Seguro contra incêndios: como escolher
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 27/07/2016
Edição 227 Jul/Ago 2016, Edições
Mário Camelo
Prevenir é sempre melhor do que remediar. O velho ditado pode soar um pouco óbvio, no entanto, quantas vezes nós deixamos um ou outro prazo passar num assunto de trabalho, na família, e em diversas outras atividades diárias? Porém, quando se trata de segurança no condomínio, ou ainda mais importante, quando se trata de seguros e proteção contra incêndios, é bom pensar duas vezes. Na verdade, duas, três e até quatro vezes, já que o assunto é extremamente importante dentro de qualquer tipo de condomínio ou residência. E são muitas as prioridades: estar sempre em dia com as vistorias, ter uma equipe bem treinada e também (e não menos importante) ter uma boa e apropriada apólice de seguro, já que os incêndios, na maioria das vezes, são ocasionados por imprevistos.
Para o síndico entender melhor o assunto e escolher qual é a apólice mais apropriada para o seu condomínio, é preciso primeiro saber que, a partir da Resolução nº 218, de 6 de dezembro de 2010, do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), as seguradoras foram obrigadas a oferecer dois tipos de cobertura nas apólices de seguro aos condomínios: a cobertura básica simples (que abrange danos materiais causados ao imóvel por incêndio e explosão, fumaça e queda de aeronaves) e a cobertura ampla (que abrange os danos materiais já cobertos pela modalidade simples, além de danos causados por vendaval, impacto de veículos, danos elétricos, quebra de vidros, chuveiros automáticos, tumultos, greves e lock-out, portões, alagamentos e desmoronamento, entre outros). Antes, só existia a oferta de cobertura básica simples e coberturas adicionais que poderiam ser contratadas de acordo com cada especificidade dos condomínios.
Segundo o gerente da corretora de seguros APSA, Leandro Schneider, a mudança foi extremamente positiva, já que a apólice ampla é muito mais completa e recomendada a qualquer tipo de condomínio, seja comercial ou residencial, e independentemente do número de unidades. “Hoje, o síndico que contrata a cobertura básica ampla consegue blindar o seu condomínio contra praticamente todos os riscos que possam vir a causar danos materiais ao imóvel. Essa apólice cobre qualquer dano físico à edificação, inclusive de desabamento ou desmoronamento, não precisando contratar coberturas adicionais o que torna sua contratação mais segura para o síndico e moradores do condomínio”, explica.
Apesar de ser inferior no sentido de proteção total, a cobertura básica simples, aliada a outros serviços contratados à parte (como seguro especial de portões, vidros etc.) ainda é líder de mercado, especialmente por conta do preço, já que a cobertura ampla geralmente sai de2,5 a3 vezes mais cara. Para se ter uma ideia de como anda o mercado, hoje, apenas um de cada dez condomínios possuem a cobertura básica ampla, segundo dados da Corretora APSA. No entanto, essa relação vem melhorando. No passado, chegou a ser de um a cada 30 ou 40.
Síndica do Condomínio do Edifício Araxá, de 12 unidades (sendo duas comerciais), Nazareth Mendonça, optou por uma apólice de cobertura básica simples com a adição de outras coberturas específicas para o seu edifício. E, em 15 de agosto do ano passado, Nazareth usou a apólice pela primeira vez. Ela estava em casa com sua filha e, de repente, começou um incêndio de grandes proporções em uma das unidades do condomínio. Como Oficial da Marinha do Brasil Reformada, a síndica demonstrou uma conduta perfeita diante da situação. Ela relembra o caso:
“O incêndio começou no apartamento 901, tendo iniciado no primeiro quarto (apartamento de três quartos e dependências de empregada). Moro no601. Aesposa do zelador (ele mora no edifício com a família, na altura do telhado) e as acompanhantes do apartamento 1001, sentiram o forte cheiro e viram a fumaça subir. Pelo interfone, o zelador me avisou do sinistro. Imediatamente pedi a ele que desligasse os elevadores, o gás, e a energia elétrica do edifício e disse que avisasse aos moradores que deixassem o prédio imediatamente, pelas escadas. Assustada, telefonei para o Corpo de Bombeiros. O bombeiro militar que me atendeu procurou me tranquilizar e me deu as instruções que eu, antecipadamente, já tinha passado ao zelador. Em aproximadamente dez minutos, os bombeiros chegaram. Minha maior preocupação é que no apartamento 701 morava um casal de idosos. A senhora é cadeirante, mas o senhor estava impossibilitado de deslocar-se sozinho, pois estava acamado. Avisei aos bombeiros deste detalhe. E mais uma vez ele me tranquilizou dizendo que os carregariam escada abaixo. Com a remoção do senhor da casa, ficando mal acomodado na calçada aguardando a finalização dos trabalhos, ele passou mal, foi internado, vindo à óbito no dia seguinte. Peguei as chaves do edifício, meus documentos e da minha família e fui me juntar aos outros condôminos na calçada, enquanto os bombeiros apagavam o fogo”, conta, lembrando ainda que não teve nenhum problema para usar a apólice de seguro nesse caso.
Por sua experiência, Nazareth comenta que o mais importante é manter a calma, orientar os funcionários dos procedimentos básicos e imediatamente ligar para o Corpo de Bombeiros, pois além de eles acionarem o socorro, ainda vão ajudar em outros detalhes. Para Nazareth, a prevenção vai além de ter somente a apólice em dia. “Anualmente, faço a recarga dos extintores de incêndio; teste das mangueiras de incêndio; re-teste da CMI. Enfim mantenho tudo em dia, rigorosamente. Também passo seguidamente circulares sobre o assunto e nas reuniões, sejam formais ou informais, oriento para os cuidados básicos, tais como: não esquecer fogo ligado com chaleira, panela sobre o fogo; sempre verificar se desligou o fogo; desligar lâmpadas e máquinas antes de se ausentarem para uma viagem; não deixar nada ligado em casa, mesmo que seja por um breve espaço de tempo; em caso de viagem, desligar o gás”. A equipe de funcionários do prédio também é treinada com cursos de diferentes instituições, outro ponto muito importante.
Já a síndica Vera Lúcia Silva Villela, do Condomínio do Edifício Malimar (94 unidades) é do time da cobertura básica ampla. Em 25 anos como síndica do condomínio, nunca houve nenhum caso de sinistro. Para ela, sempre vale a pena investir um pouquinho mais quando o assunto é a segurança dos moradores. “A cobertura básica ampla é mais vantajosa, pois apresenta um excelente custo-benefício, já que cobre praticamente todos os tipos de sinistros”, conta ela, que também não perde um prazo de vistoria.
Contratando a apólice correta
Na hora de escolher o seguro ideal para o seu condomínio, o gerente da corretora de seguros APSA, Leandro Schneider, faz um alerta: “o mais importante é ver se a cobertura que está sendo contratada é suficiente para cobrir possíveis danos aos imóveis. Além disso, as coberturas adicionais mais específicas para cada edificação são essenciais para quem contrata a apólice simples. A cobertura de responsabilidade civil é vital para o síndico, pois como ele pode ser julgado criminalmente caso ocorra algum prejuízo ao condomínio, é uma forma de proteção para ele também”, completa.
Ele explica ainda que o corretor colhe as informações do condomínio junto ao síndico para elaborar as coberturas e sugerir possíveis inclusões ou ajustes. Mas, frequentemente, ocorre também a vistoria da seguradora para solicitar alterações ou confirmar as informações colocadas na proposta de seguro. “Já os condomínios muito grandes são mais complexos, pois geralmente oferecem outros serviços e por isso devem contratar mais coberturas para cobrir eventuais danos. O síndico deve prestar mais atenção ainda às coberturas contratadas e se possível pedir ajuda de especialistas nesses ramos para não sofrer possíveis perdas futuras”.
A síndica Vera Lúcia comenta como foi o seu processo de escolha: “A área a ser coberta deve ter a metragem total do prédio na parte comercial e residencial. Como o Malimar é um prédio de 80 apartamentos e 14 lojas, tive preocupação de falar diretamente com a seguradora para que tudo fosse esclarecido antes de contratá-la, solicitando uma visita ao prédio”, explica. Ela ainda faz um alerta: “A lei define que é o síndico do condomínio quem responde judicialmente pelas consequências da falta ou insuficiência do seguro, portanto, é necessária uma boa avaliação na hora da contratação da empresa e o que ela oferece”.
Incêndios em edifícios: dados importantes
De acordo com o Instituto Sprinkler Brasil (ISB), organização que se dedica à divulgação de informações relacionadas ao combate a incêndios por meio da utilização de sprinklers, o número de ocorrências de incêndios estruturais (edifícios comerciais e indústrias) aumentou 33% em 2015, se comparado ao mesmo período do ano anterior. A pesquisa aponta que o maior número de ocorrências aconteceu em edifícios comerciais (31% em lojas, supermercados e shopping centers), seguido por indústrias (18%) e depósitos (12%). E isso se tratando somente de edifícios comerciais, já que não há dados precisos sobre as áreas residenciais.
Saiba mais
Ainda está com dúvidas? Acesse o site www.tudosobreseguros.org.br (portal oficial da Escola Nacional de Seguros) e informe-se sobre coberturas e demais temas.