Para que o dinheiro não vá pelo ralo
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 17/03/2016
Edição 225 Mar/Abr 2016, Edições
Gabriel Menezes
Além de uma questão de sustentabilidade, a preocupação em economizar e reaproveitar a água em condomínios significa um grande alívio no bolso dos moradores, já que ela representa uma das maiores despesas no orçamento coletivo. Alguns síndicos podem imaginar que soluções (*) neste sentido dependem de grandes investimentos, mas a realidade é que, com a própria economia que elas geram, os custos são rapidamente recuperados.
De acordo com Marcos Casado, diretor técnico da Sustentech – empresa especializada em reduzir o consumo de água em empresas e condomínios -, a primeira medida é verificar a existência de vazamentos no edifício, que muitas vezes não são percebidos devido à falta de controle e monitoramento dos ramais de distribuição. “Podemos fazer a instalação destes sistemas de controle, assim como a setorização e individualização dos medidores por unidades, que em média reduzem cerca de 20 a 30% o consumo, quando cada um passa a pagar o que consome”, explica.
Além disso, existem investimentos de baixo custo, como os arejadores – peça que mistura ar à água, diminuindo o fluxo, mas mantendo a sensação de volume e direcionando o jato -, e restritores de vazão. “A implantação destas estratégias geram a redução imediata dos custos e com a economia já é possível quitá-la. Outro problema é a cultura do desperdício, portanto, além dos dispositivos, é fundamental o treinamento e conscientização de todos”, ressalta.
Ações que geram uma economia de R$ 44 mil por ano
No condomínio Paul Cezanne, no bairro de Todos os Santos, Zona Norte do Rio, a sustentabilidade é uma das principais preocupações do síndico, Hélio Breder. Ele é engenheiro e trabalhou por anos em fábricas, locais em que o consumo de água é alto e a necessidade de reuso, fundamental. Ele aplicou seus conhecimentos no próprio edifício, que ganhou uma estação de tratamento de água captada da chuva e da piscina para uso em serviços como a limpeza das áreas comuns e regar as plantas. “A ideia surgiu em 2012 em função do alto custo da água para o condomínio. Estudei e verifiquei que existia viabilidade técnica para implantação de uma estação de captação. O sistema é interligado na tubulação original do prédio de escoamento de água da chuva. O custo de instalação foi de cerca de R$ 4 mil”, afirma.
Além do sistema, o síndico promoveu uma série de ações de economia, como uma varredura para acabar com os vazamentos nas áreas comuns e nos 44 apartamentos; a instalação de reguladores de fluxo de vazão em 12 pontos das áreas comuns; torneiras com fechamento automático temporizado; monitoramento diário do consumo de água; e campanhas de conscientização. “Estabelecemos um programa no condomínio chamado Vazamento Zero, que consiste na substituição gratuita dos reparos das descargas, torneiras das pias/lavatórios e dos registros dos chuveiros dos moradores”, explica Breder.
As ações geraram uma economia de R$ 44 mil por ano na conta de água do condomínio. Enquanto em 2010, o gasto mensal ficava em torno de R$ 10.483, no segundo semestre do ano passado, esse valor ficou em R$ 6.753. “A dica que dou para um síndico que queira economizar é fazer um bom planejamento é identificar as tabulações de água pluvial, tendo em mente um sistema balanceado com a necessidade de uso”, frisa.
Descarga com duplo acionamento pode diminuir a conta pela metade
O estado de São Paulo sofreu uma das piores secas da sua história em 2014. Com isso, o uso consciente de água se tornou quase um item obrigatório dentro das casas, com campanhas constantes nos meios de comunicação. Nesta época, o valor da conta de água do condomínio Max Vitta II, em São Bernardo do Campo – com 246 apartamentos -, teve uma queda substancial, o que animou o síndico, Ronaldo Andrade. “A conta de água é o segundo maior gasto do condomínio, atrás apenas da folha de pagamento dos funcionários. Naquele momento de crise, percebi que era possível diminuir o consumo”, conta.
O problema é que, passado o pior momento da seca e com o assunto saindo de debate, a conta voltou a disparar. Foi aí que Andrade decidiu buscar soluções para reverter o quadro novamente. Ele descobriu uma alternativa simples e barata que diminuiu o consumo de água mensal do condomínio pela metade: um mecanismo de descarga com duplo acionamento, que economiza até 3 litros a cada descarga.
Em muitas construções atuais, o item já faz parte do projeto original. Mas, mesmo que aqueles ainda não tenham, não há mistério. A instalação é fácil e pode ser feita em até dez minutos, sem sujeira: é só desmontar a caixa acoplada para retirar o kit que está dentro e instalar o novo, colocando a caixa novamente no lugar. O síndico nem precisou mexer no fundo de caixa, pois o valor do equipamento foi pago com a economia gerada pela instalação do mecanismo de descarga. “Cerca de 30% dos moradores relutaram em colocar o equipamento, então aprovamos recentemente na assembleia de condomínio a obrigatoriedade do item. A partir de agora, quem não colocar, vai ser multado”, frisa o síndico, ressaltando que negociou a compra das peças diretamente com o fornecedor, o que reduziu custos. Cada uma custou R$ 65.
Ações que contribuem para a economia de água no condomínio
– A primeira medida é verificar a existência de vazamentos no edifício, que muitas vezes não são percebidos devido à falta de controle e monitoramento dos ramais de distribuição.
– Investimentos de baixo custo, como os arejadores – peça que mistura ar à água, diminuindo o fluxo, mas mantendo a sensação de volume e direcionando o jato -, e restritores de vazão são fundamentais.
– A captação de água da chuva e reaproveitamento da água da piscina para serviços como regar as plantas e lavar as áreas comuns são boas medidas.
– O mecanismo de descarga com duplo acionamento nos apartamentos, que economiza até 3 litros a cada descarga, é simples e barato.
– A conscientização dos moradores é uma parte essencial nesta luta.