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A ordem é não criar divisórias

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 01/02/2022

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A integração de ambientes é um recurso que pode ser usado em projetos completamente distintos em busca de resultados também diversos. Nos últimos tempos, por exemplo, em que unidades com metragem reduzida vêm se tornando cada vez mais comuns, a opção possibilita um melhor aproveitamento do espaço. 

O arquiteto Thiago Garcia destaca que a integração traz vantagens como uma melhor circulação, flexibilidade do layout, além das melhorias dos aspectos de conforto ambiental, como aproveitamento de luz e ventilação natural. “Ambientes integrados geralmente deixam os espaços com a sensação de amplitude, segurança e liberdade. É uma tendência natural em busca da qualidade de vida nos projetos de interiores”, destaca o profissional. 

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Ao optar por uma planta livre, tenha atenção às áreas de circulação das pessoas

Para unidades com a metragem reduzida, ele aponta que o ambiente integrado deve ter o estilo do morador, seja ele moderno, conservador, divertido ou intimista. “Essas unidades residenciais reduzidas fazem parte de uma nova dinâmica de trabalho que a sociedade vem passando, e isso ficou muito mais intenso com a pandemia. Layouts reduzidos geram praticidades e otimizam o tempo de trabalho doméstico. Integração nesses espaços torna a vida muito mais prática e dinâmica”.

No entanto, o recurso também funciona muito bem em locais maiores e mais luxuosos: “A pandemia teve papel fundamental nesses modelos integrados de projetos, pois criou uma situação forçada para as pessoas ficarem dentro de casa. Com isso, nos adaptamos a essa nova condição de morar. Por isso os espaços integrados, independente do perfil, são exigidos, pois busca simular uma vida de liberdade dentro da própria moradia”, explica o profissional. 

 

A proposta da planta livre

Para o arquiteto Rafael Sera, ao falar sobre integração na arquitetura, é importante conhecer o conceito do arquiteto Franco-suíço Le Corbusier, na arquitetura modernista, no Século XX. A proposta é a da planta livre, onde as paredes deixaram de fazer parte da estrutura da edificação e o concreto armado ganhou espaço no mercado com os pilares estruturais. Esse conceito contribuiu para que o usuário escolhesse a melhor distribuição nos ambientes, podendo construir e derrubar paredes sem se preocupar com a estrutura. 

“A arquiteta Lina Bo Bardi idealizou bem esse conceito no edifício do Masp, em São Paulo. Ao analisar o projeto, nos deparamos com quatro colunas estruturando em pêndulo a edificação, criando um enorme saguão livre de paredes. Essa integração com espaço externo não limita a circulação das pessoas pelo saguão e propõe uma interação entre elas. Temos também o aproveitamento de luz natural e melhor circulação de ar. Na arquitetura de interiores, teremos as mesmas propostas, que são livre circulação, melhor circulação de ar, aproveitamento de luz natural, interação entre o usuário e a sensação de um ambiente mais amplo”, comenta. 

Ele acrescenta que, para que o conceito funcione plenamente, é preciso ter uma decoração alinhada: “É muito prazeroso realizar o sonho da casa própria e logo vem o desejo de deixá-la a mais bonita possível. É natural começar pesquisar decorações e mais decorações e comprar tudo que achamos lindo. Mas, vamos com calma… Lembre-se que o conceito é a circulação. Encher o ambiente com mobiliário pode atrapalhar tudo. Sugiro que pegue a planta do seu imóvel e comece a riscar a sua circulação, entrando pela porta e indo para os cômodos. Exemplo: risque da porta da entrada até a cozinha, para deixar as compras; depois da cozinha até a sala para descansar; da sala vá para o quarto pegar sua roupa; logo irá para o banheiro tomar banho e assim por diante. Agora você tem em mãos toda sua circulação dentro do seu imóvel. Os espaços que não foram riscados são os lugares que ficarão os móveis. Procure usar os móveis baixos, deixando a linha do olhar livre de obstáculos, isso dará amplitude na integração”, orienta. 

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Nos projetos do arquiteto Thiago Garcia, há a preocupação com o aproveitamento de luz e ventilação natural

O arquiteto ressalta que, antes de se pensar num projeto do tipo, é necessário conhecer bem a estrutura do imóvel: “Perdi alguns clientes que achavam que eu estava com má vontade em não querer assinar projetos de remoção de paredes estruturais, mas isso é praticamente impossível. Explicando de forma simples: o imóvel não tem coluna e os blocos são encaixados fazendo o travamento. Removendo uma dessas paredes, você irá destravar toda a estrutura do prédio. Durante a compra do seu imóvel, questione a construtora sobre qual é o sistema construtivo e quais são as paredes que poderão ser removidas”, explica o profissional.

Alguns cuidados

Integrar pode parecer algo simples, mas é preciso planejamento para não criar transtornos e imprevistos para o dia a dia. A arquiteta Amanda Mori diz que é necessário, antes de tudo, entender se é uma solução que faz sentido para o usuário. “Por exemplo, ao integrar a sala de estar e a cozinha, a cozinha deve estar devidamente equipada com exaustores para evitar odores. Os ambientes também tem que conversar esteticamente, fazer sentido entre si, com um mesmo conceito visual. E aí, entram as escolhas de acabamentos. Nesse ponto é muito importante pensar como um ambiente único, tanto para as escolhas de mobiliários, cores, revestimentos e iluminação”, comenta.

Ela ressalta que é preciso estudar as possibilidades de integração que o imóvel permite e pensar quais podem ser mais vantajosas tanto para quem vive ali quanto para a valorização do local. “É uma boa oportunidade também para resolver aqueles probleminhas decorrentes da configuração original do imóvel, como, por exemplo, aquele quarto que não tem janela, luz adequada ou ambientes muito pequenos ou mal aproveitados”, conclui.

 

 

Por: Gabriel Menezes

 

 

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