Como será o avanço da tecnologia bancária em 2021?
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 13/01/2021
Economia
A transformação digital chegou com força no mercado financeiro. Nos últimos anos os bancos digitais e fintechs ganharam espaço no setor com ajuda regulatória do Banco Central, e, em 2020, o Pix, meio de pagamento instantâneo altamente tecnológico, começou a funcionar. Com um consumidor cada vez mais digital, foram movimentados R$ 83,4 bilhões no primeiro mês de funcionamento pleno da ferramenta.
Para acompanhar o avanço e garantir uma boa experiência para os clientes, os bancos brasileiros estão cada vez mais investindo em infraestrutura, tecnologia e segurança. Em 2021, a manutenção dos investimentos expressivos em tecnologia bancária de ponta, como inteligência artificial, analytics e cibersegurança, devem trazer mais produtos e soluções inovadoras.
“O setor bancário brasileiro investe anualmente cerca de R$ 24,6 bilhões em tecnologia para fazer frente às inovações e manter de pé uma estrutura que atenda a milhares de brasileiros. Iremos continuar ajudando o cliente na inclusão digital que lhe permita ter acesso a serviços com maior valor agregado, mais eficiência e redução de custos”, afirma Isaac Sidney, presidente da FEBRABAN.
Confira quais são os principais destaques da agenda tecnológica bancária para este ano.
Novas funcionalidades do Pix
A facilidade de transferir e receber dinheiro em alguns segundos, todos os dias da semana, a qualquer horário e sem pagar taxas por isso foi muito bem aceita pelos brasileiros. E em 2021 o Pix ganhará outras funcionalidades. O Pix Cobrança, que começa a funcionar em março, deve impulsionar as transações entre pessoas e empresas ao permitir que lojistas, varejistas e prestadores de serviço criem QR Codes impressos para receberem pagamentos. Será permitido fazer cobrança com vencimentos em datas futuras, incluir cálculos de juros, multas e descontos em pagamentos.
Outra novidade, prevista para o segundo trimestre, é o Saque Pix. Com ele será possível fazer uma transferência pelo sistema de pagamento para estabelecimentos cadastrados e sacar a quantia em dinheiro neles. O Pix Garantido, que permitirá fazer transações como se fossem compras parceladas, também está nos planos.
Implementação do Open Banking
As quatros fases de implementação do Open Banking, sistema que cria novos modelos de negócios com o uso de APIs (interfaces de programação de aplicações), estão marcadas para 2021. Com isso, o cliente será dono de seus dados financeiros, podendo compartilhá-los com terceiros para obter produtos ou serviços financeiros.
“O Open Banking trará maior conveniência e uma melhor experiência do cliente. Também tende a intensificar as ofertas de valor para os clientes, com novos produtos e serviços”, afirma Leonardo Vilain, diretor de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da FEBRABAN.
IA e Analytics
A Inteligência Artificial tem aproximado os bancos dos clientes ao permitir que o atendimento fique cada vez mais personalizado e rápido. Investimentos em chatbots e assistentes virtuais devem ser os principais nesse sentido. Esses robôs, ao cruzar dados, são capazes de tirar dúvidas e até sugerir investimentos.
A tecnologia também se faz importa em áreas de backoffice no reconhecimento de imagens, assinaturas em cheques e modelos de risco de crédito, e em áreas jurídica e de RH. Ao combiná-la com o analytics, é possível interpretar informações e gerar KPIs robustos. Não à toa o investimento é pesado.
Segurança da informação
Com o aumento da conectividade, mais golpes cibernéticos passaram a ser registrados. Quando se trata de serviços financeiros, todo cuidado é pouco. Os bancos brasileiros investem anualmente cerca de R$ 2 bilhões em sistemas TI voltados para segurança, afinal, ter a confiança do cliente é um ponto muito importante.
A atenção para desenvolvimento e implementação de novas soluções e tecnologias seguras, além da manutenção de equipes que identificam situações divergentes do comportamento habitual do cliente estarão no foco do setor.
+ Os próximos passos dos meios de pagamento digitais
A adoção de meios de pagamento digitais foi impulsionada pela pandemia e pela chegada do PIX; papel moeda perde força
A entrada em funcionamento do Pix, em novembro de 2020, trouxe um novo ar de modernidade para os meios de pagamento utilizados no Brasil.
Criado pelo Banco Central, o sistema de pagamentos instantâneos tornou mais rápidas e seguras as operações de transferência e pagamento, permitindo que o usuário possa movimentar valores 24 horas por dia, todos os dias do ano, até mesmo nos finais de semana e feriados.
O Pix também pode ser usado para pagamentos de impostos e contas de água e luz e possibilita que compras feitas em lojas, restaurantes e todos os tipos de estabelecimentos comerciais sejam pagas através de um QR Code.
Por que a chegada do Pix é tão importante?
Para as empresas, a capacidade de fazer transferências com toda segurança e os custos menores das transações trazem agilidade e alavancam a competitividade e eficiência no mercado.
Já para o consumidor, além da facilidade, o uso do Pix é gratuito e permite que mesmo pessoas sem um conta bancária realizem operações financeiras. Ou seja, ele promove inclusão e coloca mais gente pronta para consumir no mercado.
O brasileiro adotou a tecnologia rapidamente. No final de novembro, o Banco Central já registrava o cadastramento de mais de 83 milhões de chaves, o número que o usuário precisa cadastrar em seu banco para usar o Pix.
O que deve vir depois? Que outros meios de pagamento digitais podemos esperar para o futuro?
Pandemia impulsiona o uso da tecnologia
O uso de papel moeda vem caindo ano a ano no Brasil. O mais antigo método de pagamento ainda em uso pelo homem perde espaço para os cartões de débito e crédito no país. Pelos números do Banco Central, existem mais de 225 milhões de cartões ativos, somadas as duas funções.
Por outro lado, ainda vivemos no país do cheque pré-datado e do carnê de prestações e o uso desses meios de pagamento varia de acordo com as regiões e o nível econômico da população.
A pandemia de Covid-19 impulsionou o uso da tecnologia para o pagamento de compras e serviços. Fechada em casa, não restou alternativa à população a não ser fazer compras online em sites e aplicativos.
De acordo com dados do Instituto Locomotiva, divulgados pela Agência Brasil, as compras feitas por aplicativos cresceram 30% no país durante a crise provocada pelo coronavírus. O mesmo levantamento aponta que 49% dos entrevistados pretendem ampliar o uso dos aplicativos para pagar as compras mesmo após o fim da pandemia.
Novos meios de pagamento digitais
Hoje, além dos métodos tradicionais, de totens e autoatendimento e do Pix, outros meios de pagamento ganham espaço no mercado e conquistam a confiança dos consumidores.
O pagamento contactless (ou por aproximação), no qual a pessoa aproxima o cartão ou uma carteira digital de um sensor, é um modelo que tende a crescer na medida em que os bancos e empresas substituam os cartões antigos por outros com a nova tecnologia – que também é segura do ponto de vista da saúde, uma vez que evita o contato físico.
O mesmo acontece com o QR Code. Aos poucos o mercado está disponibilizando o método, que não é novo, mas precisava ser incorporado à cultura do consumidor. Hoje, muitos estabelecimentos comerciais colocam próximo ao caixa uma plaquinha com o código para que o cliente faça a leitura com o seu smartphone na hora de pagar.
As contas digitais também facilitaram o processo de pagamento. Mesmo disponibilizando cartões físicos, bancos como o Nubank ou o Inter, entre outros, oferecem versões digitais dos mesmos com as mesmas funções e que ainda podem ser colocadas em carteiras virtuais nos smartphones.
Em breve, o WhatsApp Pay, método de transferência de valores do aplicativo, deve entrar em uso no país. A empresa, que pertence ao Facebook, solicitou autorização do Banco Central em junho de 2020, mas até o final do ano não havia obtido a licença para colocar o serviço em funcionamento.
Em novembro, durante uma entrevista sobre o Pix, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto afirmou que o WhatsApp Pay começaria com transações entre pessoas – P2P (person to person), para depois chegar os P2M (person to merchan), entre consumidores e empresas.
O aplicativo permitirá tanto transferências quanto pagamentos e será um grande impulsionador de pequenos negócios, uma vez que o WhatsApp é muito utilizado por vendedores autônomos em todo Brasil.
O que vem por aí?
Olhar mercados mais evoluídos da Europa, Ásia e América do Norte sempre nos oferece a chance de vislumbrar como pode ser nosso futuro próximo.
A China, o país que inventou o papel moeda, foi o primeiro a reduzir drasticamente o seu uso e – diferente do Ocidente – não adotou os cartões de crédito, mas deu um salto direto para o digital. Hoje no país asiático o smartphone faz a função de carteira e a leitura de QR codes é corriqueira até para a compra de peixes na feira.
Talvez por uma questão cultural, o Brasil seguiu o modelo norte-americano de uso de cartões e é provável que adote também o uso de serviços como o Apple Pay ou Google Pay que estão em alta por lá, principalmente após o início da pandemia. O cliente vincula um cartão de crédito à plataforma e pode realizar pagamentos sem nenhum contato físico. Outras empresas, como a Samsung e o Walmart, também criaram serviços similares.
Enquanto isso na Europa, a moda são os wearables, dispositivos “vestíveis” como relógios, anéis e pulseiras, entre outros, que possuem chips e podem ser usados para efetuar as transações por aproximação. Dos dez países do mundo que mais utilizam esse tipo de sistema, nove estão no continente.
O aumento do uso de pulseiras inteligentes e smartwatchs no mundo todo, inclusive por aqui, pode estimular essa modalidade, mas é bem possível, em um país de grandes dimensões e diferenças sociais como o Brasil, que vários meios de pagamento sejam adotados e ofereçam ao consumidor cada vez mais comodidade e segurança.
Fonte: Consumidor Moderno
Por: LARISSA SANT’ANA
Por: EDITOR CM
Fotos: Freepik