Especialistas dão dicas para deixar a casa mais acessível, confortável e segura para os animais de estimação
Os pets fazem parte da realidade de boa parte das famílias brasileiras. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos Para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil é o terceiro país do mundo com maior população de animais domésticos, sendo os cachorros e gatos os mais populares. E para quem tem bichos, existem recomendações e cuidados para garantir que eles tenham uma boa qualidade de vida e evitar estragos na decoração.
Segundo a arquiteta Marina Carvalho, o bem-estar dos pets é algo de extrema relevância para muitos clientes e isso aumentou durante o período da pandemia, já que, com o isolamento social, muita gente recorreu a um animal para ter uma companhia no dia a dia. Um dos pontos importantes neste sentido é a escolha do piso: “Um piso escorregadio pode agravar doenças de articulação, como a displasia. E vale até mesmo pensar em passagens adaptadas, como aberturas nas portas, para favorecer o acesso do bichinho. Ter lugares definidos facilita a rotina do pet. Se o local eleito for a lavanderia, por exemplo, precisamos de um piso bom, que seja fácil de limpar”, explica Marina.
A profissional ressalta que também é importante pensar na escolha dos tecidos do ambiente: “Como alguns sobem no sofá, é preciso usar tecidos resistentes, como suede, ultra suede ou couro. Os tapetes precisam ser bem escolhidos, de preferência com tecido sintético ou sisal, que resultam em uma manutenção descomplicada. Para bichinhos que costumam arranhar o mobiliário com as unhas, a dica é preferir sempre tramas fechadas e dispor de mantas de couro nos braços do sofá. E, para aqueles pets que soltam muito pelo, o ideal é fugir de tecidos escuros e que não evidenciam tanto a sujeira”, orienta.
O planejamento da rotina
Sócias no escritório Oliva Arquitetura, as arquitetas Bianca Atalla e Fernanda Mendonça também afirmam que costumam receber muitos pedidos de projetos que contemplem especificamente a rotina dos pets. “Uma dica que eu dou para apartamentos que tenham cachorro é pensar na área do banheirinho em um local bem ventilado, que não tenha muito contato com o restante da casa, para evitar mau cheiro e um contato visual desagradável, e também, se possível, trabalhar com aqueles modelos de banheirinho automático, aqueles onde o cachorro urina e já se consegue direcionar o fluxo diretamente para o ralo. Existem alguns que possuem até uma descarga automática. Então sempre que dá, nós prevemos na parte do banheiro do cachorro um ponto de esgoto e um ponto de água, para facilitar a limpeza do dia a dia ou mesmo para alocar esse tipo de banheiro, mas o mais importante é que esteja em uma área mais reservada e bem ventilada”, destaca Fernanda.
Já com relação aos gatos, Bianca orienta uma atenção especial à decoração: “Existem gatos que gostam de derrubar objetos decorativos, por exemplo. Então o morador tem que prever a decoração que irá funcionar na rotina do gatinho”.
O local em que o bicho vai dormir também precisa ser pensado. A arquiteta Pati Cillo, por exemplo, que recebeu o pedido de um cliente: um ambiente para a sua cadelinha, Shakira, dormir perto dele, sem ser especificamente na sua cama: “A nossa ideia foi pensar num móvel, que funciona como mesinha lateral, mas também é a casinha da Shakira. Confeccionamos o móvel e também o futon, para deixar o lugar bem macio”, diz.
Enriquecimento ambiental é possibilidade interessante para gatos
Ao contrário dos cães, os gatos que moram em apartamento normalmente não saem para passear na rua e, por isso, precisam de estímulos para ter uma vida ativa e sem tédio. O enriquecimento ambiental é uma alternativa neste sentido. Trata-se de um conjunto de elementos, como prateleiras, caixas e brinquedos, feitos especialmente para os bichinhos.
Atualmente, existem empresas voltadas especificamente para a criação de projetos do tipo. No Rio de Janeiro, por exemplo, Nathália Chaves e Wenilton Telles criaram a Pets Family. “Além da individualidade dos gatinhos, o enriquecimento ambiental personalizado leva em consideração o espaço disponível dos papais humanos, sem deixar de lado a estética do lar. Essa personalização do ambiente traz benefícios físico, mental e de socialização para os gatinhos e agrega na sua decoração, tornando esse espaço mais bonito, funcional e com mais qualidade de vida”, explica Nathália.
Segundo ela, a procura por projetos cresceu nos últimos dois anos: “As pessoas perceberam o quanto estava entediante a vida dos gatinhos, o quanto a falta de exercício causava aumento de peso e perda da saúde física e emocional. Além disso, observaram que o gato precisava de um espaço só para ele, de preferência, no alto, no seu lugar seguro. A partir desse enriquecimento, há, até mesmo, uma maior interação com os humanos, ou seja, propiciando uma relação ainda mais próxima com seu animal de estimação”.
Wenilton acrescenta que a manutenção no dia a dia não exige grandes esforços: “A higienização desses materiais é bastante prática, pois é necessário apenas passar um pano seco ou, no máximo, um pano úmido com um desinfetante, que não cause alergia em seu gatinho. É essencial, ainda, para a rotina do animal, que seu dono se dedique, pelo menos, 10 minutos do seu dia para brincar com ele e, com uma tira, faça o percurso do enriquecimento ambiental, demonstrando, assim, muito carinho e segurança”, frisa.
Cuidados básicos
Ao decidir ter um animal de estimação, antes de tudo é preciso se certificar de que o ambiente é seguro. De acordo com o médico veterinário Caio Catalani, o principal motivo de acidentes domésticos com pets é a queda de janelas, muros, lajes e escadas. A segunda causa é a ingestão de substâncias tóxicas presentes em produtos de limpeza, higiene, remédios, plantas ou mesmo venenos utilizados no ambiente, como venenos para ratos.
Ele acrescenta que também não são raros traumatismos e fraturas causados por pisões acidentais ou quedas de móveis ou eletrodomésticos, especialmente em animais de pequeno porte e filhotes. “Também ocorrem traumas ocasionados pelo bater de portas, que pode atingir o animal, não sendo raros casos de até mesmo amputação da cauda, especialmente de gatos. Menos frequentes, dependendo da disposição da casa, afogamentos podem ocorrer, envolvendo especialmente os filhotes. Tanto em imóveis com piscinas desprotegidas, mas também na presença de bacias ou baldes com água, que especialmente para os pequenos, com menor coordenação motora, pode ser uma sentença de morte. Queimaduras, principalmente por acidentes com eletricidade, também ocorrem geralmente em função da curiosidade dos animais que acabam mordendo, por exemplo, fios elétricos”, explica o especialista.
Outro ponto de atenção é com relação às plantas do ambiente: “É da natureza de cães e gatos explorarem o ambiente em que estão e na presença de plantas isto não é diferente. Portanto, não é raro recebermos animais intoxicados ou com a cavidade oral ou língua lesados por substâncias presentes em determinadas plantas. Das mais comuns encontradas nos domicílios, devemos ter muito cuidado, por exemplo, com o lírio, azaleia, espada-de-são jorge, comigo-ninguém-pode, samambaia, antúrio, copo de leite e bico de papagaio, cujo látex presente no caule e nos ramos é extremamente tóxico para crianças, cães e gatos e pode lesionar a pele e mucosas, causar queimação, coceira, náuseas e vômitos”, orienta.
Por: Gabriel Menezes