Cabeamento de TVs, internet e telefonia em condomínios: o que fazer quando a estrutura instalada está comprometida?
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 15/02/2022
Manutenção
Com os novos produtos de telecomunicações no mercado torna-se indispensável planejar a disponibilidade desses tipos de serviço nos condomínios, assim como a infraestrutura de cabos e equipamentos necessários. Mas o que fazer quando a estrutura instalada e/ou disponível está comprometida dificultando os sinais de TV, internet e telefone?
Há diferentes razões que causam a inviabilidade de sinal, geralmente elas estão relacionadas ao cabeamento, ou seja, a passagem dos fios pelo edifício. Os fatores podem estar relacionados à construção do condomínio ou a práticas inadequadas na instalação dos serviços pelas operadoras.
Quando os contratos são cancelados, as operadoras costumam apenas desconectar o cabo, deixando o mesmo partido e abandonado dentro da tubulação, sem função alguma. Com o tempo e a prática recorrente, os conduítes vão sendo congestionados, gerando acúmulo de resíduos dentro da tubulação e dificultando a passagem dos fios.
Uma maneira de evitar esse tipo de problema é pedir para o profissional que realiza o cabeamento não forçar os conduítes e não deixar cabos desligados de forma desnecessária. Nesses casos, é importante orientar o zelador que faça a supervisão dos técnicos sempre que houver a instalação de um serviço que exija o ligamento ou a passagem de cabos pelo conduítes do condomínio.
Algumas cidades já contam com infraestrutura de fibra óptica para transmissão de sinais de telefonia, TV e internet, deixando aos moradores a opção de receberem um serviço com maior capacidade e velocidade de transferência. Mas foi justamente a instalação desse tipo de serviço que causou um grande transtorno para os moradores do condomínio Palazzo Baependi, localizado na zona sul do Rio de Janeiro, no final de 2021.
Na semana entre o Natal e Ano Novo, grande parte dos moradores do prédio ficou sem sinal de TV e internet por cerca de três dias. A operadora que atende o local foi chamada e verificou que a instalação por fibra óptica realizada por outra operadora na rua do condomínio danificou alguns cabos, o que acabou ocasionando um corte de sinal na região. “Recebemos muitas reclamações dos moradores justamente em um período em que a maioria estava em casa, de férias e recebendo familiares e amigos. Acionamos a operadora imediatamente que constatou o problema e fez o conserto”, contou Jean Drummond, síndico do condomínio.
Caso o problema seja recorrente ou causado por terceiros, como aconteceu com o condomínio Palazzo Baependi, o ideal é que o cliente lesado acione a operadora responsável e peça que seja realizada a manutenção necessária. Caso não seja resolvido o problema, cabe acionar o PROCON-RJ para exigir seu direito ou até mesmo entrar com ação judicial. “No nosso caso a operadora que fornece os serviços para o condomínio cobrou da outra prestadora de serviço o reparo dos cabos danificados, o conserto ainda levou 48h para ser executado, mas não tivemos nenhum tipo de prejuízo financeiro”, explica o síndico.
De quem é a responsabilidade?
Para o advogado especialista em questões condominiais, Alberto Delgado, a primeira providência é verificar quantas unidades estão enfrentando o problema de sinal. Se for um número considerável será necessário chamar um técnico para avaliar a situação do cabeamento. “Na tentativa de evitar incômodos futuros, uma vez que o problema de obstrução for resolvido pelo condomínio, é fundamental estabelecer regras claras acerca do compromisso de cada um na retirada da fiação após o cancelamento dos serviços”, sugere o advogado.
Já se o problema for causado pela construção da edificação (em caso de novas construções), a responsabilidade pode ser da construtora. Normalmente, os conduítes ficam entupidos com restos de obra, por serem feitos com material de baixa qualidade e quando são muito estreitos, por isso é importante observar os prazos de garantia da construção.
Há ainda a possibilidade dos conduítes serem estreitos demais devido ao fato de o projeto do condomínio ser muito antigo, realizado em uma época em que não havia esse tipo de exigência. Com dutos projetados para comportar apenas o cabeamento de telefone da época, hoje eles têm que dividir espaço com cabos de internet e TV. Neste caso, deve-se discutir em assembleia soluções para readequar o projeto do condomínio à nova necessidade de cabeamento. Em alguns condomínios combina-se entre os moradores e administração o uso do serviço de uma empresa apenas, mas não é o ideal, pois cada condômino tem o direito de escolher o serviço de telefonia que quer utilizar.
Possíveis soluções
A melhor alternativa é pensar em um retrofit, que é uma reforma a fim de atender às novas demandas. Um bom projeto de retrofit pode equacionar qualquer problema de instalação ou a falta dela com fios e sensores que exigem menos espessuras e quantidade de cabos. Consequentemente, as obras de implantação dos sistemas exigem menos espaço e diâmetro das tubulações, facilitando sua instalação e causando menos transtornos aos moradores.
No entanto, se for verificada a absoluta impossibilidade de alargamento dos dutos de passagem do cabeamento ou se o projeto de retrofit não for aprovado, a questão deve ser levada aos demais condôminos, para que seja verificada a possibilidade de que a passagem da fiação seja pela parede externa, vez que, por alterar a fachada, necessária é a aquiescência unânime dos demais moradores.
Já para soluções específicas, como a instalação de quadros, softwares, especificação das tubulações e cabos, o serviço deve ser terceirizado e realizado por um especialista. Um cuidado fundamental é que as instalações elétricas estejam sempre separadas da rede de telefonia, sinal e vídeo, para garantir segurança e confiabilidade de todos os sistemas, sejam de comunicações, internet, segurança, comandos remotos via satélite ou celular, entre outros.
Por: Juliana Marques