Salões prontos para a festa
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 29/01/2015
Edição 218 Jan/Fev 2015, Edições, Últimas Notícias
Texto: Daniella Wagner
Seja por questões de segurança, praticidade, economia ou conforto, o salão de festas decorado é cada vez mais uma realidade nos prédios residenciais. Antes característicos de grandes condomínios, o ambiente é hoje peça atrativa e importante, agregando valor a muitos lançamentos imobiliários. Síndicos de prédios já lançados ou até mesmo mais antigos também têm demandado projetos arquitetônicos para incrementar ou criar seus espaços de lazer.
O salão de festas com toda a infraestrutura pronta para o evento tem se revelado uma tendência atual nos lançamentos imobiliários, pois o lazer é um diferencial que ajuda a vender o imóvel, já que as pessoas se relacionam diretamente com estas áreas. Para o comprador é fundamental saber que elas existem no seu futuro prédio. “A área de lazer hoje é a área de receber, desvinculada da área do viver, ou seja, as pessoas vivem nas suas casas, mas recebem nas áreas de lazer do condomínio”. A observação é do arquiteto Luis Cláudio Guedes, do Studio Maz Arquitetura, responsável pelo projeto deste espaço no Harmony Residence, em Charitas, Niterói, que acaba de ser entregue.
A área de lazer, com 668m², fica na cobertura do edifício-garagem, erguido atrás do bloco principal, que tem 48 unidades familiares voltadas para a classe média alta e distribuídas em oito pavimentos. Metade desta área destina-se à realização de festas e eventos: salão de festas, espaço gourmet, cozinha, varanda com churrasqueira, espaço infantil, outra churrasqueira em área coberta e dois banheiros (feminino e masculino). A outra metade, que inclui piscina com bar, salão de fitness, sauna, sala de repouso, e dois banheiros, é de uso restrito aos moradores.
A cozinha – que é revestida com cerâmica e tem bancada em granito, além de microondas, geladeira, fogão, coifa e espaço para tinas – fica entre o espaço gourmet e o salão de festas e tem portas divisórias que permitem o uso independente. Os dois espaços dão para uma varanda com churrasqueira, que atende bem aos fumantes. Ao lado do salão de festas, fica o espaço infantil com playground numa área coberta. O espaço gourmet tem lounge com sofás e mesa de centro, complementando a área de jantar, com mesa de oito lugares.
Em todo o ambiente fechado, climatizado com aparelhos split, foi usado piso de porcelanato polido claro (inclusive na cozinha) para permitir uma harmonia no seu uso conjunto. Na parte externa, o piso é antiderrapante. As paredes tem painéis de madeira, algumas funcionando como portas divisórias, e tem tratamento acústico para minimizar o desconforto dos demais moradores.
Flexibilidade e praticidade foram as palavras de ordem na concepção do projeto, do qual participaram também os arquitetos Filipe de Souza e Leonardo Reis. Em relação ao mobiliário do salão de festas, por exemplo, eles evitaram usar cadeiras revestidas de tecido ou palhinha, materiais de difícil manutenção, e optaram por couro sintético, que têm imponência e bom custo-benefício. As mesas são de pé central do tipo bolacha, o que permite juntá-las, priorizando “a liberdade de layout”, de modo que as pessoas possam se apropriar do espaço e personalizar sua festa. São nove mesas no espaço do salão de festas mais duas na varanda (totalizando 44 lugares), que podem ser rearrumadas de acordo com o tipo de festa. Completam a decoração cortinas de seda sintética e linho sintético, que têm a vantagem de serem laváveis e removíveis, podendo fazer parte ou não da ambiência da festa.
O escritório foi responsável também pelo projeto de iluminação, com a previsão de pontos elétricos, de telefonia, antenas, redes, interruptores. As luminárias em forma de globos, de alturas variadas, foram espalhadas pelo ambiente, fazendo um caminho de luz pelo teto para fornecer uma iluminação geral, sem foco específico nas mesas, que podem mudar de lugar. Os arquitetos tiveram cuidado também na escolha de cores sóbrias e neutras para o ambiente, com predomínio do branco, marrom, bege e cinza, para agradar a maioria dos moradores. “As cores fortes entram na hora da festa, se for o desejo do anfitrião, por exemplo, nas toalhas da mesas. Estas, no entanto, não são necessárias, porque as mesas são de laminados no padrão madeira, mais resistente e fácil de limpar”, diz Luis Cláudio, lembrando que, com toda esta infraestrutura, o morador precisa apenas contratar o buffet para fazer sua festa.
Melhorias nas áreas de lazer
Se a indústria imobiliária não prescinde mais desta área de lazer em seus lançamentos, os prédios já habitados têm buscado melhorar este espaço segundo suas necessidades. Foi com esta motivação que o condomínio do edifício Lago Maggiore Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro, procurou o arquiteto Rodrigo Barbosa, dois anos depois do habite-se para as adequações da área de lazer que achavam ideais. “Quando os moradores começam a utilizar efetivamente o imóvel, verifica-se que a teoria na prática é outra e nesse momento começa-se a pensar nas adaptações”, conta a atual síndica Silvia Coelho Lantimant.
Segundo ela, o projeto agregou valor ao edifício, que tem 12 apartamentos divididos em seis andares, sendo duas coberturas duplex, tornando visualmente mais “elegante” o espaço, que é usado no dia-a-dia pelos condôminos para um momento de relax e, nos finais de semana, para receber convidados, sem qualquer cobrança de taxa de utilização.
O projeto original tinha a piscina em forma de raia, o spa com uma banheira jacuzzi, e uma sauna a vapor pequena. Esta foi ampliada e abriu-se uma janela para entrar luz e ter uma comunicação com a piscina. O chuveiro, de dentro da sauna, foi colocado na área do spa ao lado, permitindo que seja usado sem precisar entrar na sauna. No spa fechado por vidraças ao seu redor, o arquiteto optou por colocar um janelão que abre para a piscina para melhorar a ventilação do local. A parede interna foi revestida com pedra de São Thomé filetada, assim como a parede na área da piscina. “Esta opção ajuda muito na manutenção, pois as paredes com pintura escurecem muito rapidamente em ambientes onde tem água”, explica Rodrigo.
O arquiteto projetou um deck de madeira beirando a piscina, com uma jardineira em volta da pilastra que já existia. A escada da piscina foi transferida da área coberta, onde algumas pessoas batiam com a cabeça, para a área descoberta. O deck também foi a solução encontrada para substituir o chão de cerâmica que se estendia até a área descoberta. “Quando chovia, a água que caía na parte externa inundava a parte coberta. O deck beirando esta parte, além da função estética e decorativa, ajuda a escoar a água, pois é todo em ripas de ipê champanhe de 3 cm com fresta de 1cm, por onde escorre a água, que é então coletada embaixo por um ralo.” O efeito é como se fosse um tapete que sobe até a parede onde fica o chuveirão, cobrindo-a com lambris. Ao redor da coluna próxima ao chuveirão, foi montado um banco de ripas de madeira, criando uma coerência com a jardineira da outra pilastra, localizada perto da piscina.
Uma das exigências do condomínio foi a troca do piso escorregadio por um piso de porcelanato antiderrapante, que foi usado em todos os 148,8m² do espaço de lazer, inclusive no salão gourmet, projetado para substituir o salão de fitness, que era todo fechado, com uma pequena porta de madeira, e muito pouco usado. O arquiteto quebrou a parede integrando o espaço com a área externa da piscina e do spa, colocando uma porta de vidro de correr. “Isso possibilita uma versatilidade de uso, aberta no caso de uma festa, ou fechada, para uma reunião de condomínio”, diz ele.
No salão gourmet, climatizado com split, fazem parte da decoração uma mesa de madeira com seis lugares, sofá de vime com almofadas, mesa lateral, mesa de centro oval e uma poltrona de madeira, criando uma ambiente de sala de estar, com uma parede espelhada e detalhes de madeira em ipê natural, mais escuro, além de persianas rolôs na cor branca, que escondem a parede da garagem, mas permitem passar claridade. O arquiteto transformou o depósito de bicicletas da garagem que existia atrás desta área de lazer numa pequena cozinha funcional para atender ao salão gourmet, equipando-a com geladeira duplex e fogão de aço inox, uma bancada de granito branco Ceará, com armários fechados embaixo para guardar utensílios, e prateleiras de granito, de fácil manutenção. O banheiro do tipo lavabo foi modernizado.
O projeto incluiu também todas as instalações elétricas com diversas tomadas espalhadas pelo espaço. Além da iluminação do teto com lâmpadas Par 20, que não ofuscam a vista por serem mais difusas, sendo ao mesmo tempo mornas e aconchegantes, há também a iluminação indireta, balizadores no chão das escadas e ao longo da parede inferior que margeia o deck externo.
Foram compradas ainda duas espreguiçadeiras de madeira para compor com as duas mesas de piscina em alumínio branco com tampo de vidro e quatro cadeiras cada já existentes. “A proposta é, em vez de você usar a sua casa, usar a parte de lazer do edifício como extensão da sua casa”, diz Rodrigo.
Modernização e valorização em prédios antigos
O arquiteto lembra que os prédios antigos dos bairros de Ipanema, Jardim Botânico, Leblon e Lagoa, onde costuma trabalhar, têm uma estrutura muito comum que é a de pilotis, geralmente vazada, e que não é usado para nada. “Muitos síndicos vêm pedindo projetos de estudo para transformar esta área de pilotis numa salão de festas ou de reunião ou até mesmo em vaga de garagem. O metro quadrado hoje é muito caro para não ser usado.”
Segundo ele, existe uma questão de custo-benefício envolvida. Quando se tem um prédio de IPTU muito alto, é interessante para os moradores investirem na modernização da área comum para agregar valor ao edifício, de modo a acompanhar o valor do imóvel. Às vezes, a parte comum não está adequada à realidade dos moradores, do custo do imóvel. É o caso, por exemplo, de um edifício de alto padrão no Leblon, cuja síndica Rebeca Rocha pediu a ele um estudo, visando à modernização de uma grande área subutilizada do prédio. “Nas construções antigas, que não trazem a opção salão de festa, fica-se limitado a ter a sua residência como tal. Quando surge esta possibilidade de uma área específica para festa, você tem um pouco mais de conforto e a privacidade da sua casa continua resguardada. Por que então não fazer um estudo de melhor aproveitamento?”
A ideia do projeto surgiu a partir da necessidade de melhoria, principalmente, da portaria, que necessita de modernização, e um melhor aproveitamento do play, que é um espaço vazio. A síndica lembra que, com o tempo, há também um desgaste natural e esta perda desvaloriza não só a fachada do edifício como a unidade. “Mediante um crescimento imobiliário baseado na valorização dos imóveis, torna-se interessante investir numa proposta de modernização, principalmente em se tratando de um bairro com um metro quadrado elevado. Hoje você pode valorizar o que tem, não só internamente, mas também toda sua área externa, afinal a sua apresentação é o seu cartão de visita”, diz Rebeca.