Entregadores do iFood no Rio terão apoio jurídico e psicológico presencial
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 22/01/2024
Atualidade
O IFood lançou na última quarta-feira (17) a primeira Central de Apoio Jurídico e Psicológico presencial para seus entregadores. A Central funciona na sede do coletivo de advogadas negras Black Sisters in Law, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. O coletivo será responsável por fornecer assistência jurídica para os entregadores. Os profissionais também contarão com apoio psicológico. Os atendimentos são inteiramente gratuitos e realizados de segunda a sexta-feira, no horário comercial. O serviço já funciona on-line, desde junho de 2023, para entregadores de todo o país.
Além da Central, o local também abrigará o Espaço da Mulher Entregadora. Lá, as profissionais terão acesso à cozinha (com micro-ondas, água e café), disporão de itens de higiene pessoal feminina, banheiros e lugares para repousarem. No local, também serão realizadas mensalmente rodas de conversas. A Central e o Espaço Mulher Entregadora funcionarão em caráter experimental por seis meses, quando suas efetividades serão reavaliadas.
A principal motivação pela escolha da cidade
O Rio de Janeiro foi escolhido para ter atendimento presencial por um motivo nada nobre. A cidade é recordista nacional de casos de abusos, racismo, agressões físicas, ameaças e violência sexual contra entregadores. Para se ter uma ideia, 80 casos de agressão foram registrados de agosto e outubro do ano passado na capital fluminense – alguns, por sua gravidade, chegaram ao noticiário nacional. Além da Central presencial e on-line, o Ifood tem promovido outras ações que visam conscientizar lojistas, entregadores e clientes e, assim, minimizar conflitos. “A gente espera que os condomínios possam nos apoiar nesta causa para possamos, cada vez mais, combater esse problema até que ele deixe de existir. Estimulamos também que os próprios condomínios coloquem nos seus regulamentos que é proibido que o entregador suba até o seu apartamento”, explica Tatiane Alves, gerente de Impacto Social do iFood.
Tatiane refere-se aos inúmeros conflitos e às agressões sofridas pelos entregadores em decorrência da crença que os profissionais são obrigados a ir à porta do cliente e não ao ponto de contato mais próximo, como a portaria principal do condomínio, conforme a orientação dada pelo iFood a entregadores e clientes.
“Cheguei ao condomínio e o porteiro não me deixou subir. Liguei para o cliente, que me insultou e disse que não queria saber, que ele pagou e queria a entrega na porta. Falei com o porteiro, que ligou para o cliente e disse que eu não podia subir, que era norma do condomínio. O cliente desceu bravo, brigou com o porteiro e disse que ele não tinha votado naquilo”, relata Marcelo Castelli, entregador e influencer com quase meio milhão de seguidores em suas redes, exemplificando um dos muitos casos que vivenciou nos quatro anos que trabalha como entregador.
De acordo com o IFood, 77% de seus clientes cariocas moram em condomínios fechados, nos quais o tempo gasto para percorrer a distância entre a portaria e o apartamento é igual ou superior a cinco minutos, o que impacta – e muito – no dia a dia e na produção dos entregadores, deixando-os em situação de estresse e vulnerabilidade, visto que suas motos e bicicletas ficam na rua, à mercê de furtos. Isso sem falar das situações de conflitos, ocorridas no ato da entrega na porta do apartamento.
Pelo lado dos clientes, a ida aos apartamentos facilita a atuação de falsos entregadores e consequentes incidentes, como assaltos, por exemplo. “Acreditamos que existe um potencial muito grande dos condomínios e dos síndicos de contribuírem conosco nessa agenda e também um potencial muito grande de os clientes se mobilizarem para que isso (os conflitos e incidentes) não aconteça mais”, afirma Tatiane.
Cerca de mil síndicos, porteiros e administradoras de condomínios já foram impactados. Entre as ações, estão workshops para aprimorar o processo de entrega em condomínios e para adotar atitudes que minimizem o risco de conflitos e formação de grupos focais para a cocriação de soluções e orientações. Desde outubro, o projeto vem sendo intensificado, por meio de parceria com associações de condomínios, na Barra da Tijuca, bairro onde ocorre a maior parte dos incidentes no país.
Por: Eliane Salles