Cidades que caminham: a agenda urbana a favor dos pedestres
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 16/02/2022 Cidades
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As cidades que caminham – as que pensam e vivem para caminhar – são cidades humanas: de escala, design e planejamento. Vamos deixar de lado por um momento o ponto de vista urbano, ao qual vamos voltar mais à frente.
São muitas as pessoas que têm refletido sobre a ação de andar e a tem dotado de múltiplos significados. Desde o lado literário e ensaístico, aos passeios solitários de Hazlitt e Stevenson ou a reinvindicação do poeta Whitman sobre a cultura do andar “recuso uma civilização corrupta, poluída, alienante e miserável.”
Há também inúmeros relacionamentos entre caminhar e pensar, com peculiaridades e costumes de vários pensadores como Kant, Nietzsche ou Thoreau, recolhidos pelo filósofo Fréderic Gross. Se pensa melhor – e se ensina – quando se caminha, como bem sabiam os peripatéticos – e sua escola filosófica – em Atenas há mais de 2.000 anos. Locomover-se a pé é também uma ação para descobrir uma experiência estética, de liberação e, se praticada nas cidades, uma ação com significado político e social. Para alguns, é mesmo o último ato de verdadeira libertação. Andar a pé é a primeira… e a última revolução e resistência civis.
“O walkability atingiu um ponto de inflexão”. Isto é como a Consultoria ARUP resumiu os resultados de um estudo – Cities Alive: Towards a walking world, realizado em mais de 80 cidades no mundo, que analisa os efeitos das políticas destinadas a promover pedestrianização dos espaços públicos e quais são medidas que podem ajudar a sua implementação. Uma das conclusões do relatório é que estas políticas são parte essencial da recuperação do espaço público por parte dos cidadãos, ou seja, sustenta que facilitar a ação de caminhar é fundamental no planejamento do futuro das cidades.
Caminhar define a nossa relação com a cidade, a nossa atitude para com ela. Como um espaço para a descoberta de uso diário, como turistas andando sem rumo – o mítico flanar – ou sem compromisso. Talvez o que tenha mudado, o que é novo, é que começamos a ter consciência do que ele significa para reivindicar cidades mais caminháveis. Não há muito tempo era estranho ouvir palavras como walkability e agora os principais especialistas, tais como Jan Ghel, a colocam no centro das discussões. Iniciativas como Cidades que Caminham, exemplificam essa mudança.
A agenda urbana definitivamente mudou em favor dos pedestres. Agora é o momento para os governos internalizá-la como mais um elemento a considerar nas políticas para as cidades. Os grandes debates que estão surgindo nas cidades terão que se ocupar dessa prática e ela deve ser um tema transversal em questões como saúde, educação e planejamento urbano. Cidades com maiores espaços caminháveis trazem benefícios econômicos, ecológicos e de mobilidade.
Os dados e estudos apontam para os benefícios da aplicação dessas medidas. Algumas são muito óbvias e bem conhecidas, e o fato de que as cidades com áreas mais caminháveis experimentam benefícios econômicos, uma vez que o comércio é favorecida por maior tráfego de pedestres ou mesmo benefícios ecológicos e de mobilidade, com a redução do tráfego motorizado, especialmente de veículos privados. Outros também são bastante previsíveis, como a relação entre a prática da caminhada e a melhoria geral na saúde, como aponta um estudo da Universidade de Queensland, sobre saúde mental, ou o fato de que os bairros com grandes áreas de pedestres atraem cidadãos de bom poder aquisitivo para viver neles.
Para realizar este processo não será fácil. No fundo é uma mudança no conceito de espaço público que se choca com práticas e costumes arraigados. Por estes dias estamos vendo um exemplo num teste piloto com as supermanzanas (superquadras) no bairro de Poble Nou, em Barcelona. Mas além disso e das complicações das medidas, o mais interessante é a maneira com que você pode reocupar áreas que têm sido sempre mais identificadas com otrânsito. Este é o tipo de mudança que promove reivindicações para que as cidades sejam mais caminháveis. Imaginar novos usos, novas formas de passar o tempo e, é claro, de se mover. Quase como gostar de explorar a cidade pela primeira vez, ou de um modo absolutamente novo. Como, por exemplo, a proposta do projeto do coletivo holandês If I Can’t Dance, inspirado nos The Reading Groups que propõe a divisão de conhecimento de forma íntima e, dinâmicas através da discussão de textos durante a caminhada a dois.
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