Segurança, uma questão de todos
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 29/01/2013
Edição 206 Jan/Fev 2013, Edições
Segurança é um dos quesitos de maior preocupação dentro de um condomínio. Cada vez mais assaltos à residência tem surpreendido moradores de todo o Brasil. No Rio de Janeiro, de acordo com o Instituto de Segurança Pública, a quantidade acumulada desse tipo de crime, entre janeiro a setembro de 2012, alcançou 394 ocorrências,111 amais do que no mesmo período de 2011. Em prédios, o cuidado deve ser redobrado, e um dos desafios do síndico é ficar atento e criar alternativas de segurança para prevenir que casos como esses aconteçam.
Mônica Ferreira é síndica de um prédio em Del Castilho, zona Norte do Rio de Janeiro, embora sua rua seja de grande circulação de carros e pedestres, de dois anos pra cá, a segurança de seu condomínio foi colocada em xeque. Tudo começou quando dois apartamentos do primeiro e segundo andares sofreram furtos. Os ladrões entraram pela varanda escalando o edifício de quatro pavimentos. “Chegamos a cogitar a hipótese de ter sido alguém do próprio condomínio. Ficamos assustados com a ousadia dos bandidos, nunca havíamos passado por nenhum tipo de situação como essa”, conta Mônica.
A síndica convocou uma reunião com os condôminos para avaliar as melhores soluções e evitar que novos roubos acontecessem. Instalou cercas em cima dos portões e investiu em um circuito interno de monitoração eletrônica com câmeras de vídeo. “Não demorou muito para outro roubo acontecer no pátio do prédio. Na mesma hora recorri às imagens e pude verificar que o ladrão não era alguém que estava no prédio como imaginávamos, e sim um morador de rua”, revelou a síndica.
As imagens gravaram o momento do furto, quando o assaltante pula a cerca, se dirige até a portaria e rouba uma TV de LCD de20 polegadasque ficava no recinto. A situação aconteceu em menos de 10 minutos. O vídeo com as imagens foi encaminhado à polícia.
O síndico Manoel Neto administra um condomínio em Madureira e se orgulha de o fato de seu prédio nunca ter passado por nenhum assalto. O investimento em segurança veio por conta de ações de vandalismo que aconteciam dentro dos elevadores. “O vandalismo praticado dentro do condomínio por visitantes contribuiu diretamente para o investimento em equipamentos de segurança interna e externa. Contamos hoje com grades mais altas, portão da garagem com controle codificado. Hoje só entram carros no estacionamento do prédio, que tiverem cadastrados no sistema de entrada e saída de veículos”, destaca Manoel, que acrescenta: “conjunto residencial também possui porteiros 24 horas”.
Atenção nos mínimos detalhes
Proteger o condomínio da violência urbana não é tarefa fácil e depende muito da atenção do síndico, da colaboração dos moradores, do treinamento de funcionários, além de equipamentos de segurança. Especialistas em segurança predial consideram que são pequenos deslizes que permitem que assaltantes consigam driblar porteiros, zeladores e até condôminos.
José Elias de Godoy é consultor de segurança predial e trabalha para uma das maiores empresas de consultoria de segurança condominial do país. Sua experiência foi vital para que escrevesse dois livros especializados no assunto – ‘Manual de Segurança em Condomínios’ e ‘Técnicas de Segurança em Condomínios’ – e para ele o grande segredo da segurança em edifícios, principalmente os verticais, é um bom controle de acesso nas entradas dos prédios. Mas, para isto, segundo ele, são necessários normas e procedimentos rígidos que sejam obedecidos e seguidos por todos, moradores e colaboradores. “Muito poderia ser minimizado caso os próprios moradores investissem em medidas básicas de proteção física da residência com equipamentos eletrônicos e barreiras físicas, ou mesmo em ações rotineiras voltadas a atos preventivos”, alerta Godoy.
A segurança de um condomínio engloba a segurança física do local, o investimento em funcionários e a conscientização dos moradores, mas o consultor ressalta que todo sistema de proteção física ou eletrônica serve como fator inibitório da ação delituosa e não pode ser considerado fator impeditivo do crime. “É importante que tenhamos tais equipamentos e quando se tem imagens gravadas mostrando os atos ilícitos, é de suma importância que se leve ao conhecimento das autoridades policiais e, nesse caso, junto à Polícia Civil, para servir como subsídio de investigação”, esclarece o especialista.
Atualmente, a ideia de que assaltante é apenas o bandido mal vestido, drogado, violento e mal encarado é bastante ultrapassada, muitos ladrões tem usado disfarces corriqueiros para conseguir entrar no condomínio e fazer a limpa. Mulheres bonitas e de boa aparência, jovens de classe média, homens de terno e gravata são os perfis mais percebidos por policiais, por isso é preciso ficar alerta, as aparências podem enganar.
Para evitar esse tipo de surpresa é fundamental que os porteiros e funcionários conheçam bem os moradores e seus hábitos; é primordial que o portão só seja aberto após a identificação através de documentos que comprovem a idoneidade da pessoa ainda nas dependências externas do prédio, e deve-se confirmar a identidade do profissional e a solicitação com o condômino. Em muitos casos, os ladrões se passam por entregadores de pizza, técnicos de telefonia, banhistas, oficiais de justiça, corretores de imóveis e até por policiais. Por conta desse tipo de situação, é muito importante a prudência na hora de contratar bem os colaboradores, objetivando dificultar o aliciamento de tais pessoas para atuarem em conjunto com a quadrilha, a fim de facilitarem a sua invasão. O treinamento dos moradores também é fundamental para que não fique brecha na vulnerabilidade predial.
Bolsões de segurança
José Elias criou o termo chamado ‘Bolsões de Segurança’, que seria uma ferramenta estratégica de proteção. Os bolsões são uma espécie de conjunto de residências, que se unem pela proximidade e agem de forma integrada, mediante ações previamente treinadas, para atuarem de forma preventiva e reativa de segurança. “É uma rede de segurança que envolve medidas de proteção entre vizinhos que se solidarizam e montam um sistema básico de segurança com o monitoramento das ruas e, consequentemente, dos prédios. O princípio básico desta ação é basicamente uma unidade tomar conta da outra e todas entre si”, explica Godoy.
Para a viabilização deste tipo de ação, é trivial que haja um bom relacionamento entre vizinhos e que se crie um mecanismo eficiente de comunicação entre porteiros e zeladores, que pode ser através de rádios transmissores. Para iniciar o sistema, o especialista sugere que seja feito um levantamento dos prédios da rua e ainda um convite aos síndicos para uma reunião, onde a ideia será debatida. Ainda de acordo com o consultor, é imprescindível que haja uma coordenação geral do Bolsão e de que todos, síndicos, porteiros e condôminos, estejam dispostos a colaborar.
Os síndicos são os maiores interessados pela segurança. Por isso é vital que eles estejam engajados no Sistema de Segurança do condomínio, investindo nos meios de proteção física e de equipamentos, bem como participem na elaboração e na obediência das normas de segurança que devem ser votadas pelos condôminos em Assembleia específica.
Texto: André Luiz Barros
Foto: Marco Fernandes