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Será que as cidades e os condomínios estão preparados para o envelhecimento da população?

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 06/09/2024

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Idosos no país representam 15,6% do povo brasileiro, um aumento de 56,0% em relação a 2010

 

Por: Cintia Laport

De acordo com o Censo 2022, divulgado pelo IBGE, a população idosa com 60 anos ou mais de idade chegou a 32.113.490 (15,6%), um aumento de 56,0% em relação a 2010, quando era de 20.590.597 (10,8%). O índice de envelhecimento chegou a 55,2 em 2022, indicando que há 55,2 pessoas com 65 anos ou mais de idade para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Em 2010, o índice era de 30,7.

 

Esse cenário vem trazendo inúmeros impactos para a sociedade em geral, como maior demanda por serviços de saúde; mudanças no mercado de trabalho, já que muitos têm adiado a aposentadoria; e a própria adaptação no espaço urbano, pois os ambientes precisam atender às necessidades desse grupo, através da criação de locais públicos acessíveis, como parques, praças, equipamentos de lazer e… Condomínios.

 

O mercado imobiliário vem acompanhando esse movimento bem de perto, e já é possível encontrar, por exemplo, condomínios especialmente preparados para atender pessoas idosas. Como o Matture Home Life, na região da Vila Mariana, em São Paulo, que foi projetado para que os habitantes possam envelhecer sem dificuldades. Ou mesmo o BIOOS, em Curitiba, que contará com uma torre com residências para pessoas com mais de 60 anos e outra com ambientes destinados à área da saúde.

 

O fato é que, apesar de ser uma demanda real, esta acaba não sendo uma realidade para a maior parte da população, que precisa habitar espaços já existentes e que não foram pensados com essa preocupação lá no passado. Baita desafio, não é mesmo?

 

Daí vem a missão dos gestores de condomínios, que, para zelar pela autonomia de todos, trabalham para adaptar os imóveis e garantir o atendimento das necessidades de quem já chegou na Melhor Idade. E não estamos falando apenas em conforto, mas principalmente sobre segurança e qualidade de vida.

 

A NBR 9050, norma técnica brasileira publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é uma das principais responsáveis pela transformação das edificações brasileiras em espaços mais inclusivos e acessíveis. Sua mais recente atualização foi em 2020, e trouxe mudanças nas dimensões para a manobra de cadeiras de rodas e o aprimoramento das normas de segurança. Para conferir a NBR 9050:2020 na íntegra, acesse: https://www.abntcatalogo.com.br/

 

Você sabe quais são os pontos considerados essenciais em um projeto de adaptação em edificações para o atendimento aos idosos?

 

  • Acessibilidade: Tem a ver com eliminar barreiras físicas que dificultem a locomoção, como degraus, desníveis e portas estreitas. Rampas, elevadores e corrimãos podem ser soluções eficazes.

 

  • Segurança: Reduzir o risco de quedas e acidentes, instalando pisos antiderrapantes, barras de apoio em banheiros e corredores, além de boa iluminação em todos os ambientes.

 

  • Funcionalidade: Adaptar os cômodos para facilitar o dia a dia, como pias e armários com altura ajustável, chuveiros com banco e vaso sanitário elevado.

 

  • Conforto: Criar um ambiente acolhedor e agradável, com cores claras, boa ventilação e espaços amplos para circulação.

 

  • Necessidades específicas: Considerar as necessidades individuais de cada idoso, como a presença de doenças crônicas ou a necessidade de usar cadeira de rodas.

 

Para iniciar um trabalho de acessibilidade dentro dos condomínios, é fundamental contar com a ajuda de um profissional especializado em gerontodesign para realizar um projeto adequado às necessidades do idoso e do imóvel. As obras podem ser simples, como a instalação de barras de apoio, ou mais complexas, como a construção de rampas ou a modificação da estrutura de algum espaço comum.

 

Em geral, confira abaixo as principais adaptações recomendadas:

 

  1. Rampas e Corrimãos: Instale rampas com inclinação suave e corrimãos seguros em todos os acessos, como a entrada principal, áreas comuns e escadas. Certifique-se de que as rampas tenham largura suficiente para a passagem de cadeiras de rodas.
  2. Elevadores: Mantenha os elevadores em perfeito estado de funcionamento, com portas amplas e botões de fácil acionamento. Instale sinalização visual e sonora para indicar a chegada do elevador.
  3. Iluminação: Garanta uma iluminação adequada em todas as áreas comuns, especialmente em corredores, escadas e garagens. Utilize lâmpadas com luz branca e evite sombras para facilitar a locomoção.
  4. Sinalização: Utilize placas e pictogramas claros e intuitivos para indicar os diferentes ambientes do condomínio. Opte por fontes grandes e contrastantes para facilitar a leitura.
  5. Pisos: Priorize pisos antiderrapantes e com textura em áreas como banheiros, cozinhas e áreas externas. Evite tapetes soltos que possam causar tropeços.
  6. Portas: Certifique-se de que as portas tenham largura suficiente para a passagem de cadeiras de rodas, e utilize puxadores que sejam fáceis de manusear;
  7. Vagas de estacionamento: Reserve vagas de estacionamento próximas aos elevadores e áreas de acesso para pessoas com mobilidade reduzida.

 

 

Segundo o engenheiro Nelson Schneider, da Metroshop, um dos grandes entraves no acesso aos prédios, atualmente, são as escadas. “O perfil das pessoas mudou, com o aumento da longevidade e sua consequente dificuldade de locomoção. Em geral, muitos condomínios nos procuram somente devido a necessidade de algum morador, que, por envelhecimento ou ter sofrido um acidente, ficou com seus movimentos limitados. Ou seja, a demanda por acessibilidade é urgente. Mas, na minha opinião, os prédios deveriam se prevenir antes mesmo de vir a ter cadeirantes ou simplesmente para facilitar o acesso de pessoas com carrinho de crianças ou qualquer outro tipo de necessidade”, explica.

 

Nelson relata que sua empresa projeta e fabrica rampas de acesso em alumínio, que podem ser móveis, fixas e dobráveis, e o item é um dos mais vendidos hoje em dia. Mas também há bastante demanda para a instalação de corrimão para escadas retas ou curvas e ainda a colocação de pisos para os corredores do condomínio. “Pisos de corredores dos prédios que escorregam podem ser preparados para receberem piso vinílico sem a necessidade do quebra-quebra. Eles são menos escorregadios e ainda de fácil limpeza”, garante.

 

Para os próximos anos, as projeções indicam que o envelhecimento da população brasileira continuará, com um aumento ainda mais expressivo do número de idosos. Por isso, prepare o seu condomínio para os próximos tempos.

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