Um ambiente bonito, cheiroso e saudável
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 19/06/2023
Manutenção
Imagine chegar em casa depois de um dia cansativo e se deparar com um cenário de sujeira e mau cheiro nas áreas comuns do seu condomínio. Uma experiência assim pode afetar não só o humor do morador, mas também a sua saúde e em casos mais extremos, o valor do seu imóvel. Por isso, o gestor precisa estar atento e consciente sobre a importância da limpeza nas dependências coletivas e como fazer isso de forma mais saudável e eficiente.
A síndica Selênia Novaes sabe bem da importância do tema. Ela está há três anos à frente do condomínio do Edifício Francisco Antônio Cunha, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, com 22 unidades. “A minha preocupação com limpeza sempre existiu, pois reflete na saúde dos moradores. Então, estendo esses cuidados naturalmente para todo o condomínio, não só com a limpeza dos pisos dos andares, mas da garagem, das entradas, da portaria e dos mobiliários, elevador e grades dos portões”.
Ela acrescenta, no entanto, que a sua maior preocupação é com a lixeira e o modo com que os lixos perecíveis e recicláveis são acondicionados, para evitar a proliferação de insetos. “Sempre coloco comunicados afixados no elevador e no grupo de WhatsApp e cartazes perto das portas caçambas, conscientizando sobre o cuidado com o descarte correto. No caso do lixo reciclável, oriento para que sejam separados por tipo de material: plástico, papel, metal e vidro”.
Selênia explica que há uma rotina bem definida com relação à retirada do lixo do condomínio e que isso ajuda a evitar sujeira e mau cheiro. “Às segundas, quartas e sextas-feiras, entre 7h e 8h, a funcionária terceirizada amarra e retira do tambor o saco de lixo perecível. Ela, então, leva para a frente do condomínio para que a Comlurb recolha. Já às terças, no mesmo horário, ela retira o lixo reciclável e também leva para o recolhimento”.
A gestora acrescenta que a maior dificuldade nesta questão é justamente conscientizar os moradores sobre a importância de que as regras sejam seguidas: “Temos moradores que fazem suas próprias regras e querem impô-las, gerando estresse desnecessário. Para que a administração revertesse este quadro desagradável, foram instaladas câmeras de segurança por todas as áreas estratégicas do condomínio. Desta forma, conseguimos identificar os moradores que cometiam e ainda cometem as irregularidades para tomarmos as medidas cabíveis”.
Limpeza deve ir além da sujeira visível aos olhos
Com o passar dos anos, os produtos e processos envolvidos na limpeza de condomínios evoluíram e se tornaram mais eficientes e sustentáveis. Esse tema se tornou um nicho de mercado, com negócios especializados. Um exemplo disso é a empresa Saúde na Limpeza, fundada em 2015 por profissionais da área da saúde. Seu corpo técnico é composto por profissionais das áreas de biologia, biomedicina, farmácia e enfermagem. O condomínio da síndica Selênia Novaes, inclusive, é um dos atendidos.
“Somos profissionais conscientes do nosso papel na sociedade e acreditamos que falhas nos processos de limpeza e desinfecção de superfícies podem resultar na disseminação e transferência de microrganismos em diversos ambientes, como residências, escritórios, clínicas, escolas, restaurantes ou condomínios, colocando em risco a saúde de todos”, explica Cinthya Miranda, bióloga da Saúde na Limpeza.
A empresa é a primeira do segmento a possuir um laboratório de pesquisa próprio para validar a limpeza e realizar o controle microbiológico de ambientes e superfícies. Isso a torna a certificadora do Selo Hygie, que garante a qualidade higiênico-sanitária, com protocolos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo a bióloga, ao considerar a limpeza de um condomínio, os pontos de alto fluxo são os mais preocupantes, como hall de entrada, portaria, calçadas, corredores, banheiros, elevadores, sauna, academia, vestiários e lixeiras dos andares. “Os moradores transitam de um corredor para outro, o que significa que sujeiras e microrganismos de importância médica também se deslocam pelas diversas áreas do condomínio, resultando em contaminação cruzada”, afirma.
Ela explica que o protocolo de limpeza deve garantir não apenas um ambiente livre de sujeira visível, como manchas e poeira, mas também um ambiente saudável. Isso significa eliminar microrganismos causadores de doenças, como a COVID-19, difteria, gripes, resfriados, pneumonia, asma, rinite e alergias respiratórias. “A frequência da limpeza é um aspecto fundamental para garantir espaços com boa aparência, agradáveis de se utilizar e seguros. O intervalo deve ser definido de acordo com o perfil de cada condomínio, considerando o fluxo de pessoas”.
A especialista acrescenta que existem diferentes tipos de limpeza. “A limpeza geral é aquela que realiza a higienização completa dos ambientes. Já a limpeza de conservação serve para manter o ambiente perfumado e com boa aparência. Além disso, há a limpeza de manutenção, como dedetização e a lavagem de reservatórios de água potável”, explica.
Um estudo conduzido pela Fundação de Pesquisa para Saúde e Segurança Social (FESS), em parceria com a Universidade de Barcelona, concluiu que nossos hábitos podem transformar nossa casa em um local de transmissão de doenças. Quando um síndico entende que é sua responsabilidade proteger a vida e a saúde dos condôminos, ele não mede esforços para oferecer ambientes que contribuam para o bem-estar de todos.
Saiba o que é a Síndrome do Edifício Doente
Em 1982, o Comitê Técnico da Organização Mundial da Saúde definiu a Síndrome do Edifício Doente (SED). Ela se refere a vários sinais e sintomas que ocorrem nos ocupantes de um determinado condomínio, provocando um sentimento de falta de saúde. Muitas vezes não é possível identificar as eventuais causas do desconforto ou problemas de saúde e nem mesmo estabelecer um diagnóstico específico.
“As principais manifestações clínicas são respiratórias, como sensação de garganta seca, corrimento e congestão nasal, espirros, rinite alérgica, síndrome gripal e tosse seca; oftalmológicas, como sensação de secura e ardor e coceira ocular; cognitivas, como confusão mental, letargia, dificuldade de concentração, fadiga, sonolência, insônia, incapacidade de pensar claramente; além de sintomas gastrointestinais, náuseas e diarreias”, explica a bióloga Cinthya Miranda.
Ela comenta que a Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard reuniu um conjunto de especialistas que identificaram os fundamentos de um edifício saudável. São eles: ventilação, qualidade do ar, conforto térmico, qualidade da água, limpeza e controle pragas, Iluminação, ruído, humidade, proteção e segurança. “Reconheço que alguns desses tópicos deveriam ter sido considerados em fase de projeto e construção, mas outros podem ser controlados pelos síndicos. Recomendo aplicar e monitorar esses fundamentos”, conclui a especialista.
Escolha dos produtos é ponto fundamental
Outra empresa que atua no segmento de limpeza é a Metroshop, criada há 20 anos pelo Grupo Metro. Além de comercializar produtos específicos, ela oferece a possibilidade de seus próprios profissionais executarem os serviços. De acordo com um dos sócios, Nelson Schneider, a escolha dos materiais utilizados é essencial, pois, ao longo do tempo, alguns pisos podem sofrer desgaste devido ao uso de produtos inadequados.
“Os produtos devem ser neutros, altamente eficientes e, preferencialmente, sem corantes químicos. Além disso, não se deve misturar produtos. Isso é algo que ocorre com frequência em muitos condomínios, principalmente devido à falta de treinamento da equipe. Cada tipo de piso requer um produto adequado. Pisos polidos, por exemplo, exigem uma limpeza superficial, enquanto pisos ásperos necessitam de produtos mais fortes para desincrustar a sujeira. Água sanitária e limpadores de piso deveriam ser evitados nos condomínios, pois são corrosivos e danificam as superfícies”, comenta.
Em relação aos equipamentos, ele menciona que enceradeiras industriais podem ser utilizadas para os pisos. “Além disso, devemos sempre usar um aspirador de pó para remover a poeira, e também é possível utilizar pulverização de quaternário de amônia para uma higienização perfeita. Máquinas de hidrojateamento são adequadas para a limpeza de paredes revestidas em pedras, azulejos e pastilhas”.
Outro ponto importante quando se trata de limpeza é a limpeza de vidros. De acordo com o especialista, o limpador de vidros é uma excelente alternativa para o trabalho, mas deve ser sempre pulverizado sobre a superfície e limpo com panos macios. “No caso de painéis de vidro, existem ferramentas com haste para limpar áreas de difícil acesso”.
Sobre a limpeza de condomínios, é essencial saber:
- Falhas nos processos de limpeza e desinfecção de superfícies podem resultar na disseminação e transferência de microrganismos em diversos ambientes;
- Os pontos de alto fluxo são os mais preocupantes, como hall de entrada, portaria, calçadas, corredores, banheiros, elevadores, sauna, academia, vestiários e lixeiras dos andares;
- O protocolo de limpeza deve garantir não apenas um ambiente livre de sujeira visível, como manchas e poeira, mas também um ambiente saudável. Isso significa eliminar microrganismos causadores de doenças, como a COVID-19, difteria, gripes, resfriados, pneumonia, asma, rinite e alergias respiratórias;
- Os produtos devem ser neutros, altamente eficientes e, preferencialmente, sem corantes químicos. Além disso, não se deve misturar produtos. Isso é algo que ocorre com frequência em muitos condomínios, principalmente devido à falta de treinamento da equipe;
- Água sanitária e limpadores de piso devem ser evitados nos condomínios, pois são corrosivos e danificam as superfícies.
Por: Gabriel Menezes