Macrotendências e o foco nos anos 70 . Aliás , porque os anos 70 ? Devo seguir as tendências ?
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 27/10/2023
Coluna, Arquitetura | Urbanismo | Decoração
A CASACOR Rio – Rio 2023 , explorou o tema “Corpo Morada” a nível Brasil . Na minha interpretação do tema , me aprofundei na questão das tendências , macrotendências e nos questionamentos de sua característica cíclica.
Na Casa 73 , “Passado , Presente e Futuro , parecem não mudar tanto assim … “ como diz uma pessoa holográfica que convida os visitantes para dentro da “Tiny – House “ que construí em 30m2 , na minha 5a participação na maior mostra de Arquitetura e Design da América Latina . Destrinchando vários tópicos da forma de morar atual, como os apartamentos de metragens cada vez menores, em função até mesmo das mudanças de Legislação Urbanísticas, a casa erguida em pouco mais de um mês apresenta solução total: Cozinha, Banheiro , Closet e uma surpreendentemente generosa Sala / Quarto para uma reedição da clássica “kitchnet” membra da memória afetiva da zona sul carioca , principalmente de Copacabana . Não à toa bebi nas águas dos anos 70, até mesmo o mobiliário totalmente versátil (cama painel, sofá articulável cozinha oculta em marcenaria) têm elementos que fazem alusão a específica década , da cadeira “Copa” a mesa de jantar “Tropicália” . A casa Smart propõe a reflexão sobre um morar de luxo em um imóvel com área interna total de poucas dezenas.
A macrotendência dos anos 70 fui pesquisar em Milão, em Abril de 2023. Constatei nas minhas análises que os anos 70 não são à toa – porque não 60 ou 80? Na década que girou em torno do homem ter pisado (ou não pisado) na Lua , da Jornada nas Estrelas e corrida Espacial , a sensação de que uma nova forma de habitar o planeta – até mesmo demais planetas – estaria por se aproximar . Será que tudo mudou tanto assim?
Na década de 2020 a corrida espacial deu a vez a descoberta do universo “Meta”. Minha conclusão é que a sintonia detectada pelos pensadores de tendência vai nesse fio condutor, os traços em comum do homem de 1970 e de 2020. Com adendo de alguns “gadgets” a mais, com estampas “pied poule”, calças mais largas, muito ripado, taco nos pisos e plantinhas em casa, a música de Elis Regina “Como os nossos pais “nunca pareceu tão atual . Claro, o homem de 2020 tem um alguns “Teras” de dados a mais, ao invés de “Kilos” de papel, mas estaticamente, visto em uma foto P&B, não são tão diferentes.
A montadora internacional Volkswagen investiu na reedição da Kombi e AI. A estilista Pat Bo parou Nova Iorque em desfile “Tropicalia”.
No fundo, quase a resposta de que talvez o Metaverso não mude tanto a vida e a rotina dos mortais, e sim cada vez mais a busca pela memória afetiva, aqueles elementos que nos conectam com a infância, o passado.
Um questionamento muito corriqueiro dos clientes – residenciais unifamiliares, corporativos, ou multifamiliares é “O que está na moda?” , “O que é tendência ?” .
Enriquecendo o enredo, a Casa 73 do CASACOR Rio , construída por mim apoiado pela Amoedo , ENGEARQ, Azul Milano e Criare , cumpre um papel de questionar o morar não somente de 1973 ou 2023 , sim de 2073 .
Se a tendência é cíclica, mas seus ciclos podem ser espaçados em um grau de – ser contradito em 5 anos e retornar a ser consenso em 50 – que tal exercitar a IDENTIDADE?
Em projetos autorais em busca da identidade do usuário, as soluções embasadas, tornam o projeto atemporal. As respostas sobre tendência são na minha opinião claras: São o plano de fundo, mas o protagonista é o usuário. Caso haja emprego gratuito de elementos, em função de modismos, serão tão descartáveis quanto os ciclos antagônicos de 5 anos do design.
Por Victor Niskier da Arqnisk