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Tecnologia na portaria

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 12/03/2013
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Quando Carlese Campos assumiu a gestão do Condomínio Márcio, na Tijuca, percebeu que as despesas com a folha de pagamento dos dois porteiros e do faxineiro sobrecarregavam o orçamento condominial. Para reduzir os gastos, o síndico apostou na tecnologia: implantou uma portaria eletrônica, com interfone ligado aos apartamentos, instalou câmeras de segurança que filmam em tempo real todos os andares e pontos estratégicos da área comum do edifício e substituiu o acesso à garagem por um sistema automático, no qual o próprio condômino aciona o abrir e fechar de portas.

Carlese manteve apenas um funcionário no condomínio. O profissional trabalha das 7h às 16h, respeitadas as duas horas de almoço, e se concentra, principalmente, nos serviços gerais e na manutenção do prédio. A partir das 17h, a segurança fica por conta da tecnologia. E, até o momento, as inovações tecnológicas não tem deixado a desejar. “Quanto menor o número de unidades, mais caro sai o condomínio. Tudo aqui é dividido por dez. E, muitas vezes, a gente paga um profissional apenas para apertar botões ou abrir portões com chave. Depois de pesar o custo-benefício, vimos que a automação da portaria valeria a pena e realmente valeu”, destaca o síndico, que chega a economizar R$ 2,5 mil por mês com o novo sistema.

Carlese segue uma tendência cada vez mais comum entre os gestores condominiais: implantar portarias automatizadas para economizar na folha de pagamento, que compõe comprovadamente a maior despesa fixa mensal de um condomínio. No mercado, por sua vez, já estão disponíveis tecnologias super avançadas que enchem os olhos dos síndicos mais antenados. São equipamentos mecânicos, eletrônicos e softwares que garantem a segurança do condomínio e ainda possibilitam aquela tão sonhada folga financeira no fim do mês. E tem de tudo: câmeras de segurança, controle de acesso com sistema biométrico, portas automáticas na entrada principal e na garagem etc.

O nível de autonomia da portaria vai depender do tipo e da quantidade de equipamentos eletrônicos que o condomínio contratar. Marcos Ramos, gerente de operações comerciais da Gosvip Serviços Especiais, explica como funciona o sistema que possui todas as soluções integradas: “o usuário aciona o controle remoto do portão de acesso de veículos ou de pedestres e abre o primeiro portão. Isso, imediatamente, aciona a central de monitoramento, mas o segundo portão permanece fechado. Por meio da biometria, o usuário é devidamente identificado, a central de monitoramento abre o segundo portal e libera a entrada do morador. No interior das clausuras, tanto a de veículos como a de pedestres, há um aparelho telefônico instalado, pelo qual o usuário pode se comunicar diretamente com a central de monitoramento que funciona 24 horas por dia”.

Entre as tecnologias utilizadas na automação da portaria, destaca-se o sistema de biometria, que identifica o condômino por suas digitais. Intitulado por especialistas como o mais seguro dos sistemas de identificação, no método biométrico, é indispensável a característica física do condômino para abrir a porta, ao contrário do que acontece com crachás magnéticos e senhas, que podem ser perdidos, emprestados ou roubados.

Como se vê, segurança é a palavra de ordem desses sistemas e, nem mesmo em períodos de apagões ou quedas de luz elétrica, o condomínio fica desprotegido. Um aparelho no-break garante o funcionamento dos equipamentos nos casos de interrupção no fornecimento de energia.

A implantação de uma portaria automatizada exige investimento, mas quem experimentou garante que os benefícios vão muito além das despesas. O síndico Carlese Campos, por exemplo, gastou pouco mais de sete mil reais para a aquisição do sistema do condomínio Márcio e, em quatro meses, obteve o retorno do investimento. “Valeu muito a pena”, comemora o gestor. Além das vantagens financeiras e em termos de segurança, o controle por monitoramento em tempo real realizado pelas câmeras de segurança possibilita ao síndico ter a gravação digital de todo o movimento no condomínio, item essencial para esclarecer situações e determinados conflitos entre condôminos.

Processos de implantação
Qualquer tipo de condomínio pode aderir à portaria automatizada, mas, antes de tudo, é necessário se submeter a uma avaliação. A partir dela, a empresa contratada fica responsável por idealizar um projeto que se adéqüe à realidade do condomínio. Aprovado o projeto — e o orçamento, começa o processo de implantação do sistema que contempla, entre outras coisas, “a construção de um segundo portão de entrada de veículos e pedestres, um sistema de clausura ou gaiola e a segurança perimetral com portões e muros adequados à nova situação de segurança. Há, ainda, a necessidade de instalar um link dedicado no local para envio de voz, imagem e dados”, explica Marcos Ramos.

Dependendo da complexidade da portaria, pode ser necessário instalar também infraestrutura de tubulações para a passagem dos cabos de interligação dos equipamentos do sistema. A obra, entretanto, é rápida e interfere pouco na rotina condominial. O processo pós-instalação talvez seja o mais vagaroso. Isso porque os condôminos precisam ser treinados para interagir e controlar os equipamentos eletrônicos. Dependendo do perfil de condômino da unidade, essa etapa pode ser mais rápida ou demorada. “Se não houver a adesão e participação dos usuários do sistema a ser implantado, a solução de segurança eletrônica instalada não terá êxito, pois o forte na automação é exatamente o lado humano, trabalhando na conscientização individual de cada usuário em benefício do próprio grupo”, pontua o especialista em segurança.

A resistência por parte dos condôminos pode se constituir em um poderoso entrave ao sucesso da portaria automatizada. Para evitar isso, Marcos Ramos sugere que, antes de aprovar a implantação, o síndico leve ao conhecimento dos moradores um estudo previamente elaborado que aponte as vantagens da tecnologia eletrônica sobre a portaria convencional.

Menos funcionários, a mesma segurança
Dispensar funcionários nem sempre á uma tarefa fácil. Na maior parte das vezes, são profissionais que trabalham no condomínio há algum tempo e estão familiarizados com a sua rotina. Além disso, o condomínio possui outras demandas que nem sempre poderão ser resolvidas pela tecnologia da automação, como, por exemplo, o recebimento de volumes e entregas. O que fazer então? Como manter o bom funcionamento com o número de funcionários reduzidos?

A resposta para essas perguntas está dentro do próprio condomínio: os condôminos. Com o sistema de portaria automatizada, a responsabilidade dos moradores aumenta. Passa a caber também a eles a preservação da segurança; os moradores se tornam atores importantes da rotina gerencial do edifício. Nesse caminho, é crucial fixar regras e dar dicas de como os condôminos devem proceder.

No condomínio Márcio, por exemplo, o síndico Carlese orientou seus vizinhos a receber as entregas realizadas a partir das 17h apenas na portaria para evitar que estranhos subam às unidades. Ele afirma ainda que os condôminos já sabem como proceder ao entrar com o carro na garagem: “antes de entrar, eles são orientados a verificar se não estão sendo seguidos ou se não tem pessoas suspeitas por perto. Assim que entram com o carro, esperam algum tempo antes de ingressar efetivamente na garagem. Só então estacionam. Isso já faz parte do nosso dia a dia. Se o morador não quer que sua privacidade seja invadida, tem que se preocupar com segurança. É um trabalho a mais que vale a pena. Desde que implantamos esse sistema, já mudei toda a parte elétrica do play do prédio, troquei as lâmpadas por modelos econômicos e implantei luminárias de emergência nos elevadores e nas escadas. É uma economia que, no fim das contas, traz melhorias para todos”, finaliza.

 

Texto: Aline Duraes
Foto: Marco Fernandes

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