencial deste projeto é que a sala de jantar também foi para a área externa. A
ideia era ganhar mais espaço e do lado de dentro deixar apenas uma bancada para
refeições rápidas, que no dia a dia, serve como apoio para a cozinha”, explica.

A profissional acrescenta que uma piscina, que já existia, foi mantida e acrescentada uma
bancada de apoio, com cuba e frigobar. “A churrasqueira escolhida foi a de carvão portátil,
assim liberando a bancada e permitindo também a inclusão de um TV smart. Neste projeto,
usamos a grama sintética para manter a cara de jardim, porém, sem a manutenção da
grama natural”, finaliza.

ÁREA VERDES TAMBÉM ESTÃO AS REQUISITADAS
A área verde está entre os itens mais importantes de um apartamento garden. De acordo
com a paisagista Luiza Arman Jovita, o interesse aumentou principalmente por conta da
diminuição dos pontos de vegetação nas grandes cidades e a necessidade de estar em
contato com a natureza, que além de trazer conforto térmico ambiental, também purifica o
ar da casa, traz bem-estar e saúde. “Com a densificação das cidades, a diminuição dos
apartamentos e a necessidade de verde dentro das casas, muitas pessoas estão optando
por jardins compactos e, na maioria das vezes, verticais, para que ocupem menos espaço e

seja possível ter ainda uma área de lazer, com churrasqueiras e espaços de estar para a
família e amigos.

Segundo a profissional, é preciso tomar alguns cuidados na hora de planejar a área verde.
É importante, por exemplo, verificar a duração e os horários de incidência solar, que, assim
como a intensidade da ventilação, são determinantes para a escolha das espécies.
“Também deve ser levado em consideração a toxicidade das espécies, principalmente se o
apartamento tiver crianças ou animais, que podem acabar brincando e comendo as
plantas”, explica.

Luiza acrescenta que a samambaia é uma das espécies mais utilizadas, por conta sua
versatilidade, tanto nas áreas internas quanto externas – mas que ela não pode pegar sol
direto e não gosta de muito vento. “Outra planta ótima para lugares de sombra é a
peperômia. Ela é multifacetada e fica bem num vaso apoiado na mesa ou num jardim
vertical. Suas diversas variações ainda trazem uma flexibilidade com relação a cores,
densidade e tamanho”, diz.

Com relação aos gastos com a montagem da área verde, é possível baratear o orçamento
reutilizando materiais, como caixas de feira, pallets e estantes. “O ideal, no entanto, é
sempre contratar um profissional, pois assim, ele indicará as espécies e materiais mais
adequados para o local e suas particularidades. Os custos de consultoria ou projeto de
paisagismo variam de acordo com a área, o que pode ser feito e o que o cliente quer para o
local”, finaliza Luiza.

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