Quer reduzir os gastos com água?
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 10/09/2012
Edição 204 Set/Out 2012
O consumo consciente da água se tornou pauta importante de debates sobre o meio ambiente em todo o mundo. Para se ter uma ideia, de acordo com a Organização das Nações Unidas, 80 países já sofrem os efeitos da escassez do líquido. Em média, cada brasileiro consome cerca de140 litrosde água todos os dias, embora a recomendação da ONU seja de apenas 100. Nos condomínios, a individualização das contas de água tem sido uma alternativa para conter o desperdício. Segundo levantamento da Agência Nacional de Águas, em 2009, 12 capitais brasileiras já haviam criado leis que estimulavam a instalação dos medidores individuais.
Nos condomínios residenciais, os gastos com a água costumam ficar em segundo lugar no ranking das maiores despesas mensais, atrás apenas do pagamento dos funcionários. E se a consciência pelo uso indiscriminado da água não pesa na consciência, sem dúvida alguma, pesa no bolso e no orçamento condominial. Estudos mostram que pelo menos 70% do consumo de água ocorre dentro dos apartamentos, ou seja, o bom senso nem sempre marca presença.
Na hora do aperto e de corte nos custos, pensando na natureza ou não, optar pela instalação de medidores individuais pode ser uma excelente saída. Vale lembrar, no entanto, que uma pesquisa de mercado e uma cotação pelos melhores preços pode se importante, já que o serviço, especialmente em prédios antigos, costuma ter um custo elevado – resguardado, porém, pelo retorno em longo prazo, através da redução das contas de água. Mais de 200 mil apartamentos em todo o país já se beneficiam do novo sistema. O apartamento do médico Eduardo Zaeyen, síndico do prédio, é um deles. Eduardo levou a questão para a Assembleia, que aprovou a iniciativa por unanimidade. “Definimos juntos. O grande objetivo é uma divisão mais justa dos gastos com água. Individualizando as contas, diminuiremos o desperdício”, defende.
O condomínio Paulo Henrique, em Copacabana, liderado por Eduardo, contratou uma empresa especializada na instalação e medição individualizada. Segundo ele, cada hidrômetro custou cerca de R$400, a despesa final com as obras ficou um pouco alta, mas está convicto que a intervenção no prédio valerá a pena. “Gastamos uma média de R$100mil. Nosso prédio era antigo, precisamos fazer mudança nos registros e desativar a tubulação antiga”, explica.
O síndico Fernando Duque Estrada não precisou gastar muito com obras para a instalação dos medidores. Seu prédio, por ser uma construção recém-inaugurada, já tinha todas as ligações individualizadas prontas. “O prédio foi construído de acordo com um projeto de tubulação de água individualizada para cada apartamento, ao invés do tradicional fornecimento por colunas. Analisamos algumas alternativas no mercado e contratamos uma empresa para fornecer e instalar um conjunto composto por um hidrômetro e um rádio transmissor para cada apartamento”, esclarece Fernando.
A CEDAE emite uma única conta, e mensalmente a empresa visita o condomínio para fazer a leitura dos hidrômetros através de um receptor de radiofrequência, que colhe as informações de todos os transmissores, sem que haja inspeção visual de todos os aparelhos. Os dados coletados alimentam assim, uma planilha que indica o consumo individual de cada apartamento. “Com esta medida, conseguimos eliminar a conta d´água como um dos maiores gastos do condomínio, o que possibilitou a redução imediata das cotas condominiais. Antes de tudo, além da conscientização coletiva mais ampla sobre o consumo de água, não é justo que uma pessoa que more sozinha pague a mesma coisa que uma família com cinco pessoas, mais empregados, por exemplo”, comenta o síndico.
Ainda de acordo com Fernando, a aquisição dos hidrômetros individuais custou R$280 por apartamento; o serviço de medição e administração dos relatórios, por sua vez, sai por R$230 mensais. Em média empresas especializadas cobram entre R$4 e R$6 reais mensais por hidrômetro.
Seus direitos
O que nem todo mundo sabe é que, de acordo com a Lei Estadual nº. 3.915 de 2002, as concessionárias de serviços públicos são obrigadas a adotarem as formas de medição individualizada do consumo de seus serviços em condomínios ou grupo de consumidores. “Basta solicitar a CEDAE que a instalação de hidrômetros individuais seja realizada, o que permite uma economia de água mais eficiente, ao mesmo tempo em que minimiza o impacto que o inadimplente gera quando deixa de pagar sua quota de consumo de água”, esclarece o advogado André Junqueira, do escritório Schneider Associados.
A hidrometria individualizada, no entanto, pode não ocorrer se o próprio condomínio não desejar ou quando as instalações hidráulicas do prédio não permitem a instalação dos hidrômetros. Se houver necessidade de alguma obra de adaptação em partes comuns, o recomendado é que o quorum de maioria absoluta seja respeitado, já que se trata de uma benfeitoria útil. Caso a instalação possa ser feita somente para algumas unidades e sem adaptações em partes comuns, não há necessidade de Assembleia, bastando o condômino dar ciência ao síndico se precisar de acesso às partes comuns para essa instalação.
Outras medidas simples
Se ainda não for a hora de individualizar a conta, algumas outras medidas simples e eficazes podem ser adotadas desde já. Uma delas é evitar lavar pisos e calçadas com esguicho. Pode parecer besteira, mas lavar alguma área assim dá muita vazão à água, bem mais que o necessário. Outra dica importante é fazer a manutenção periódica das conexões hidráulicas do condomínio, vazamentos podem ser literalmente a maior furada – é fundamental que seja feita uma checagem de tempos em tempos se as descargas e torneiras estão em bom funcionamento.
Nos casos em que houver a necessidade de rega de jardins e plantas, a dica é para que a irrigação seja feita à noite ou de manhã cedo, quando a evaporação é menor; no inverno, basta regar em dias alternados. Prestar atenção nas possíveis oscilações repentinas nos valores das contas também é muito importante, elas podem sinalizar vazamentos. Além disso, coloque arejador nas torneiras. Torneiras de prédios tem vazão de10 litrospor minuto, o arejador pode reduzir essa vazão pra6 litrospor minuto. Essa peça não costuma passar dos R$50.
Outra alternativa interessante é o armazenamento das águas das chuvas, sustentável e extremamente eficiente. Cada vez mais pessoas se beneficiam dessa técnica e garantem assim uma redução do consumo de água condominial – uma economia de água e dinheiro. A ideia é simples: armazena-se num reservatório a água precipitada da chuva, o líquido é colhido através de calhas que separam a água de outros possíveis materiais como folhas e galhos, por exemplo. Após o armazenamento, a água é tratada, em alguns casos, com uso de alta tecnologia, até com a exposição a raios ultravioleta, a água pode ser ingerida; em outros, essa água é destinada especialmente a atividades domésticas que não necessitam de água potável, como rega de jardins e lavagem de espaços comuns. A iniciativa é economicamente viável e socialmente correta.
Benefícios da individualização das contas de água
– Divisão justa das despesas;
– Redução do valor da conta mensal de água;
– Maior facilidade na identificação de vazamentos;
– Redução do desperdício;
– Redução das taxas de condomínio;
– Redução dos níveis de inadimplência;
– Valorização do imóvel.
Dicas para repassar aos moradores e funcionários
– Diminua o tempo no banho;
– Escove os dentes com a torneira fechada;
– Não deixe uma torneira pingando;
– Utilize vassoura, e não mangueira, para varrer a calçada;
– Instale torneiras com sensores automáticos;
– Instale caixas de descargas acopladas nos banheiros;
– Utilize a máquina de lavar roupas e louças somente quando estiver na capacidade total.
Texto: André Luiz Barros