Portas corta-fogo
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 25/09/2016
Edição 228 Set/Out 2016, Edições
Izabele Caldas
Um equipamento muito importante para a segurança condominial acaba passando despercebido na correria do dia a dia. Utilizada desde a década de 70, quando se tornou obrigatória em edifícios de mais de quatro andares, a porta corta-fogo foi criada para conter as chamas e o calor decorrentes do fogo, e é aplicada nas saídas de emergência e escadas de incêndio para garantir a fuga e facilitar o trabalho dos bombeiros.
A porta é um conjunto constituído de batente ou portal, folha da porta – fabricada em material totalmente resistente ao fogo, fechadura, dobradiças e outros artigos opcionais como: o selecionador de fechamento, fechadura com chave e sistema eletromagnético, que permite o monitoramento por meio da central de alarme de incêndio, além da barra antipânico, um dispositivo de segurança com função de possibilitar o destravamento imediato, indicada para situações de grande público.
Diferente da ação de um extintor de incêndio, a porta corta-fogo protege em tempo integral e independe da ação humana, pois é utilizada como passagem e é alternativa aos elevadores. Elas podem variar de modelo, mas a quantidade a ser instalada depende do tamanho do edifício.
Para garantir o desempenho satisfatório, ela deve estar fechada sem trancar, no intuito de facilitar a evacuação em caso de sinistro. Apenas as que guardam as bombas e geradores do condomínio devem estar trancadas para evitar o acesso de pessoas, que não os funcionários, ao local, e mesmo assim, não se deve utilizar fechaduras que não estejam normatizadas ou cadeados.
Segundo Paulo Maurício Wanderley, que trabalha com condomínios há 35 anos, o problema com a abertura e fechamento da porta é recorrente, ainda mais quando há apenas uma unidade por pavimento. Afirma que os moradores insistem em mantê-la aberta em seu andar, usando calços ou cunhas para este fim, o que provoca danos às dobradiças: ”nesses casos, notificamos o condômino por escrito, orientando-o quanto aos riscos que podem advir de tal prática para ele mesmo e para terceiros”, diz.
Em termos legais, não é permitido impedir o livre fechamento com qualquer tipo de objeto, pois nesses casos é cabível multa por irregularidades em inspeções prévias ou responsabilidade civil no caso de irregularidades constatadas durante um incêndio, com vítimas fatais ou não.
Condições de funcionamento e manutenção
A manutenção é de responsabilidade do síndico ou do administrador, que deve providenciá-la mensal e semestralmente. Na revisão mensal são efetuadas verificações do funcionamento automático e de todos os acessórios, além da limpeza das peças. Já na semestral, as atenções são para a lubrificação de todas as partes móveis, e a conferência da legibilidade dos identificadores da porta.
É importante checar as condições gerais quanto à pintura ou revestimento e desgastes das partes móveis, não sendo recomendada a utilização de pregos, parafusos e abertura de orifícios na folha da porta, pois pode alterar suas características gerais, comprometendo seu desempenho ao fogo e, consequentemente, a segurança das pessoas e do patrimônio. Os serviços que envolvem substituição de qualquer dos componentes e da folha devem ser executados pelo fabricante ou por empresas por ele credenciadas.
Certificações e normas
Todas as portas comercializadas no Brasil devem passar por testes de conformidade, realizados no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), além de ser qualificada por meio do selo de certificação ABNT 11742. Cada unidade deve receber, no sentido da rota de fuga, uma placa com os dizeres em maiúsculo: Porta corta-fogo – é obrigatório manter fechada, instalada entre 1,60 m e 1,80 m acima do piso, num letreiro com fundo branco e letras verdes, ou vice-versa.
Vale lembrar que é a Brigada de Incêndio a responsável por decidir as rotas de fuga no local, e todos os condomínios precisam ter uma equipe treinada para casos de acidente. O ideal é que se vote em Assembleia quem serão os integrantes dessa equipe, e as formas de administrar e fiscalizar o uso da porta pelos usuários.
Paulo afirma que muitos moradores não dão a devida importância a determinados itens de segurança, e as portas corta-fogo estão entre eles. Por isso, a divulgação de informativos periódicos sobre o tema Segurança Contra Incêndio é imprescindível. Acredita na importância da prevenção, por isso investe na capacitação dos funcionários sob sua responsabilidade, inscrevendo-os em cursos de Segurança Contra Incêndio, Portaria Segura e outros temas relacionados, disponibilizados pela Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.
Rotas de fuga e equipamentos de prevenção e combate ao fogo
Um grave problema em caso de fogo é a obstrução das rotas de fuga. A escada de incêndio é muitas vezes usada pelos moradores para abrigar objetos pessoais, o que é fortemente desaconselhado, já que em um momento de pânico os objetos irão atrapalhar a passagem.
A escada também deve apresentar outros cuidados, como corrimão contínuo, luz de emergência, sinalização fotoluminescente – adesivos que brilham no escuro apontando a rota de fuga correta, número dos andares, a saída e o acesso ao térreo-, e extintores de incêndio, que deve contar com três tipos, que têm usos diferentes: – água: serve para apagar o fogo de madeiras, sofás, cortinas – Pó químico: usado principalmente para fogo advindo de instalações elétricas – CO2: para uso em motores, bombas e geradores.
Mas a porta corta-fogo e os extintores não são os únicos artifícios para colaborar com a segurança em caso de incêndio no edifício. Há também a pressurização de escadas, que consiste em um sistema de ar condicionado central que joga o ar frio dentro da escada de emergência, assegurando que a fumaça tóxica do incêndio não chegue ao ambiente.
Existe uma combinação entre a capacidade de resistência ao fogo e sua aplicação nas edificações. Embora a Norma Técnica de referência classifique as portas em tempos de 30, 60, 90 e 120 minutos de proteção mínima (P-30, P-60, P-90 e P-120), e até em que situações se enquadram a sua utilização, o Corpo de Bombeiros de cada estado estabelece um dos quatro tempos de resistência que a porta deve proporcionar de acordo com as instalações, levando em conta a existência ou não de antecâmara e o cálculo de risco da edificação.
Rafael Nunes, sócio-diretor de uma empresa especializada em portas corta-fogo, explica a indicação de uso para cada porta: ”a P-30 e a P-60 são aconselhadas para saídas de emergência com antecâmaras; a P-90 é recomendada nas interligações de escritórios com locais de industrialização, comercialização, armazenamento e fechamento do acesso a recintos de medição, proteção e transformação de energia elétrica; a P-120 é recomendada nas interligações não previstas para P-90 e sempre nos casos de parede com resistência de 4 h”.
Ele explica ainda que, devido aos últimos acontecimentos de projeção nacional envolvendo incêndios, como a da boate Kiss (casa noturna no Rio Grande do Sul, que pegou fogo após o uso de fogos de artifícios dentro da casa, matando mais de 200 pessoas), cresceu a preocupação dos síndicos e administradores sobre os equipamentos contra incêndio. ”A sociedade vem mostrando-se bem preocupada em relação à segurança, por isso as solicitações de nossos serviços só vêm aumentando”, acrescenta.
Em condomínios antigos, onde não há espaço para a construção de uma escada de emergência enclausurada, e nem a possibilidade de implementação de portas corta-fogo é importante conversar com o corpo de bombeiros local. Dessa forma é possível decidir, juntos, quais medidas de segurança contra incêndio devem ser tomadas.
Manutenção das portas
A porta corta-fogo e o piso ao redor não devem ser lavados com água ou qualquer produto químico. A limpeza da superfície pintada da folha da porta e do batente deve ser feita com pano ligeiramente umedecido em água e em seguida utilizado um pano seco para a remoção, de forma que a superfície fique seca e a poeira removida. No piso ao redor da porta não devem ser utilizados produtos químicos, como removedores de todos os tipos e produtos de caráter ácido, pois os mesmos são agressivos à pintura e consequentemente ao aço que compõe o conjunto.
Prevenção contra Incêndios
- Mantenha livres corredores, escadas e saídas de emergência;
- Obedeça às placas de sinalização do edifício;
- Não ligue mais do que um aparelho por tomada;
- Cuidado: fios e cabos descascados provocam curto circuito e faísca;
- Ao instalar novos aparelhos, verifique se não sobrecarregarão o circuito;
- Em princípios de incêndio, acione os alarmes e siga o plano abandono.
Plano básico de abandono de edifícios
- Desligue os aparelhos elétricos;
- Mantenha-se calmo e dirija-se rapidamente às saídas de emergência;
- Siga as instruções da Brigada de Incêndio e dos Coordenadores de Abandono;
- Procure orientar os visitantes;
- Nunca utilize os elevadores;
- Gestantes, crianças, idosos e portadores de deficiência merecem atenção especial;
- O lado interno das escadas deverá permanecer livre, para facilitar o acesso das equipes de salvamento;
- Procure manter as portas corta-fogo fechadas, pois elas evitam a penetração da fumaça;
- Após deixar o prédio, dirija-se ao ponto de encontro, em frente ao hall de entrada do edifício;
- Aguarde pacientemente a determinação para retornar ao edifício.