Em busca de planejamento transparente e participativo
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 11/09/2013
ABC do Condomínio, Edição 210 Set/Out 2013, Edições, zColunas
Para um síndico que não fica atento à saúde financeira do seu condomínio a aproximação do fim do ano pode se tornar um pesadelo. Nessa época é preciso pagar o 13º dos funcionários, o que significa um gasto a mais aos moradores. Para evitar transtornos como falta de caixa por conta de inadimplência, a melhor solução é um planejamento orçamentário detalhado, que também é benéfico para imprevistos que podem ocorrer a qualquer momento.
De acordo com Valnei Ribeiro, gerente regional da APSA, um planejamento adequado evita transtornos como animosidades entre os moradores em caso da necessidade de cotas extras de condomínio de última hora e até mesmo a falta de caixa, o que provocaria multas por contas atrasadas, encargos financeiros e protestos. “É importante que o condomínio promova uma previsão orçamentária, aprove em assembleia e siga fielmente esta planilha”, diz.
Uma das maiores inimigas do planejamento orçamentário é a inflação. O síndico deve sempre ficar atento às variações de preços e tomar medidas preventivas para evitar o descontrole financeiro. “É necessário que ele trabalhe com os fornecedores de forma que eles reajustem os serviços de acordo com o que foi aprovado na previsão orçamentária. A negociação ao longo do ano é fundamental para que o que foi planejado dê certo”, diz Ribeiro.
Além do planejamento em si, o gerente alerta para a importância da fiscalização em preservar a saúde financeira de um condomínio. “É importante que se faça uma pesquisa frequente dos preços dos serviços, de forma a negociar melhor com o seu fornecedor, auditar sempre a folha de extras dos empregados e ter um bom controle das contas de concessionárias. Se possível, o ideal é acompanhar a medição diária do consumo com a concessionária para evitar uma surpresa na conta do mês seguinte”, afirma.
Síndico deve pensar como administrador e morador
O Edifício Rio Lido, em Copacabana, é um bom exemplo de condomínio com um planejamento orçamentário saudável. Prova disso é que, recentemente, foram instalados dois novos elevadores – uma obra cara – sem a necessidade de incluir cotas extras aos moradores.
A síndica, Maria Auxiliadora dos Santos, diz que conseguiu o feito com muito diálogo com os condôminos e por procurar olhar sempre o lado do morador. “Antes de ser síndica, eu sou uma moradora. Sei como é ruim quando há uma cota extra no valor do condomínio. Não dá para esbanjar com o dinheiro das pessoas. É preciso sempre fazer tudo na régua, no limite do possível. De uma forma que não pese para ninguém” diz Maria.
Ela explica que o primeiro passo foi colocar numa planilha as despesas fixas do condomínio e as benfeitorias que o prédio necessitava. Feito isso, ela calculou o valor do condomínio deixando uma pequena margem para um fundo de reserva destinado a cobrir imprevistos. “Fora isso, eu procurei os inadimplentes e com muita conversa conseguimos chegar a um acordo para que eles conseguissem regularizar a situação”, explica.
Maria Auxiliadora conta que também costuma assistir palestras e fazer cursos sobre o tema para sempre se atualizar e encontrar maneiras mais adequadas de planejamento. “O síndico é uma função que exige muita política, mas também muita noção de economia”, conclui.
Contar com a participação de todos pode evitar aborrecimentos
Outro condomínio em Copacabana, o Edifício Ribba, é a prova de que um planejamento orçamentário bem feito só traz benefícios. Apesar de ser um prédio antigo – que requer reparos frequentes – e ter apenas 21 apartamentos, os moradores conseguem manter um fundo de reserva para imprevistos.
Segundo a síndica, Dora Apelbaum, o mais importante é buscar a assessoria de especialistas no assunto e discutir todas as questões em assembleia com os moradores, para que tudo seja decidido de forma democrática, o que evita mal entendidos e discussões futuras. “Uma das discussões deste ano foi em relação à forma do pagamento do 13º dos funcionários e o dinheiro para contratar temporários durante as férias deles. Os moradores puderam optar entre pagar uma cota extra no fim do ano ou diluir o valor durante todo o ano. A segunda opção acabou vencendo. No fim da assembleia, cada morador recebe uma cópia da planilha que foi aprovada”, conta.
Economia requer dedicação
Maria da Penha Nejar é síndica de três condomínios, em Copacabana: os edifícios Pensilvânia, Montese e Eduardo. Ela conta que os três estão com as contas em dia e até com pequenos fundos de reserva. Além disso, há quase três anos não há reajustes nos valores das taxas de condomínio. “Não há segredos, apenas muito trabalho. Um síndico não pode ficar em casa e pedir tudo por telefone. Ele tem que ir para a rua e fazer muita pesquisa de preço”, conta.
Ela diz que faz pessoalmente todas as compras para os condomínios e que por diversas vezes foi até a bairros distantes em busca de produtos com preços mais baixos – fazendo economias que chegaram a mais de 100% do valor que o produto era vendido nas redondezas. “Quando faço obras nos prédios, eu contrato uma empresa para o trabalho, mas compro o material por conta própria, o que sempre gera muita economia também, explica.
Cinco passos para manter a saúde financeira do condomínio em dia
1 – Discutir o planejamento orçamentário e a forma do pagamento de despesas extras em assembleia;
2- Acompanhar a oscilação da inflação durante todo o ano;
3 – Fiscalizar as planilhas de horas extras dos funcionários;
4- Acompanhar com as concessionárias o consumo do condomínio para evitar surpresas na fatura mensal;
5- Trabalhar em parceria com a sua administradora.
Texto: Gabriel Menezes