PUBLICIDADE

5 formas de colocar em prática a Economia Solidária

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 03/03/2022
,

people-bringing-supplies-to-neighbors (1)
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Sabe os conceitos mercantis tradicionais de compra e venda, seja na negociação por um produto ou serviço? Pois é, na chamada Economia Solidária, os próprios trabalhadores se organizam coletivamente e assumem o protagonismo dos seus negócios, tomando suas decisões de forma a dividir o trabalho e repartir os resultados mediante a filosofia de produzir, vender, comprar e trocar apenas o que é necessário para viver. 

Como tudo começou

Acredita-se que o movimento tenha se originado com a Primeira Revolução Industrial. Mais tarde vieram as primeiras trade unions (sindicatos) e cooperativas, na Grã-Bretanha, e logo depois a consolidação da cooperativa de consumo dos Pioneiros de Rochdale, em 1844. No Brasil, a Economia Solidária começou a fazer parte do cenário nacional, em 2001, com a realização do 1º Fórum Social Mundial, que contou com a participação de 16 mil pessoas, vindas de 117 países. Em 2003, foi criada a Secretaria Nacional de Economia Solidária – Senaes, mesmo ano da realização da III Plenária Brasileira de Economia Solidária, quando foi criado o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES).

Ao FBES cabe a missão de servir como um instrumento da Economia Solidária e espaço de articulação e diálogo entre diversos atores, atrizes e movimentos sociais, como base fundamental do desenvolvimento socioeconômico para o Brasil. Atua em todo o país em mais de 160 fóruns municipais, microrregionais e estaduais, envolvendo diretamente mais de 3 mil empreendimentos de economia solidária, 500 entidades de assessoria, 12 governos estaduais e 200 municípios pela Rede de Gestores em Economia Solidária.

Com a pandemia, muitas famílias se viram devastadas em termos econômicos – muitos integrantes perderam seus empregos ou tiveram sua renda reduzida drasticamente – e o movimento passou a ser mais discutido ou mesmo a solução encontrada para amenizar todo esse impacto e garantir a sua sobrevivência. 

A gente separou algumas iniciativas que podem te ajudar a entender melhor como tudo isso funciona e – quem sabe? – te incentivar a aderir ao movimento. 

  • Redes de produção e comércio

Na Economia Solidária, além de se enfatizar o consumo consciente, há toda uma preocupação para que as coisas aconteçam de acordo com valores éticos e socialmente responsáveis ao longo de toda a cadeia. Os chamados “coletivos” podem se referir a um grupo de artesãs no interior da Bahia que se unem para trabalhar juntas e se apoiar a empreendedores locais que compartilham não apenas o interesse pelo mesmo segmento, mas também recursos, competências, investimentos, riscos e oportunidades de crescimento. Tudo coletivamente. 

A Casa 102, em Curitiba, é um espaço que tem como princípio apoiar o empreendedorismo criativo, negócios e artistas locais. Foi inaugurada em 2016, sob a condução de cinco amigos, e hoje engloba um coletivo de marcas autorais e loja colaborativa; um Espaço Colab, com o intuito de oferecer local a custo acessível para viabilizar pequenos negócios criativos, seja em forma de escritórios ou pequenos ateliês; e ainda um banco de tecidos, um lugar onde as pessoas podem depositar e comprar sobras de tecidos e colaborar para uma cadeia de produção mais sustentável. 

casa
Na Casa 102, em Curitiba, espaço para exercitar a coletividade produtiva

  • Cooperativas de agricultura familiar

Segundo um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2021, a agricultura familiar brasileira foi responsável por R$ 106,5 bilhões, com maior participação da região Sul (41%), seguida do Sudeste (24%), Nordeste (15%), Norte (11%) e Centro-Oeste (9%). Através das cooperativas, o pequeno produtor ganha apoio para investir no seu negócio, orientação especializada e mais qualidade de vida para a sua família. 

Fundada em 2004, a COOPERCUC (Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá), na Bahia, trabalha com o objetivo de aproveitar da melhor forma possível as potencialidades produtivas da região, gerando renda e contribuindo com o desenvolvimento sustentável das 2000 famílias envolvidas no processo de organização. Cada um de nós também pode colaborar para o fortalecimento da agricultura familiar, dando preferência ao consumo de alimentos e produtos feitos por agricultores rurais, incentivando outras pessoas a aderirem à iniciativa e valorizando o trabalho do campo. 

  • Clubes de troca

Os clubes de troca são empreendimentos de Economia Solidária, onde os seus integrantes se organizam coletivamente para trocar produtos, serviços ou conhecimento. Cada grupo monta a sua própria metodologia e até mesmo cria-se uma moeda social para facilitar o troca-troca. O primeiro clube de troca no Brasil foi inaugurado em 1998, em São Paulo, no bairro de Santo Amaro.

cartaz
Na Rede Pinhão de Grupos de Troca, a moeda social é o Pinhão

 

Hoje, um dos grupos mais conhecidos é da Rede Pinhão de Grupos de Troca, nascido em novembro de 2001, no bairro Sítio Cercado, em Curitiba. Lá a moeda utilizada pelos seus membros é chamada de Pinhão, em homenagem ao fruto da araucária, árvore símbolo da região. Clique aqui para conferir uma publicação com detalhes sobre o seu funcionamento, além de dicas de como organizar o seu próprio clube. 

  • Banco de tempo

Aqui a dinâmica é similar ao funcionamento dos Clubes de Troca, só que ao invés de uma moeda social, os integrantes deste “banco” usam créditos de horas para facilitar as transações. Assim, é possível “vender” um bolo fresquinho, prestar o serviço de criação de uma identidade visual para uma marca local ou mesmo fornecer aulas de inglês. Em contrapartida, você “compra” um corte de cabelo, peças decorativas para dar de presente ou sessões de reiki. Tudo sem dinheiro. Ao fornecer seu serviço ou produto, você vai acumulando horas e troca quando encontrar algo que te interessa. 

Atualmente, o Banco de Tempo Florianópolis conta com quase 25 mil membros e tudo acontece dentro de um grupo privado no Facebook. Para entrar, é necessário acessar a página inicial do Banco para realizar um cadastro prévio, informar seus talentos que serão usados na negociação com os outros integrantes e ler com atenção todas as instruções dos administradores para garantir as boas práticas inerentes à operação. Em seguida, basta anunciar suas habilidades ou produtos e acompanhar as oportunidades que gostaria de aproveitar. 

  • Cooperativas de coleta e reciclagem

O compromisso com o meio ambiente também está presente dentro do conceito da Economia Solidária. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS), o Brasil possui cerca de 1.200 cooperativas de resíduos sólidos no total, sendo responsáveis por quase 90% do lixo reciclado no Brasil. Elas contribuem na geração de renda para os seus cooperados, através de empregados diretos e indiretos envolvidos no processo, além de reduzir os impactos ambientais vinculados à má destinação desses materiais. 

homem sentado
Cristiano Cardoso é o presidente da Cooperativa de Catadores da Recifavela, em São Paulo: sustentabilidade e apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade

Uma delas é a Recifavela, uma cooperativa de reciclagem que atua no mercado há 13 anos, trabalhando com pessoas vulneráveis, sendo homens, mulheres, refugiados, LGBT, entre outros, moradores de favelas e albergues. Ela está localizada na Comunidade da Vila Prudente, em São Paulo, e realiza um trabalho de desenvolvimento dos seus colaboradores e da comunidade, através da realização de projetos de economia circular e conscientização dos colaboradores e moradores da região.

 

Para conhecer com profundidade o histórico deste movimento, vale muito a pena ler o livro “Introdução à Economia Solidária”, de Paulo Singer, um dos especialistas ícones sobre o assunto. (Clique aqui para baixar).

 

 

Por: Cintia Laport

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE