Casas modulares: tendência que veio para ficar
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 18/10/2022
Sustentabilidade
Uma nova tendência vem crescendo no mercado da construção: as casas modulares. Apesar de já serem comuns em algumas partes do mundo, especialmente em países da Europa e da América do Norte, as casas em formatos de módulos ou pré-fabricadas vêm ganhando adeptos no Brasil, especialmente em áreas rurais. Uma pesquisa feita pela empresa indiana Markets and Markets apontou a tendência de crescimento do modelo uma taxa de 5,75% ao ano até 2025. Neste mesmo estudo, o Brasil, China e Japão aparecem como os países com mais oportunidades para a construção modular se desenvolver.
A mesma pesquisa mostra que esse mercado representa US$82,3 bilhões mundialmente (dados referentes a 2020) e a expectativa é que chegue a U$108,8 em 2025. Aqui no Brasil, a Opus Construções Modulares acredita tanto nesse potencial que está aumentando a capacidade produtiva de mil módulos por ano para 13 mil.
“A construção modular é uma solução prática, mais barata, rápida e sustentável, comparada à construção tradicional de alvenaria. Conseguimos atender à urgência do mercado B2B para construir instalações como alojamentos, escritórios e até hospitais. Tudo isso com a vantagem da velocidade de entrega e a facilidade do nosso módulo já chegar com as instalações hidráulicas, elétricas e de acabamentos”, diz Felipe Ventura, CEO da empresa.
Já para Laura Franco, arquiteta e diretora executiva da Katz Modular, este tipo de construção finalmente ganhou a atenção dos brasileiros a partir dos últimos três anos.
“Um dos fatores desse movimento é a globalização e a facilidade de acesso à informação, que permitiu que as pessoas pudessem pesquisar melhor sobre o método construtivo e assim desmistificar alguns preconceitos. Além disso, o processo foi acelerado pelo fenômeno acontecido na pandemia, em que as pessoas cansadas do isolamento fizeram um movimento grande de mudança de apartamentos para casas, e a construção modular é, em média, 40% mais rápida que uma construção convencional”, explica.
E não é à toa que elas estão crescendo. Além da previsibilidade de todo o processo construtivo, são muitos os benefícios deste tipo de moradia.
“Com destaque para as técnicas utilizadas, que são pensadas para que todo o processo seja feito em um único padrão industrial, em um ambiente controlado e eficiente, com desperdício próximo a zero, alta produtividade e escalabilidade, digitalização dos componentes e subcomponentes, buscando construir em menor tempo e a um menor custo. Antigamente, o processo, que era realizado no canteiro de obras sujeito a sol, chuva e muitas variáveis, agora é feito dentro de fábricas trazendo um ganho de escala inimaginável ao processo tradicional de construção em alvenaria”, diz Lucas Bonfogo, gerente técnico da Decorlit.
Segundo ele, os materiais mais utilizados costumam ser Light Steel Frame e Wood Frame, que são sistemas de desenvolvimento de estruturas modulares e pré-fabricadas em perfis de aço ou madeira. Antes de instalar a casa, é preciso preparar o espaço.
“Extremamente práticas, estas soluções podem incluir conexões elétricas, hidráulicas, de gás e climatização, oferecem melhor isolamento térmico, acústico e, quando os blocos modulares chegam ao local de destino, os trabalhadores apenas precisam realizar a instalação nos pontos aos quais foram destinados no projeto, dispensando cortes, ligações ou outros recursos”, explica.
Laura Franco lembra que, fora do Brasil, os materiais mais utilizados são aço e madeira, mas, por enquanto, no nosso país, os módulos de estrutura metálica e concreto são as mais aceitas pelo mercado e, consequentemente, as mais desenvolvidas pelas empresas. “Além disso, no caso da estrutura principal em aço, a construção seca é bastante usada para fechamento e vedação, apesar de conseguirmos também executar lajes, por exemplo”.
Vantagens e desvantagens das construções modulares
Que elas são bonitas, já sabemos. Que são práticas de executar e de transportar também. Mas quais são as principais desvantagens deste tipo de construção?
“A única limitação da construção modular seria a necessidade de padronização na produção. Ainda assim, o produto funciona como um lego, que você pode montar para ter construções maiores ou aumentar a quantidade de pavimentos. Uma das maiores vantagens é a industrialização da produção, que vai permitir um custo menor e uma entrega mais prática. Além disso, o módulo pode ser transferido de lugar futuramente”, diz Felipe Ventura, CEO da Opus Construções Modulares.
Laura Katz lembra que ainda é grande a dificuldade de achar profissionais especializados neste tipo de mão de obra: “Muito embora, essa dificuldade possa ser uma boa oportunidade de mercado para quem está querendo se desenvolver como profissional”.
Outra grande vantagem é que os processos de construção das casas modulares também são benéficos para o meio ambiente, em contrapartida à grande poluição promovida pela construção tradicional. “Ao invés de demolir a construção e gerar uma montanha de resíduos, é possível realocar essa construção e até mudar seu uso, portanto é uma metodologia construtiva que pode se adaptar a necessidades e mudanças ao longo de anos”, completa a arquiteta.
O preço e o tempo de construção para este tipo de imóvel costumam variar bastante. Vai depender do profissional, das técnicas e dos materiais. O que é certo – consenso entre os especialistas entrevistados – é que esta é uma tendência forte de mercado. Felipe Ventura lembra que, fora do país, até Elon Musk já garantiu a sua. E aqui no Brasil, a perspectiva é bastante positiva para o futuro:
“No Brasil existe muito mercado para a construção modular, começando pela questão do déficit habitacional, o que acredito que será uma grande alavanca para o aquecimento. E mais do que isso: conseguir levar a construção civil para a linha de produção otimizando processos, reduzindo custos e aumentando a qualidade da entrega para o cliente é um processo com saldo muito positivo”, conclui Laura Katz.
Por: Mario Camelo