Saiba como planejar o orçamento condominial para 2023
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 08/11/2022
Gestão
É melhor prevenir do que remediar e para quem administra condomínios essa é uma atitude essencial para manter a saúde financeira do empreendimento sempre no verde e evitar surpresas indesejáveis no novo ano que se inicia.
É o que faz o síndico e administrador de empresas, Robson Carvalho, gestor de cinco condomínios, em Salvador. Para 2023, ele já planeja incluir o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), exames ocupacionais, reciclagem e despesas com energia solar.
“Sempre pegamos a análise anual do condomínio de receitas e despesas, e montamos a previsão orçamentária adequando os valores, incluindo os lançamentos necessários e obrigatórios. Não pode faltar nos orçamentos anuais, o seguro, as manutenções anuais, custos de cobrança, honorários advocatícios, fundo de reserva e fundo trabalhista. Destaco que um dos erros mais comuns é não contemplar o laudo de inspeção predial feito a cada dois anos, o relatório de inspeção anual dos elevadores, serviço de proteção de descargas atmosféricas, teste de estanqueidade da rede de gás e água, e ainda a inspeção elétrica”, relata.
Não se esqueça de contemplar possíveis ajustes no preço dos produtos e serviços
Um bom planejamento financeiro anual mostrará quanto o condomínio precisará de dinheiro e, principalmente, calcular a saúde financeira. A especialista em administração de condomínios, Raquel Santos, explica que muito além de detalhar quanto precisará gastar em cada rubrica do orçamento, é necessário saber quanto se precisa realmente de receita.
“Um condomínio deve ser superavitário, mas sem a necessidade de receber mais dos condôminos. O planejamento mostrará a responsabilidade financeira de todos e provocará uma maior transparência. As principais etapas que eu considero no momento de elaborar o planejamento financeiro são: identificar todos os custos mensais da folha de pagamento dos funcionários como salários, benefícios e obrigações trabalhistas; ter conhecimento de todos os custos fixos do condomínio; uma previsão dos reajustes para o próximo ano; além de definir a previsão de recebimento das receitas, incluindo uma previsão da inadimplência; além de fazer reservas financeiras destinadas à manutenção predial”, recomenda.
Raquel também ressalta sobre a prática de apresentar o orçamento previsto para os moradores, a fim de explicar com antecedência o que pode acontecer no próximo ano e usar esse momento para ouvir o que eles têm de sugestões, principalmente para a redução de gastos do que acham necessário. “Ouvir várias opiniões abre a possibilidade de encontrar soluções criativas para a resolução de problemas do condomínio. O dinheiro gerado ali é realmente de todos e deve ser administrado com muita transparência e sabedoria para aliviar o peso dos gastos e tornar o condomínio melhor para todos os envolvidos”, indica.
O planejamento orçamentário em condomínio é o principal desafio dos síndicos, só não é maior que o desafio de tentar agradar a todos os moradores. Nesse tema, a estratificação de todos os gastos que envolvem o empreendimento é necessária para se ter um planejamento orçamentário eficiente.
O consultor financeiro, Edisio Freire, explica que não se pode esquecer que há despesas que fazem parte da rotina e as sazonais, além dos gastos que ocorrem sem que se tenha feito alguma previsão. “Estamos falando das despesas trabalhistas, que vão variar ao longo do ano, como pagamento de 13º salário e férias, e gastos com manutenção, pequenos reparos, que geralmente acontecem quando há algum evento pontual. É fundamental manter sempre um fundo de reserva, que pode variar entre 5% e 10% do valor bruto da taxa condominial, recurso este destinado a gastos emergenciais como a manutenção corretiva e alguma intervenção de obra civil emergencial. Tendo um fundo de reserva evita a necessidade de implantar taxa extra para essas ocorrências. Outra vantagem do fundo de reserva é fazer melhorias no condomínio sem precisar onerar a taxa ordinária”, aconselha.
Edisio também complementa que ter um bom planejamento financeiro anual é levar para o orçamento todos os elementos de gastos do condomínio, tentando não deixar nada de fora, inclusive os gastos ocultos, que por vezes não percebemos. “Condomínios que possuem mão de obra própria precisam ter no seu planejamento as provisões trabalhistas muito bem cuidadas e preservadas para que a cada final de ano possa realizar os pagamentos sem gerar impacto no caixa ordinário, assim como, quando algum colaborador for desligado, a verba rescisória já está provisionada e reservada. Além de gerar uma receita financeira com esse recurso guardado, o condomínio tem uma liberdade de gestão que permitirá mudanças a qualquer tempo, e evita o endividamento tributário e posterior criação de taxa extra para esses compromissos”, diz.
Expectativas para 2023
De acordo com o consultor Edisio, a economia deverá se estabilizar a partir de 2023, mas não voltará aos padrões de preço de dois anos atrás, sendo importante pensar em um planejamento anual que considere esses elementos e estejam aderentes à realidade de cada condomínio.
“O mercado estima uma inflação para 2023 acima da meta do governo, chegando próximo dos 5,5% ao ano, que será menor do que os índices praticados no último ano. Isso demonstra que poderemos ter uma estabilidade em termos de preço, mas ainda sentiremos uma forte desvalorização da moeda e perda significativa do poder aquisitivo, principalmente para as famílias com rendas de até um salário mínimo”, reflete.
Ele também aponta quais são as melhores formas para os síndicos realizarem o planejamento orçamentário em 2023. “É fundamental considerar o aumento nos preços dos principais produtos e serviços utilizados pelo condomínio, apresentando na proposta orçamentária esses itens com a majoração necessária, de forma a evitar que os gastos cresçam mais que proporcional à receita, o que gerará déficit orçamentário e possível endividamento. É importante olhar para as previsões de aumento salarial, que impactam não só no salário dos colaboradores, mas também no aumento dos contratos de prestação de serviços, que terão seus custos aumentados. Nesse caso, vale uma verificação dos termos contratuais de reajuste anual para repassar isso para o planejamento orçamentário com vistas a garantir o equilíbrio financeiro”, revela.
Dicas
Confira as dicas da especialista em administração de condomínios, Raquel Santos, para realizar um planejamento financeiro eficiente em 2023:
– Saiba exatamente o quanto de dinheiro há nos caixas do condomínio e qual valor o condomínio precisa ter de reserva financeira;
– Atenção para o cumprimento de todas as obrigações trabalhistas e a realização das devidas provisões mensais para o pagamento do 13º, férias, rescisões e benefícios dos funcionários contratados via CLT;
– Mantenha a inadimplência sob controle e use todas essas informações no momento de construção do planejamento;
– Faça o acompanhamento do que foi planejado com o que está sendo realizado durante o ano e elabore os ajustes necessários.
Por: Fabiana Oliva