Saiba como lidar com os 5 C’s dos condomínios

Dicas de como se prevenir de problemas dentro do condomínio, ou melhor: de evitar que eles aconteçam

Por Juliana Marques

Viver em comunidade não é uma tarefa fácil e a vida nos condomínios residenciais, onde pessoas de diversos perfis, culturas e educação dividem o mesmo espaço é resultado disso, já que muitos desentendimentos acontecem em decorrência dos conflitos entre estilos de vida e opiniões diferentes.

Diante disso, síndicos e administradores têm que saber lidar com os 5 C’s dos condomínios, que são os principais temas de conflitos entre os moradores, que significam: cachorro, calote, carro, criança e cano d’água. Embora possam parecer banais, eles precisam ser tratados de forma cuidadosa para que problemas futuros sejam evitados, tais como brigas, desentendimento e multas.

Na opinião da psicóloga, Adriana Gomes, especialista em análise do comportamento, os responsáveis pela gestão do condomínio desempenham um papel fundamental na mediação de conflitos e devem estar sempre abertos ao diálogo. “O conflito se dá pela intolerância e, principalmente, pela falta de diálogo. Quando você é ouvido e seus questionamentos são considerados, é muito mais fácil resolver qualquer tipo de desentendimento. Agora, quando há desrespeito e omissão, as chances das pessoas se exaltarem é grande, já que o ser humano tende a ser muito mais questionador do que pacífico quando algo o incomoda verdadeiramente”, explica.

No entanto, ao lidar com essas questões de forma consciente e colaborativa, é possível evitar conflitos desnecessários e manter um ambiente harmonioso para todos os moradores.

Confira, abaixo, algumas dicas sobre como lidar com o 5 C’s dos condomínios:

1. Cachorro

No que diz respeito aos animais de estimação, como os cachorros, até há pouco tempo, muito se divergia sobre a possibilidade de proibição ou não da presença deles em condomínios. No entanto, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça colocou fim às discussões, onde houve o entendimento de que é proibido proibir animais em condomínios. Afinal é direito do morador da propriedade ter animais, exceto nos casos em que houver prejuízo para o local (como segurança, higiene, saúde e sossego).

No entanto, é necessário estabelecer regras claras em relação à presença desses animais, incluindo políticas de controle de barulho, limpeza e comportamento. Promover a conscientização entre os tutores dos animais e designar áreas específicas para suas atividades também contribuem para uma convivência harmoniosa.

2. Calote (inadimplência)

Quando um condômino deixa de pagar suas obrigações financeiras, todos os outros moradores acabam arcando com o prejuízo, seja através do aumento das taxas condominiais ou da falta de recursos para manutenção e melhorias. De todos os 5 C’s dos condomínios, talvez a inadimplência seja o que cause mais dor de cabeça para síndicos e administradores.

Mas aqui vai o alerta: para tratar o condômino que está com os seus boletos condominiais em atraso é preciso muita cautela, como evitar a exposição do inadimplente a situações vexatórias e que possam gerar, inclusive, processos judiciais. Já oferecer opções de parcelamento ou negociação, juntamente com uma comunicação transparente sobre questões financeiras, pode ajudar a evitar problemas e manter a finanças do condomínio equilibradas.

3. Carro

Os carros também têm seu papel nos conflitos condominiais. Estacionamento indevido, bloqueio de vagas, velocidade excessiva nas áreas internas e até mesmo acidentes podem ser fonte de desavenças entre os condôminos.

No que se refere ao tráfego e estacionamento, é necessário implementar algumas regras, como a designação de vagas e regulamentação do tráfego interno. Investir em sinalização adequada e promover alternativas de transporte também são medidas importantes para reduzir conflitos relacionados aos automóveis.

Para carro riscado e batido, a melhor solução é instalar câmeras de segurança que podem ajudar na hora de resolver a briga de quem bateu no carro de quem, ou através de placas que indiquem a velocidade permitida dentro da garagem. Uma boa iluminação também pode evitar maiores dificuldades na hora de manobrar.

4. Criança

Quanto ao comportamento das crianças, regras de convivência que abranjam diretrizes sobre seu comportamento em áreas comuns são fundamentais. Embora elas sejam a alegria de muitos lares, seu comportamento, às vezes, pode causar problemas em um ambiente compartilhado. Barulhos excessivos, brincadeiras inadequadas em áreas comuns e até mesmo danos à propriedade podem ser motivo de tensão entre os moradores.

Quando as crianças não são supervisionadas de forma adequada podem se envolver em atividades perigosas ou perturbar outros moradores sem perceber.‍ Por outro lado, ao promover atividades recreativas supervisionadas e incentivar a comunicação aberta entre os moradores pode ajudar na resolução de problemas relacionados ao comportamento infantil de forma amigável.

5. Cano (vazamentos)

Vazamentos de água são problemas recorrentes em condomínios, podendo gerar desperdício e danos estruturais. Por vezes, a responsabilidade pelo conserto não é claramente definida, o que pode resultar em discussões entre os condôminos.

Primeiramente, se identificar um vazamento, chame imediatamente um encanador. Não importa onde esteja, quanto mais rápido for identificado qual é e onde é o problema, menos dor de cabeça e gastos para o responsável pelo cano.

Geralmente, o vazamento é responsabilidade do síndico quando ocorre em áreas comuns do condomínio, como tubulações principais, sistemas de esgoto e estrutura do edifício. Já quando ele acontece dentro de uma unidade específica, a responsabilidade recai sobre o morador proprietário da unidade onde o vazamento teve origem.

Uma das formas de identificar vazamentos é agir com prevenção para evitar prejuízos financeiros e despesas extraordinárias. É importante realizar manutenções preventivas regulares para detectá-los antes que se tornem um problema maior. Criar mecanismos para lidar com vazamentos imediatamente após a sua detecção e criar um fundo de reserva para emergências também são providências importantes.

Todas essas medidas e regras devem estar presentes no regulamento interno do condomínio, principalmente como será o procedimento em caso de problemas, e o síndico deve procurar se manter sempre à frente de qualquer desentendimento.

Por mim, sabemos que conflitos, desencontros e atritos são características da vida em sociedade, mas isso não pode impedir que o convívio em harmonia com a vizinhança seja possível. “Uma gestão eficiente é essencial, mas é a harmonia e a colaboração entre todos os moradores que são a chave para uma convivência pacífica e produtiva em um condomínio”, finaliza Adriana Gomes.