Maresia, a inimiga silenciosa
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 14/05/2013
Edição 208 Mai/Jun 2013
A proximidade da praia traz aos condomínios requinte e sofisticação. A vista para o mar e a beleza da orla são verdadeiros atrativos que encantam quase todo mundo. No entanto, os efeitos da maresia podem ser nocivos para o condomínio. Com o tempo, a maresia provoca o desgaste de diferentes tipos de materiais, agindo desfavoravelmente não só sobre metais, mas também sobre o concreto e ainda sobre madeiras de menor qualidade.
No Condomínio do Edifício Atlântica Boa Vista Ipanema, em Ipanema, a síndica Patrícia Vieira de Azevedo não descuida da manutenção porque sabe que as conseqüências da maresia podem ser devastadoras. A fachada de concreto pintado e as varandas de tijolinho cobogó são alvos permanentes da vigilância da síndica. “Às vezes, a fachada ainda está boa e você vê que ela ainda poderia continuar com a mesma pintura, mas o que acontece muito aqui, por causa da maresia, é o vergalhão dilatar. Quando isso ocorre, eu imediatamente chamo uma empresa de manutenção para fazer a conservação e a recuperação do vergalhão, para aumentar a vida útil dele, e consertar a alvenaria. O síndico tem que estar ligado porque, às vezes, é só um ponto que está um pouco mais deteriorado e aí é possível conservar somente ele e não precisa fazer uma fachada inteira”, destaca Patrícia.
Segundo ela, não é só a fachada que a preocupa. “Há dois anos, eu tive que trocar todo o blindex da portaria. As ferragens que seguravam o vidro estavam danificadas, corroídas pela maresia, e o próprio vidro estava manchado com a ação dela”, relembra a síndica do Atlântica Boa Vista Ipanema.
Custo/benefício
A relação entre custo e benefício falou mais alto na hora trocar o blindex da portaria e Patrícia decidiu que era melhor a substituição completa: “ia ficar tão caro mandar consertar quanto substituir inteiramente por um blindex novo. E mesmo que eu trocasse só as ferragens, o vidro ia ficar com aspecto de embaçado. Por isso, eu optei por trocar tudo”.
Outro item que precisou ser trocado por causa da maresia, no Atlântica Boa Vista Ipanema, e que também foi levado em consideração o custo/benefício, foi o portão do condomínio que era de ferro e foi substituído por outro de alumínio, como explica Patrícia. “Há 4 anos, eu troquei o portão porque o desgaste era tanto que ele ficava todo corroído. Aí, tinha que chamar a empresa para fazer a manutenção. Eles lixavam o portão todo, passavam uma tinta especial para evitar a corrosão, depois pintavam com a tinta comum. Então,a manutenção ficava muito cara”.
Segundo a síndica, a troca foi dolorosa: “eu, particularmente, acho o portão de ferro mais bonito do que esses de alumínio que estão se usando, hoje em dia, em vários condomínios do Rio. Só que eu gastava muito com a manutenção. Por isso, fiz a troca apesar de achar que o portão antigo tem uma estética mais agradável que o atual”.
No entanto, as reformas por causa da maresia, no Atlântica Boa Vista Ipanema, não pararam por aí. A síndica teve reformar também o play. “No ano passado, eu fiz também uma reforma no play que é aberto e sofre bastante com a maresia”, ressalta.
Como fazer a manutenção
Quando chega o momento de fazer a manutenção da fachada, no Atlântica Boa Vista Ipanema, a síndica faz o orçamento com diferentes empresas e nem sempre escolhe a que lhe oferece o valor mais baixo. “Qualquer serviço que eu faça aqui no condomínio, chamo pelo menos três empresas para fazer o orçamento para eu ter uma ordem de grandeza dos valores que as empresas estão cobrando. Nem sempre eu opto pelo preço menor preço. Mas sim, se for uma empresa que eu já conheço ou que foi bem recomendada. Eu faço esse filtro”, declara Patrícia.
No Condomínio do Edifício Residencial Águas Claras, em Copacabana, a síndica Luiza Pretyman está em fase de orçamento para a manutenção da fachada, que é revestida de pastilha e está sofrendo com o desgaste do tempo e da maresia. “Eu vou fazer três orçamentos e vou escolher o que mais se adequar à realidade do nosso orçamento. Mas ainda vamos discutir em Assembleia como vamos fazer para arrecadar o dinheiro”, explica.
E como o revestimento da fachada está caindo, a síndica do Águas Claras vai apurar com as empresas, com as quais vai fazer orçamento, qual é o melhor investimento: a substituição completa das pastilhas por outras novas ou a recolocação das que estão soltando. “Eu estou querendo mantê-la como é originalmente para não descaracterizar a fachada do edifício, mas vai depender de uma série de fatores, inclusive, se vou conseguir achar uma pastilha da mesma cor porque se for diferente, não fica bonito”, declara.
Luiza destaca que o condomínio tem 60 anos e é a primeira vez que será feita a manutenção da fachada. “A decisão de mexer foi tomada porque o revestimento que a cobre começou a cair com muita intensidade e isso é perigoso para o condomínio e para os condôminos. No momento, estão caindo só algumas pastilhas, mas a qualquer momento pode cair um pedaço maior. Então esse é o momento crucial. Não dá para deixar para adiante”, declara.
A síndica do Atlântica Boa Vista Ipanema ainda tem o cuidado na hora da escolha dos materiais. “As áreas abertas são as que mais sofrem com a maresia. Então, tenho que estar sempre preocupada com o material a ser usado, por isso, sempre me preocupo em colocar acabamentos que não sofram corrosão”, destaca.
O que o síndico precisa saber sobre manutenção de fachadas
– Fachadas com tijolos pedem rejunte de resina epóxi ou de cimento. Na impermeabilização, opte pelos hidrofugantes, que penetram sem formar película, ou pelas resinas acrílicas, capazes de criar uma capa sobre a superfície e deixá-la com aspecto molhado;
– Antes da pintura da fachada, convém passar fundo preparador ou selador para facilitar a absorção da superfície;
– Fique atento ao aparecimento de trincas e infiltrações ou vazamentos nas estruturas da fachada do condomínio;
– Verifique se esquadrias metálicas não estão corroídas.
Texto: Vanessa Sol