Open banking pode gerar novos modelos de negócios
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 08/09/2021
Economia, Tecnologia
Para os mais nostálgicos, o ritmo das mudanças no modo de viver, proporcionado pela tecnologia, pode parecer estar seguindo uma velocidade muito rápida. Mas, o fato é que elas vão continuar acontecendo, e, muitas vezes, serão irreversíveis. No caso do Open Banking, muita água ainda vai rolar – e as mudanças serão irrefreáveis.
O sistema, que está em sua segunda fase de implementação, veio para permitir o compartilhamento padronizado de dados e serviços por meio de APIs (Application Programming Interfaces) por parte de instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
No caso dos dados de clientes, seja pessoa física ou jurídica, é o consumidor que decidirá quando e com quem ele deseja compartilhar suas informações. Com isso, espera-se a entrega de produtos e serviços financeiros a clientes com maior agilidade, conveniência e segurança.
Para Vinicius Campos, gerente de qualidade e processos da Guide Investimentos, o Open Banking definitivamente vai transformar os negócios.
“Fazendo uma analogia, ele está para os bancos e o mercado financeiro em geral como a internet e os smartphones estão para as comunicações e o entretenimento. Não será uma transformação de um dia para o outro, mas acontecerá, e quando olharmos para trás, vamos achar curioso, por exemplo, ser cliente fixo de um banco ou ter de passar por etapas complicadíssimas para transferir os investimentos de uma instituição para outra”, afirma.
“Os que têm um pouco mais de experiência de vida, devem lembrar das videolocadoras e de tudo o que era necessário para poder ver um filme. Hoje toda essa experiência foi transformada. Não foi de um dia para o outro, mas quando aconteceu, foi irreversível. Novos negócios foram criados e muitos, infelizmente, não puderam acompanhar essa evolução”, pontua Vinicius Campos.
Com o Open Banking, surgirão (boas) novas oportunidades?
Além da possibilidade de integração da prestação de serviços financeiros à jornada digital do consumidor, com o sistema financeiro aberto é provável que surjam condições para novos modelos de negócios que tenham, principalmente, o cliente no centro.
Para Guilherme Assis, CEO do aplicativo de investimentos Gorila, a implementação do Open Banking, diferentemente do PIX, é um processo, e as fases são necessárias para que haja consistência dos dados, performance e segurança.
Sendo assim, é natural esperar que o impacto seja sentido ao longo do tempo pelos consumidores e não imediatamente, no começo de cada fase. Contudo, depois da implantação concluída, o CEO já acredita em alguns novos modelos que poderão surgir:
“Muitos novos modelos de negócio que nem imaginamos hoje poderão ser criados. Mas de bate pronto acreditamos em modelos de negócio baseados em comparação e recomendação de produtos de diferentes instituições, em um conceito de marketplace. Conseguimos enxergar empresas que ajudam na automatização de pagamentos recorrentes independente da instituição. Empresas que entendem melhor os consumidores para propor produtos que façam mais sentido para um dado perfil”, exemplifica.
O gerente da Guide Investimentos concorda sob esse ponto de vista, e acha difícil vislumbrar nesse momento quais tipos de produtos, serviços, facilidades e novos negócios serão criados, porque o Brasil ainda está em uma etapa de implementação.
Porém, para ele, já é possível enxergar a possibilidade de consolidar informações e oferecer conveniência como comparação de produtos e, em um segundo momento, a originação de movimentações.
“Mas acho que isso é pouco, muito mais vai surgir, apenas ainda não foi idealizado. Quando um primeiro player vier com uma solução, ou conjunto de soluções arrebatadoras, a transformação vai de fato começar e se tornar exponencial. A certeza é que existe um potencial gigantesco a ser explorado. E me parece que o diferencial aqui será conseguir trabalhar com a quantidade enorme de dados que estarão disponíveis e principalmente, trazer uma experiência para o cliente que realmente torne o processo de compra algo agradável”, diz Vinicius Campos.
“O que acho que já é bem concreto e que já está acontecendo é a abertura para o surgimento de uma quantidade enorme de participantes do mercado, que não são necessariamente instituições financeiras, mas que vão fazer parte da experiência de consumo. As instituições mais tradicionais vão precisar aprender a lidar com esse cenário”, complementa.
Consumidor sai ganhando
No fim das contas, os dois executivos acreditam que, com a implementação do Open Banking – sistema já utilizado em países como Austrália, Inglaterra e Alemanha, o maior beneficiário será o consumidor.
“Ele será sem dúvida o maior beneficiado. A experiência vai ser transformada e o principal, o consumidor vai ter muito mais domínio e muito mais poder. Hoje há uma assimetria muito grande – o grande banco possui todo o histórico do seu cliente, coisas simples como comparar o preço de um financiamento são complicadíssimas – há informações que não são claras, custos e taxas que alteram o preço final, burocracia e dificuldades criadas para reter o cliente. Com o Open Banking, o cliente vai ter a liberdade de escolha e o processo de mudança será trivial – a balança vai pender para o outro lado”, sinaliza o CEO do Gorila.
Já para Vinicius Campos, os dois principais pontos de melhoria serão no custo dos serviços financeiros, que irão cair, e na melhora significativa da experiência no consumo desses mesmos serviços, que serão mais personalizados, além do surgimento desses novos modelos de negócios, que poderão facilitar a vida das pessoas.
Fonte: Consumidor Moderno
Imagens: Freepik