A importância dos bairros para a vida das pessoas
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 23/02/2022
Cidades
Os nossos vizinhos e as pessoas que encontramos frequentemente na nossa padaria, na feira ou no pequeno mercadinho local ancoram-nos no mundo e dão-nos uma sensação de fazer parte de uma comunidade. As pessoas que nos ajudam a passar o dia acrescentam tempero à nossa vida permitindo experiências e informações que de outra forma não teríamos.
No meio de uma pandemia que rompeu temporariamente as nossas ligações físicas e testou os limites das nossas ligações virtuais, permanecer ligado a outros continua a ser o elemento fundamental da nossa saúde emocional e física, e da saúde geral da nossa sociedade, especialmente durante os tempos de incertezas.
E em nenhum lugar a ligação é mais importante do que na nossa própria vizinhança. A saúde começa onde vivemos, aprendemos, trabalhamos e brincamos, entre pessoas que partilham a nossa comunidade e o nosso modo de viver.
Quanto tempo e quão bem vivemos é determinado não só pelo nosso comportamento pessoal, mas também pelas nossas relações sociais e pelo nosso ambiente físico. Os vizinhos são as pessoas que podem afetar positivamente os aspectos mais importantes das nossas vidas, lançando as bases para uma melhor saúde, maior segurança, melhor convivência e sensação de pertencimento, entre outras coisas.
Sabemos que os bairros socialmente unidos podem moldar positivamente o bem-estar dos seus moradores; vários estudos encontraram associações entre a coesão do bairro e a melhoria da saúde física e mental das pessoas. Estudos demonstraram também que os moradores de bairros socialmente unidos podem ter mais probabilidades de trabalhar em conjunto para atingir objetivos comuns (boas escolas, espaços públicos mais limpos, atividades culturais); para trocar informações (sobre cuidados infantis, aberturas de emprego e novos negócios); e para manter controles sociais informais (por exemplo, desencorajando a baixa criminalidade).
Os bairros e os bons vizinhos nos mantêm envolvidos e fazem com que nos sintamos necessários e partes integrantes de um todo. De certa forma, esse sentido de comunidade nos dá uma boa razão para sairmos da cama todas as manhãs e para participarmos de atividades de nosso entorno.
Um Círculo de Confiança
As pessoas que vivem em comunidades ligadas apoiam-se mutuamente, partilham informações que são de confiança e facilmente demandadas, e muitas vezes motivam-se mutuamente para adotar melhores hábitos de vida. A manutenção de ligações sociais com os nossos vizinhos pode ajudar-nos de inúmeras formas, incluindo:
Aumentar a confiança e a auto-estima
As pessoas que relatam sentir-se sozinhas demonstram frequentemente menor confiança e auto-estima. Passar tempo com aqueles com quem se está familiarizado e cuja companhia gostamos pode aumentar a confiança e a nossa auto-estima.
Atingir um maior sentido de propósito
Passar tempo com os vizinhos ajuda-nos a sentir-nos úteis e faz com que a nossa vida tenha um propósito maior. Quando temos algo a fazer, algum lugar para ir, e alguém que conta conosco, nos sentimos bem. Quando outros contam conosco, é mais provável que tomemos conta de nós próprios, e que nos mantenhamos saudáveis durante o máximo de tempo que pudermos.
Cultivar a resiliência
Face a dificuldades ou adversidades, a socialização com os vizinhos pode ajudar os indivíduos a aperfeiçoar competências que podem reduzir o stress e se recuperar mais facilmente de contratempos.
Adotar hábitos saudáveis
Envolvermo-nos com pessoas que nos modelam e encorajam a manter hábitos saudáveis ou a atingir objetivos de vida desafiadores nos ajuda a permanecer atentos à nossa alimentação, exercícios, e outros hábitos relacionados a um bom estilo de vida.
Viver mais tempo
Estudos mostram que a solidão é um fator de risco de declínio funcional e de morte, especialmente nas pessoas mais velhas. Permanecer socialmente ligado aos outros pode não só prolongar a duração da nossa vida, mas também a qualidade da mesma.
Os círculos comunitários de confiança
O conceito da ‘Cidade de 15 minutos’, idealizado pelo cientista franco-colombiano Carlos Moreno, propõe que as necessidades básicas da população – saúde, educação, trabalho, cultura, lazer e entretenimento – sejam acessadas a uma distância de no máximo 15 minutos de caminhada, o que torna a vida das pessoas muito mais fácil, econômica e inteligente.
Sem congestionamentos e horas perdidas no trânsito, há mais tempo para ser compartilhado com a família, amigos e com desejos e interesses pessoais, reforçando o senso de comunidade e tornando mais fácil para os vizinhos cuidarem uns dos outros.
Assim é possível fazer dos bairros o que eles costumavam ser – pessoas que olham uns pelos outros de uma forma orgânica e significativa que, em última análise, permite a todos serem mais proativos em relação à boa convivência e ao seu próprio bem-estar. Certamente um desafio possível que se descortina nesses novos tempos pós pandêmicos.
Fonte: São Paulo São