Para-raios: Equipamentos precisam de inspeção antes da temporada de chuvas
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 19/11/2024
Cidades, Diversos, Engenharia, Manutenção e Reformas
Gabriel Menezes
Com a aproximação da temporada de chuvas, os síndicos devem redobrar a atenção aos sistemas de proteção contra raios nos condomínios. Garantir que os pára-raios estejam em perfeito estado de funcionamento é essencial não apenas para evitar danos materiais, mas também para preservar a segurança e a vida dos moradores.
De acordo com o síndico profissional e engenheiro civil Giovanni Gallo, os para-raios desviam descargas atmosféricas diretamente para o solo, evitando que a eletricidade se espalhe pela estrutura do prédio, o que poderia causar incêndios, danificar equipamentos eletrônicos e até representar risco de choque para os moradores. Ele acrescenta que a decisão sobre quando realizar a manutenção dos sistemas de para-raios deve considerar diversos fatores, sendo dois deles essenciais: o período de chuvas e a inspeção anual obrigatória.
“Realizar a manutenção antes do início da temporada de chuvas e tempestades é o ideal, já que isso garante que o sistema esteja preparado para períodos de maior atividade elétrica. Além disso, a norma NBR 5419 estipula a necessidade de inspeções periódicas, que geralmente devem ocorrer pelo menos uma vez ao ano, mas que em algumas circunstâncias podem ser necessárias com mais frequência”, explica.
Segundo o especialista, a localização de um edifício também influencia a frequência da manutenção. Regiões com alta incidência de raios, proximidade com o mar ou áreas isoladas podem exigir manutenções mais frequentes devido a condições ambientais e climáticas específicas que afetam a durabilidade e a eficácia do sistema.
“Na minha experiência como síndico profissional, a questão dos para-raios e da proteção contra descargas atmosféricas geralmente não recebe a devida atenção dos condôminos. Por ser um sistema ‘invisível’ que não afeta o cotidiano dos moradores até que ocorra um incidente, é comum que esse tema seja negligenciado. Em muitos condomínios, os moradores tendem a priorizar questões mais evidentes, como reformas estéticas, manutenção de áreas comuns e segurança”, comenta.
Inspeção deve focar em componentes críticos, explica especialista
Leonardo da Silva Pereira, engenheiro eletricista da Ampher, empresa que realiza a manutenção de pára-raios, fala sobre os componentes mais críticos que precisam ser verificados durante uma inspeção:
“É importante checar o topo do pára-raios, onde ele captura raios, e seu suporte. Também é crucial verificar se as peças de metal ou os cabos que conectam o sistema estão bem encaixados. Além disso, o balizador, que funciona como um sinalizador de funcionamento e segurança, deve estar operando corretamente.”
O especialista sugere que uma rápida checagem visual do sistema seja realizada a cada seis meses para detectar qualquer problema aparente. Uma análise mais detalhada, incluindo testes técnicos e emissão de relatórios, deve ser feita anualmente.
“Alguns sinais de que um pára-raios pode estar com problemas incluem a ausência de continuidade elétrica, que pode ser detectada em testes, e cabos ou peças de metal desconectados. Além disso, um mastro quebrado ou um balizador que não está funcionando adequadamente são sinais de que o sistema precisa de conserto rápido.”
Ele detalha que o processo de inspeção envolve conferir o topo do pára-raios e as partes que capturam os raios. Em seguida, verifica-se a rede de cabos que leva a eletricidade dos raios ao solo, assegurando-se de que tudo está bem conectado. Também é inspecionado o aterramento, que é a parte final que dissipa a energia no solo. Além de realizar testes para garantir a segurança, são verificadas as normas para confirmar que o sistema está em conformidade.
Pereira comenta, ainda, que existem avanços tecnológicos sobre o tema: “Um dos avanços mais recentes é o pára-raios Prevectron®3. Ele inclui tecnologia moderna, como componentes eletrônicos que detectam mudanças no campo elétrico. Isso o torna mais eficiente na captura e proteção contra raios. Com uma construção resistente em aço inoxidável, é uma opção a considerar na atualização ou instalação de novos sistemas de proteção.”
De acordo com o especialista Leandro Ferreira de Sousa, da Lótus Engenharia e Reparação Elétrica, ao considerar avanços tecnológicos, os condomínios devem avaliar a integração de dispositivos de proteção contra surtos elétricos, que ajudam a defender sistemas de flutuações.
Ele destaca que os sinais de que um pára-raios não está funcionando adequadamente incluem danos visíveis detectados em verificações e medições de resistência fora do padrão seguro. “Os maiores riscos desses sistemas estão na degradação dos componentes ao longo do tempo, o que afeta a eficácia e destaca a importância de inspeções regulares”, comenta.
Brasil tem a maior incidência de raios do mundo
O Brasil lidera o ranking mundial de incidência de raios, com mais de 70 milhões de descargas elétricas anuais. Para ilustrar, a intensidade de um raio é cerca de mil vezes maior que a de um chuveiro elétrico, podendo ultrapassar 30 mil ampères e alcançar 5 km de distância.
Conforme projeções do Inpe, entre 2081 e 2100, o número de raios por ano no Brasil deve subir de 70 para 100 milhões, mantendo o país como o líder global em descargas elétricas, com a região Norte no topo nacional. As informações são da Agência Brasil.