8 motivos para incluir a prática da meditação na rotina
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 28/05/2021
Comportamento
Deite-se com as costas no solo e mantenha os joelhos dobrados, com a planta dos pés no chão. Posicione as mãos sobre a barriga e relaxe. Preste atenção em sua respiração. Inspire e expire lentamente, tentando afastar preocupações e pensamentos relativos ao passado e ao futuro. Foque no momento presente e sinta como o ar percorre seu corpo e seus pulmões. Faça isso durante três minutos. Depois, continue sua leitura.
As instruções descritas no parágrafo acima fazem parte da prática da meditação, técnica milenar oriental que vem ganhando destaque e reconhecimento no ocidente por conta de suas contribuições para a saúde mental, bem-estar e autoconhecimento.
Se você seguiu à risca as orientações, inclusive, deve ter percebido que os poucos minutos dedicados à prática são capazes de promover sensação de bem-estar e de relaxamento, além de contribuir para trazer clareza ao raciocínio. Quando feita diariamente, a meditação traz benefícios que apresentam reflexos na vida pessoal e se estendem também à vida profissional.
Benefícios da prática da meditação
Até pouco tempo atrás, os benefícios da prática da meditação ainda eram uma pauta em discussão pela comunidade científica, envolta em uma nuvem de mistérios. Enquanto os orientais recorriam à meditação com frequência, a ciência buscava provas de que a técnica realmente funciona e traz contribuições reais para a saúde física e mental.
Atualmente, muitos estudos ainda estão em curso e buscam compreender melhor este campo. Apesar disso, já se sabe que incluir a prática da meditação na rotina pode trazer melhoras na aprendizagem, na memória e no raciocínio, além de regular as emoções, reduzir a ansiedade, o medo e o estresse. Isso porque, de acordo com pesquisadores, a atividade cerebral que ocorre durante a meditação ativa o sistema límbico, também conhecido como cérebro emocional, responsável pelas emoções e sentimentos, fundamentais para a vida em sociedade.
Ressonâncias e tomografias endossam os estudos e comprovam que pessoas que meditam têm aumento na atividade do córtex cingulado anterior e pré-frontal – áreas ligadas à concentração, atenção e coordenação motora –; do hipocampo, responsável pela memória; da amígdala cerebral, que regula as emoções; e do hipotálamo, que promove a sensação de relaxamento.
Além disso, exames hormonais apontam maior produção de dopamina e serotonina – hormônios que favorecem o bem-estar, o aprendizado, o bom-humor e regulam o sono – e de endorfina, que tem uma potente ação analgésica, capaz de diminuir dores.
A neurocientista Sara Lazar, da Escola de Medicina de Harvard, é um dos principais nomes da comunidade científica que se dedica a pesquisar sobre o assunto. Estudos conduzidos por ela indicam ainda que a meditação é capaz de promover alterações estruturais no cérebro, como o aumento significativo no número de neurônios, além de diminuir a atrofia em certas áreas do órgão, relacionadas à idade.
“Na prática, o que eu posso relatar é que existe um impacto importante no campo do bem-estar. As pessoas que praticam meditação tendem a ficar mais centradas e focadas. As emoções atrapalham menos e elas têm melhores resultados na vida como um todo”, relata Fabiula Blum, professora de meditação e mindfullness e diretora de uma escola em Curitiba, há 8 anos no mercado.
8 motivos para meditar
- Redução de ansiedade e de estresse;
- Maior capacidade de foco e concentração;
- Melhora na aprendizagem;
- Regulação das emoções;
- Agilidade no raciocínio;
- Aumento na criatividade;
- Melhora do bem-estar;
- Aumenta a massa cinzenta e retarda o envelhecimento de certas áreas do cérebro.
Afinal, o que é meditação?
Se engana quem pensa que a meditação se resume à postura de sentar-se com as pernas cruzadas e ficar repetindo o mantra ‘Om’. Também se engana quem pensa que a prática de meditação é recomendada para pessoas que estão preocupadas.
“A meditação não é para pessoas que estão preocupadas. É para pessoas que querem potencializar suas habilidades. É como se a gente pudesse levar o cérebro à academia. Quando você treina meditação você aprimora todas as suas habilidades emocionais, de concentração e foco”, explica a professora de meditação.
Para entender melhor sobre os benefícios da prática, Fabiula Blum compara o cérebro a uma gaveta de escritório desorganizada, cheia de papéis, memorandos, relatórios e documentos novos e antigos.
“Quando você abre uma gaveta bagunçada procurando por um documento específico, você demora a encontrá-lo ou até mesmo não o encontra. A mesma coisa acontece com nossos pensamentos. Às vezes, precisamos de um insight, uma solução, uma ideia… e ela não vem porque a mente está cheia de pensamentos, que não necessariamente são conflitantes, mas são em grande quantidade e atrapalham”, compara.
Com a meditação é possível esvaziar a mente e selecionar os pensamentos que realmente importam, aprimorar o foco e a concentração e desenvolver a intuição, conjunto de habilidades que facilitam a tomada de decisões e podem auxiliar no desempenho profissional.
“Além disso, a meditação traz muitos benefícios para a gestão emocional. No ambiente de trabalho isso significa menos conflitos e melhor relacionamento interpessoal. Por isso, incluir a prática da meditação na rotina é recomendado para líderes e pessoas que lidam com projetos e precisam de criatividade e tomada de decisões”, recomenda Fabiula Blum.
Como começar a prática da meditação
Começar aos poucos, sem se preocupar com treinos longos, exercitando a concentração na respiração ou com meditação guiada são algumas das dicas para quem quer iniciar a prática.
“Primeiro, você precisa buscar uma posição confortável. Pode ser sentada, com as pernas cruzadas, ou deitada, com os joelhos dobrados, as plantas dos pés no chão e as mãos sobre o abdômen. Prefira não deitar completamente para não adormecer”, orienta a professora de meditação.
Depois, é possível iniciar a prática da meditação guiada – disponível em aplicativos, no Spotify ou em vídeos no canal do Youtube – ou ainda optar pelo treino de respiração.
“Para o treino de respiração, é preciso se concentrar na entrada e saída de ar pelo corpo. Inspire e expire de forma bem lenta. Em geral, a pessoa inspira em um segundo e solta o ar em outro. O interessante é ir aumentando este tempo. Inspirar em quatro segundos e soltar em quatro segundos. Depois, quando se acostumar, encha os pulmões em quatro segundos, mantenha-os cheios por mais quatro segundos, esvazie-os em quatro segundos e permaneça com eles vazios por mais quatro segundos”, ensina Fabiula Blum, que orienta que essa prática é especialmente recomendada para iniciantes.
De acordo com a professora, repetir este processo por um período de 1 a 3 minutos já é suficiente para trazer benefícios positivos para quem inicia na prática da meditação.
Apesar de não existir um melhor horário para a prática, Fabiula Blum ensina que associar o treino a uma tarefa diária pode contribuir para que ele se torne uma rotina. “Pode ser antes de começar o trabalho, antes de dormir ou antes de fazer uma tarefa que faz todos os dias. Isso ajuda a encaixar a prática na rotina.”
Outra dica dada pela professora é não começar a prática por treinos muito longos para evitar desanimar e, se possível, ter o acompanhamento de um professor ou profissional da área. “O professor de meditação pode indicar treinos adequados para cada momento e para cada objetivo”, pontua.
Fonte: Consumidor Moderno
Imagem: Freepik