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Um studio para chamar de seu

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 15/08/2022

studio
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O último censo do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostrou que o número de pessoas que vivem sozinhas no Brasil subiu 43% em 10 anos. O país tem, atualmente, quase 11 milhões de pessoas que moram sozinhas e que se concentram principalmente em grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro. Assim, essa grande concentração, que também inclui recém-casados, jovens em início de carreira, entre outros públicos, vêm aumentando a procura por uma forma mais compacta e prática de viver: os estúdios, ou studios, como também são chamados. 

Esse perfil de apartamento tem sido bastante procurado nos últimos anos, em especial por terem normalmente ótimas localizações próximas ao comércio e a  transportes, além de um preço mais atrativo. Na cidade de São Paulo, por exemplo, 7 em cada 10 apartamentos construídos em 2021 têm no máximo 45 metros quadrados, de acordo com o Sindicato de Habitação de São Paulo (Secovi-SP). 

Um outro levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção revelou que, em todo o Brasil, aumentou em 30% no primeiro trimestre de 2022 a venda de imóveis menores comparando com o primeiro trimestre do ano passado. O estudo mostrou também que esses apartamentos começam a chegar a mercados como os do Norte e do Nordeste do país, porém, ainda sem tanta força.

A co-founder da Archa, construtech do mercado de arquitetura e design de interiores, Anna Rafaela, explica que o studio é uma edificação compacta e que tem, em média, de 20 a 45 metros quadrados. “Como característica principal podemos citar a integração de todos os espaços em um único ambiente, com poucas divisórias, que setoriza os quartos e banheiros”.

Segundo ela, os estudantes também são um público-alvo muito forte deste tipo de empreendimento, especialmente jovens de outras cidades que vieram morar na capital. “O perfil de morador de apartamentos studio é o de pessoas que moram sozinhas, gostam de praticidade e de viver em áreas bem localizadas na cidade. Outro perfil interessante é o de executivos que visitam centros urbanos, como a cidade de São Paulo, com muita frequência e querem ter uma base mais personalizada”, diz ela, que completa: “Com a rotina de home office, a tendência é que este tipo de empreendimento fique menos atrativo para casais, já que a necessidade de ficar em casa aumenta. Neste caso, empreendimentos com coworking ganham vantagem”. 

A tendência dos imóveis reduzidos também pode ser causada pelo crescimento das populações, que precisam se alinhar em espaços cada vez menores. A incorporadora Vitacon, por exemplo, lançou o VN Nova Higienópolis, em 2017, com unidades de 10 metros quadrados a R$99 mil, na época. O empreendimento tem, no total, 111 unidades, também com metragens maiores, de até 77 metros quadrados.

Também é muito comum encontrar studios em aplicativos de busca de imóveis para aluguel por temporada, especialmente na cidade de São Paulo, onde eles encontraram seu mercado mais forte. Alex Frachetta, CEO do Apto, plataforma de lançamentos imobiliários com imóveis novos das construtoras e imobiliárias de todo o Brasil, acredita nesta tendência como investimento. 

“Em cidades como São Paulo, que atraem profissionais, estudantes e público single de todos os cantos, um studio bem localizado é a solução ideal. Não só para quem usa, mas para quem busca um bom investimento. Esse tipo de imóvel é muito bem visto também para este fim, pelo valor mais baixo e também pela alta procura para locação”, afirma.

O especialista afirma que, em São Paulo, por exemplo, os studios podem ser facilmente encontrados em bairros como Vila Mariana, Brooklin e Pinheiros. “São localidades em áreas consideradas de alto padrão, próximas do metrô, supermercados, farmácias, shopping centers e parques. Também garantem acesso facilitado às principais avenidas”, diz.

Projetar o espaço de um studio também é um desafio para os arquitetos, que precisam transformar o ambiente em algo prático e bonito, com boa divisão interna e características modernas, alinhadas ao estilo urbano. Fabio Mota, sócio e diretor executivo da Todos Arquitetura, conta que a empresa já projetou para diversas incorporadoras, apartamentos a partir de 20 metros quadrados e, segundo ele, é sempre um desafio.

“Projetar para uma metragem reduzida requer uma inteligência de projeto muito grande, justamente por sabermos que cada centímetro faz a diferença”, diz ele, que afirma também que com os ambientes internos reduzidos, as áreas comuns destes empreendimentos tornam-se grandes atrativos e vem ganhando protagonismo. “Mobiliários multifuncionais, dinâmicos e que permitam uma fácil reconfiguração são os ideais, justamente para que possamos ter um espaço prático dinâmico e integrado”.

Segundo Alex Frachetta, além dos studios, outras tendências também vêm ganhando espaço nos grandes centros urbanos:

“Os rooftops, espaços localizados no último andar de um edifício, são uma das maiores tendências em novos projetos, pois contemplam a vista, o ar fresco e a iluminação de um ambiente aconchegante e sofisticado. Resolvendo o problema de empreendimentos em terrenos pequenos de terem área de lazer, o rooftop se tornou uma opção inovadora. Esta é uma área que funciona como um verdadeiro refúgio em meio à cidade. Os Lofts também estão em crescimento. O apartamento é caracterizado por amplo pé-direito (muitas vezes suficiente para um mezanino), ausência de divisões entre os ambientes e abundante entrada de luz natural. Às vezes, revestimentos rústicos e instalações aparentes são usados para lembrar os primeiros lofts, que originalmente eram galpões industriais”, conclui.

Por: Mario Camelo

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