Gestão financeira: Dicas para evitar surpresas desagradáveis
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 20/10/2024
Coluna, Gestão Condominial, Sustentabilidade
Aprenda a lidar com a inadimplência, controlar os gastos e garantir a sustentabilidade financeira do seu condomínio.
Gabriel Menezes
Garantir a sustentabilidade das finanças de um condomínio a longo prazo é um desafio que exige planejamento estratégico e cuidados constantes. Especialistas em finanças destacam que uma gestão eficiente, incluindo a criação de um fundo de reserva robusto e a antecipação de possíveis imprevistos, é fundamental para manter a saúde financeira e evitar surpresas desagradáveis.
A planejadora financeira Rosielle Pegado destaca que a falta de transparência nos gastos é uma das maiores ameaças ao equilíbrio financeiro dos condomínios. Muitos moradores ficam no escuro e desenvolvem desconfiança quando não há um controle financeiro claro, comprometendo a viabilidade do orçamento.
A inadimplência dos condôminos é outro grande problema. Quando as taxas não são pagas, o condomínio tem dificuldade em arcar com despesas básicas, como água, energia e manutenção das áreas comuns, o que pode resultar em custos ainda maiores no futuro. Para evitar esses problemas, é essencial uma gestão eficiente, o que inclui criar um fundo de reserva para emergências, realizar auditorias frequentes e estabelecer um plano de manutenção preventiva. Medidas que garantem que o condomínio funcione bem, sem a necessidade de cobrar taxas extras inesperadas dos moradores.
“Ter um fundo de reserva é fundamental. É como construir um escudo financeiro para o condomínio. Ele garante que despesas inesperadas, como reparos emergenciais ou melhorias necessárias, possam ser cobertas sem comprometer o fluxo de caixa mensal ou gerar surpresas desagradáveis para os moradores. Um fundo bem planejado é a diferença entre enfrentar problemas com tranquilidade ou mergulhar em dívidas inesperadas”, explica Rosielle.
Ela acrescenta que, para definir o valor ideal do fundo, é crucial um planejamento orçamentário claro e transparente. Os condôminos precisam saber que uma parte do que pagam mensalmente está sendo reservada estrategicamente para emergências ou investimentos futuros, evitando a necessidade de cobranças extras ou aumentos repentinos nas taxas condominiais.
Uma boa prática é determinar o fundo de reserva com base em um percentual da receita mensal, considerando as necessidades de manutenção e obras futuras. Dessa forma, o condomínio estará preparado para lidar com eventualidades sem comprometer a saúde financeira, garantindo a preservação e valorização do patrimônio de todos.
Planejamento diante de mudanças no cenário econômico
Especialista em gestão financeira de condomínios, Rita Nunes destaca que mudanças econômicas podem impactar significativamente as finanças de um condomínio, especialmente em custos como energia, serviços terceirizados, manutenção e materiais. A inflação eleva o preço desses serviços e taxas de juros altas encarecem financiamentos. Para mitigar esses impactos, é fundamental manter um fundo de reserva, planejar reajustes nas taxas condominiais de forma gradual e com base em projeções econômicas, além de realizar contratos de longo prazo que permitam negociação.
“Um planejamento orçamentário eficaz começa com a análise das despesas e a previsão de custos futuros, considerando fatores como inflação e reajustes contratuais. É importante separar as despesas ordinárias das extraordinárias e garantir que o orçamento contemple um fundo de reserva adequado. Também é essencial envolver o conselho fiscal ou a comissão financeira na revisão do orçamento, para que ele reflita as necessidades reais do condomínio”, diz Rita.
Ela salienta que, caso o condomínio queira investir parte da reserva, é necessário analisar com cuidado a maneira mais segura de fazer isso: “Para investir o fundo de reserva de maneira segura, o condomínio deve optar por aplicações de baixo risco, como CDBs ou títulos do Tesouro Direto. Esses investimentos oferecem maior segurança e permitem liquidez em caso de necessidade. É importante sempre consultar um assessor financeiro especializado, para garantir que os investimentos estejam alinhados com o perfil conservador exigido pelo fundo de reserva”.
A transparência é um ponto sensível relacionado ao tema: “É fundamental realizar auditorias periódicas, que garantem a transparência e a segurança financeira do condomínio, além de prevenir fraudes e erros na gestão dos recursos. Elas avaliam se os recursos estão sendo aplicados de acordo com o orçamento aprovado e se há conformidade nas práticas contábeis. A auditoria é também uma ferramenta para gerar confiança entre os condôminos e fortalecer a governança financeira”, comenta Rita.
Com relação à taxa de condomínio, ela sugere a implementação de uma política de cobrança clara, com prazos definidos e penalidades justas para os inadimplentes, com o objetivo de evitar a inadimplência e garantir a sustentabilidade financeira. Ela também recomenda o uso de boletos com lembretes automáticos e a negociação individual com moradores em dificuldade, além de manter um diálogo transparente sobre a aplicação das taxas.
A tecnologia, aliás, pode ser uma grande aliada na gestão financeira do condomínio. “Softwares de gestão financeira trazem maior organização e controle sobre as receitas e despesas. Eles automatizam processos como emissão de boletos, controle de inadimplência, conciliação bancária e geração de relatórios, facilitando a tomada de decisões e o acompanhamento do orçamento. Além disso, a transparência proporcionada por essas ferramentas fortalece a confiança dos condôminos na gestão”, explica a especialista.