Mercado imobiliário em transformação
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 10/12/2020
Comportamento
O mercado imobiliário vem passando por transformações em 2020, ano em que a pandemia fez com que boa parte da população ficasse mais dentro de casa, inclusive trabalhando no esquema de home office. Uma das tendências percebidas em diversas partes do país foi o aumento do interesse por imóveis maiores, com varandas, ou em condomínios com áreas verdes.
Segundo uma pesquisa realizada no fim do primeiro semestre pelo DataZap, do Grupo Zap, por exemplo, a busca por imóveis aumentou 21% desde o início da pandemia no país. Sete em cada dez entrevistados afirmaram que morar em um imóvel com ambientes mais divididos passou a ser importante ou muito importante. Fora isso, 60% das pessoas passaram a considerar importante viver em espaços com vista livre e varanda.
“A importância de imóveis maiores, com mais dormitórios, mais banheiros, vista livre, varanda e em um condomínio com área de lazer é mais percebida pelo público com interesse em compra. Já a proximidade ao trabalho e a vizinhança com mais comércios é mais mencionada pelos que desejam alugar um imóvel”, concluiu o relatório.
O Sindicato da Habitação do Estado do Rio de Janeiro (Secovi-Rio) também apresentou recentemente uma pesquisa mostrando dados do mercado imobiliário ao longo do ano e uma tendência de procura por casas maiores e locais mais afastados dos grandes centros urbanos do Rio, como a Zona Oeste, Região Serrana e regiões de praia.
“O coronavírus pegou de surpresa o mercado em um ano que estava sendo considerado promissor, com uma recuperação de lançamentos e mais fechamento de negócios. Nos primeiros três meses da pandemia, houve realmente uma segurada pela questão do isolamento. As pessoas não tinham como ir e vir e fechar os seus negócios. Muitas adiaram os seus planos. Mas, a partir de julho, começamos a ver o gosto das pessoas se refinar por apartamentos maiores, por regiões menos densas urbanisticamente falando, como a Barra da Tijuca, a Região Serrana e a Região de Angra dos Reis. Outro fator que contribuiu para a recuperação foi o crédito imobiliário. As taxas de juros ficaram muito atraentes. Hoje temos a menor taxa de juros da história e isso barateou o custo do financiamento imobiliário, que é um dos pilares do segmento”, explica Leonardo Schneider, vice-diretor do Secovi Rio e diretor superintendente da APSA.
Ele ressalta que o setor se mostra otimista para os próximos meses: “As perspectivas são boas para 2021, por conta do crédito imobiliário e o fato de as pessoas estarem com mais recursos para investirem. Claro, ainda tem muita indefinição, mas creio que a questão do espaço e do home office veio para ficar por um bom tempo”, diz Schneider.
Profissionais do mercado imobiliário analisam cenário
Entre os profissionais de construtoras e incorporadoras imobiliárias, as percepções com as tendências do mercado imobiliário em 2020 também são positivas. Para eles, o comportamento dos consumidores deve permanecer mesmo depois que a pandemia acabar.
Eduardo Paiva, sócio-diretor da Construtora Vitale, comenta que o impacto da pandemia no setor acabou se mostrando uma grande surpresa: “Esperávamos algo mais negativo e foi justamente o contrário: o impacto se refletiu na mudança de comportamento. Com o isolamento social, as famílias identificaram necessidades que antes não percebiam porque passavam a maior parte do tempo fora de casa. Com relação ao perfil, sem dúvidas, a falta de espaço é o primeiro item identificado”, conta.
Um dos lançamentos da empresa é o Vitale Eco, no bairro de Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro: “Neste projeto, identificamos uma procura muito grande durante a pandemia pelas nossas unidades gardens, que contam com quintal privativo. Nelas, o cliente se sente morando em uma casa, além de poder aproveitar todo o lazer e a segurança do condomínio. E antes mesmo da pandemia, substituímos alguns blocos que seriam de unidades padrão por casas, algo inédito na região. A procura está acima do esperado”, diz.
Ricardo Corrêa, diretor de marketing e Inteligência de mercado da Carvalho Hosken, diz que a procura por imóveis nos bairros planejados da empresa aumentou 46% em 2020 em relação ao mesmo período do ano passado: “A pandemia mudou a percepção dos valores e das necessidades que temos da vida no convívio com a sociedade. Especificamente no mercado imobiliário, atributos como segurança, grandes áreas livres, lazer externo e espaços para home office, pouco avaliados no passado, ficaram em maior evidência quando se busca agora um imóvel ideal para a família”.
Já Paulo Araújo, diretor de incorporação da Concal, destaca um aumento na procura por terrenos num empreendimento da empresa em Pedro do Rio, na cidade de Petrópolis. “A nossa percepção é que o conceito de segunda moradia passa a ser para muitas pessoas o de primeira moradia. No caso da Região Serrana, no nosso projeto Terras Altas, esse desejo surge pela necessidade de mais espaço, pela possibilidade de ter um projeto bacana, com o conforto dos grandes centros, como fibra ótica, por exemplo. E essa demanda tende a se intensificar com o tempo e com a evolução da comunicação. A pandemia reforçou esse movimento”, diz.
Ainda segundo Paulo, a flexibilização do trabalho de home office em alguns dias da semana vai possibilitar que as pessoas morem nessas regiões, proporcionando muito mais qualidade de vida para a família. “É a segunda residência se transformando na primeira. Antes as pessoas não tinham tanto apreço pela casa de campo. Hoje, isso mudou e a tendência é investir na casa com um bom projeto. A Concal teve esse insight com o Terras Altas, construindo casas com uma arquitetura autoral e sustentável, e todas foram vendidas. E os proprietários estão lucrando em tempos de Covid-19 com os aluguéis”, comemora.
Tendências percebidas pelo mercado imobiliário durante a pandemia:
– Nos primeiros três meses da pandemia, houve realmente uma inércia no mercado imobiliário pela questão do isolamento. As pessoas não tinham como ir e vir e fechar os seus negócios. A partir de julho, ele voltou a se aquecer;
– O crédito imobiliário, com taxas menores, também influenciou a mudança;
– A importância de imóveis maiores, com mais dormitórios, mais banheiros, vista livre, varanda e em um condomínio com área de lazer é mais percebida pelo público com interesse em compra;
– A proximidade ao trabalho e a vizinhança com mais comércios é mais mencionada pelos que desejam alugar um imóvel.
– No Rio, houve uma percepção de procura por casas maiores e locais mais afastados dos grandes centros, como a Zona Oeste, Região Serrana e regiões de praia.