Altas temperaturas dão sinal de alerta para o consumo de energia elétrica
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 14/10/2020
Economia
Veronica Mondarto
Os termômetros ultrapassam os 40 graus e a sensação térmica das pessoas que caminham pelas ruas é de mais de 50 graus. No vestuário, somente roupas leves, confeccionadas com tecidos confortáveis e frescos, predominantemente tons mais claros, eliminando o “pretinho básico”. Muita água, sucos e água de coco, além de tantos outros líquidos ingeridos abundantemente. Nas refeições as saladas ganham destaque nos pratos dos restaurantes e na preparação caseira. Os alimentos menos gordurosos também ganham a preferência na degustação menos calórica, na esperança de não provocar a elevação ainda mais da temperatura corporal.
De olho nas contas
Todas estas mudanças de hábitos passam a fazer parte da rotina de quem vive no Rio
de Janeiro na doce ilusão de amenizar o calor. Mas, apesar da adoção de atitudes
corretas e benéficas à saúde, o calor não diminui e o único desejo de cada cidadão
durante o verão é permanecer o maior tempo possível em ambientes refrigerados, ou
melhor, não sair do ar-condicionado.
Os lugares com refrigeração, seja o local de trabalho, os espaços de lazer ou mesmo
no conforto do lar para o merecido descanso exigem um maior consumo de energia
elétrica. E para desfrutar deste “aconchego” há um custo que não se pode descartar
ou esquecer, porque ele estará presente a cada mês na conta de luz a pagar.
É, principalmente no verão, que acontece o maior consumo de energia elétrica, não só
por causa do uso constante do ar-condicionado e de ventiladores, soma-se ainda o
armazenamento dos alimentos na geladeira, utilização de aparelhos eletrodomésticos,
maior quantidade de água, para ingestão ou para banho ou preparo dos alimentos,
ocasionando elevação na contagem dos quilowatt-hora (kWh) e consequentemente, a
elevação das cifras no total da conta a ser paga pelo serviço prestado.
A preocupação com o acréscimo dos valores das contas de consumo durante os
meses de verão é redobrada pelos síndicos dos edifícios residenciais ou comerciais,
mas é a conta de luz que ganha atenção especial. O sinal de alerta é aceso e
certamente nos próximos cálculos estará a bandeira vermelha, o que permite a
companhia de fornecimento de energia elétrica cobrar o valor num percentual mais
elevado. A tarifa extra mais alta se deve à necessidade de operar mais usinas
térmicas, cujo custo de produção da energia é mais alto que a da produzida nas
hidrelétricas, justifica a prestadora.
Aplicação da bandeira vermelha é adotada pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), conforme lei vigente, que permite a tarifa da conta de luz mais cara do modelo
e representa a cobrança de taxa extra de R$ 3,50 a cada 100 quilowatt-hora
consumidos. A Aneel afirma que, desde o mês de outubro, a decisão da bandeira
vermelha foi tomada devido à pequena vazão das hidrelétricas, porque as chuvas em
setembro ficaram abaixo da média. A agência explica que em função do regime
hidrológico muito crítico, sendo setembro o pior mês, do ponto de vista da vazão, da
série histórica do setor elétrico. Apesar do alerta, a Aneel garante que não há risco de
desabastecimento de eletricidade, durante os próximos meses, inclusive no verão.
Para a economia, a parceria de todos é essencial
Para o advogado e síndico Roberto Fazolino Barroso, do Condomínio do Edifício
Civitas, no Centro do Rio, a adoção de várias medidas para evitar o desperdício foi a
solução para não ter surpresas com a conta de energia elétrica. “No edifício, onde
também tenho meu escritório, com 19 andares, mais a cobertura, com 84 salas
comerciais e três elevadores de grande capacidade é necessário estar sempre em
busca de novos conceitos de gestão e economia”, afirma Barroso.
Ele explica que no ano passado trocou toda a iluminação dos corredores, portaria e
demais áreas comuns por lâmpadas de Led. “A substituição trouxe uma redução na
conta e mais luminosidade às áreas de convivência”, revela Fazolino Barroso. Na
entrada do edifício, ele também instalou holofotes de Led sem prejudicar a segurança
para os usuários durante a noite, sem agredir o meio-ambiente, promovendo mais
redução de consumo de energia.
Outra mudança efetuada pelo Roberto foi a colocação em determinados locais do
prédio de aparelhos de sensores que acionam a luz ao detectar a presença de
pessoas no ambiente. Ele diz que “são aquisições importantes que ao final fazem a
diferença na soma total dos custos do condomínio”.
Além dos sensores, Barroso conta que no término do expediente comercial, às 18
horas, o segurança sobe ao último piso do prédio e descendo pela escada, andar por
andar, certificar-se de que em nenhum pavimento a luz ficou acesa
desnecessariamente. Ele acrescenta que o funcionário também confere se as portas
das salas estão trancadas, caso alguma esteja aberta e desocupada, adota medidas
de segurança e desligamos as luzes.
Roberto Barroso não parou de buscar alternativas e maneiras de manter o caixa
sempre equilibrado. “Adquiri uma bomba de água mais moderna, com consumo
menor de luz, modifiquei o quadro de força, para não ocorrer sobrecarga elétrica e
ainda substituí os disjuntores”, enumera o síndico.
As ações para alcançar a diminuição de gastos também são parte da administração do
síndico do Condomínio do Edifício Ville Prime, no Andaraí, Zona Norte da cidade do
Rio. Cleber explica que no prédio, como são apenas 36 apartamentos, divididos em
dois blocos, cada um com três andares, todos os moradores cooperam e apoiam as
decisões para concretizar mudanças que impliquem na redução de qualquer centavo
para o condomínio. “Somos uma grande família”, exalta.
Há três anos no cargo, ele também efetuou modificações semelhantes à de outros
síndicos, como por exemplo, a troca das “lâmpadas frias” para as de Led em todas as
áreas do condomínio, visando economizar. Um fato que gerou redução na tarifa foi a
compra de um equipamento mais sofisticado de exaustão para os banheiros dos
apartamentos. “O antigo aparelho funcionava direto, forçado, sem intervalo 24 horas
por dia, com a mudança economizamos bastante no consumo de energia, porque o
equipamento novo desliga automaticamente à meia noite e religa somente as seis
horas da manhã”, diz.
Os dois elevadores do edifício, um para cada bloco, ao serem movimentados
“fabricam” energia, brinca o síndico. Segundo ele, a instalação de aparelhos de ar-
condicionado tipo Split no salão de festa, na academia, no parque e na biblioteca,
além de outros locais de lazer, trouxe contenção de energia.
Medidas simples que fazem a diferença
Cleber conta que para retirar o lixo dos andares o porteiro não utiliza elevador, o faz
pela escada. “Os moradores, em sua grande maioria, utilizam as escadas para descer
ou subir os poucos andares do prédio”, enaltece. Outras alterações que contribuíram
para a diminuição de gastos com energia elétrica, de acordo com o síndico, foi a
disposição de aparelhos de sensores de movimento em espaços comuns do prédio e
em diversos lugares predomina a automatização, evitando o desperdício.
No Condomínio Ville Prime a água de chuva é coletada e aproveitada para lavar a
garagem, os pisos do edifício, os carros e regar as plantas do jardim, entre tantas
utilidades. “Com a reutilização da água de chuva, o consumo da potável é menor,
consequentemente a bomba é ligada menos vezes para abastecer as caixas d’água
que estão localizadas na cobertura de cada prédio”, explica o síndico. “A instalação de
hidrômetros individuais coopera muito financeiramente para amortizar às custas do
condomínio”, garante Cleber.
Para reafirmar que eles são uma “grande família” e colocam a mão na massa para
abater gastos e manter seu patrimônio sempre valorizado, Cleber revela que quando é
preciso realizam mutirão de limpeza, fazem reparos em móveis e utensílios do
condomínio, além da manutenção das áreas comunitárias. “Um exemplo de parceria
entre os residentes é a instalação do bicicletário. Em um fim de semana, nos reunimos
e executamos o serviço, sem a contratação de mão de obra especializada, sem custo
nenhum”, completa.
A unanimidade entre os síndicos é que todos gostam de economizar e para gastar
menos com a conta de luz, a atitude principal para se obter êxito é consumir energia
elétrica de forma eficiente e consciente. Roberto e Cleber ecoam no discurso: “É
preciso evitar o desperdício, garantir a revisão contínua da rede elétrica e optar por
equipamentos de tecnologia de ponta que consomem menos energia”. E finalizam:
“Poupar energia elétrica é acima de tudo colaborar para a preservação do meio
ambiente”.
BOX
As companhias de energia elétrica selecionam diversas dicas para ajudar a restringir
os custos na conta. As sugestões podem ser compartilhadas pelos síndicos com os
moradores dos prédios para todos juntos suavizarem o valor do serviço.
Entre as propostas estão:
– Usar a temperatura natural da água do chuveiro para o banho, já que no verão a
água é “aquecida” pelo sol dentro da própria caixa em que é armazenada,
principalmente em prédios mais baixos, chegando morna aos apartamentos;
– Tomar banhos mais curtos, de até cinco minutos, para poupar água;
– Aproveitar a luz natural dos ambientes, como do playground e áreas ao ar livre;
– Tentar diminuir ao máximo a utilização de ar-condicionado e não deixar portas e
janelas abertas em ambientes com o equipamento;
– Não colocar alimentos quentes na geladeira, porque acarretará em mais consumo
para sua refrigeração, demandando mais força no motor do aparelho;
– Abrir a porta da geladeira e mantê-la aberta apenas o tempo necessário para guardar
ou retirar produtos;
– Utilizar lâmpadas econômicas em todos os ambientes;
– Ao sair dos locais, não esquecer de apagar a luz;
– No momento da compra de eletrodoméstico, por exemplo, como freezer e micro-
ondas para o salão de festas, verifique se o mesmo tem o selo do Programa Nacional
de Conservação de Energia (Procel), criado pelo Governo Federal exatamente para
economizar energia. O selo é emitido pelo fabricante e deve estar afixado em local
visível no produto.